Fonte de traumas psicológicos e baixo rendimento escolar, o bullying é uma realidade nas escolas brasileiras e o assunto está na agenda dos pedagogos e educadores.
Há poucos dias, um estudante de 12 anos precisou passar por uma intervenção cirúrgica devido a uma agressão ocorrida dentro da unidade de ensino localizada na Avenida M-17, no Jardim Hipódromo. O caso foi parar na polícia e no Conselho Tutelar.
"Meu filho estava na escola, quando veio outro aluno e deu um soco nas costas dele, e outro o chutou na região genital", conta a mãe Ivaneide dos Santos.
O aluno ficou a aula toda com dor e, quando chegou em casa, não aguentou e começou a chorar. "Ele ficou segurando na escola de vergonha e não falou pra ninguém", fala.
Segundo pesquisa divulgada pela organização não-governamental (ONG) Plan Brasil, quase um terço (28%) dos 5.168 estudantes brasileiros entre a 5ª e 8ª séries do primeiro grau sofreram maus-tratos em 2009.
Quando esses maus-tratos são recorrentes, acontecendo mais de três vezes no mesmo ano, configuram, de acordo com a metodologia da pesquisa, em bullying. O termo designa todo o tipo de atitudes agressivas, verbais ou físicas, praticadas repetidamente por um ou mais estudantes contra outro aluno. Estiveram envolvidos em bullying 17% dos estudantes: 10% como vítimas, 10% como agressores, sendo que 3% eram tanto os que sofreram como praticaram os maus-tratos.
Os mais atingidos por esses fatos são os meninos. Segundo o estudo, 12,5% dos estudantes do sexo masculino foram vítimas desse tipo de agressão, número que cai para 7,6% entre as meninas. A sala de aula é apontada como local preferencial das agressões, onde acontecem cerca de 50% dos casos relatados.
Em Belo Horizonte (MG), um estudante da 7ª série de um colégio particular foi condenado a pagar uma indenização de R$ 8 mil pela prática de bullying. Na ação, a colega de classe relatou que, com pouca convivência, o garoto passou a lhe colocar apelidos e a fazer insinuações, que se tornaram frequentes com o passar do tempo.
Em Rio Claro, para que o bullying não tome estas proporções, a orientadora educacional Walkyria Gonçalves Reganhan desenvolve um trabalho de aconselhamento com alunos da 5ª e 6ª série no Colégio Puríssimo.
Os estudantes já se reuniram em assembleia para conhecer, debater e identificar o problema que se faz presente na rotina escolar. "Nossa estratégia tem se mostrado eficaz. A orientação que passamos para a criança é, se ela se sentir vítima, demonstrar seu descontentamento para o colega que o agride. Caso isso não seja suficiente, ela deve procurar o apoio de um adulto, no caso a equipe de educadores do colégio", diz Walkyria.
A xenofobia também chega a ser um componente dos casos de bullying, afirma a orientadora. "Temos muitos filhos de estrangeiros que, às vezes, são hostilizados", comenta.
Com a aplicação do programa anti-bullying, as reclamações deste tipo à direção da escola diminuíram drasticamente. Isso porque os alunos aprenderam a identificar o problema e resolver entre eles mesmos, sem interferência de pais ou professores. "Conseguimos torná-los agentes fiscalizadores e formadores de opinião entre seus colegas", conclui Walkyria.
Na Câmara Federal está tramitando um projeto que cria o Programa de Combate ao Bullying. Se aprovado, o Programa vai estabelecer medidas de capacitação de professores, campanhas para orientação dos pais e campanhas de conscientização da sociedade. Além disso, o programa tem como objetivo viabilizar a assistência psicológica, social e jurídica a vítimas e agressores.
A proposta, de autoria do deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), está sendo analisada pela comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e depois tramitará nas pastas de Educação e Cultura, de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se todas as comissões aprovarem, o projeto não precisará ser votado pelo plenário, segue direto para o Senado.
Fonte: JC Rio Claro, por Rodrigo Salles
Há poucos dias, um estudante de 12 anos precisou passar por uma intervenção cirúrgica devido a uma agressão ocorrida dentro da unidade de ensino localizada na Avenida M-17, no Jardim Hipódromo. O caso foi parar na polícia e no Conselho Tutelar.
"Meu filho estava na escola, quando veio outro aluno e deu um soco nas costas dele, e outro o chutou na região genital", conta a mãe Ivaneide dos Santos.
O aluno ficou a aula toda com dor e, quando chegou em casa, não aguentou e começou a chorar. "Ele ficou segurando na escola de vergonha e não falou pra ninguém", fala.
Segundo pesquisa divulgada pela organização não-governamental (ONG) Plan Brasil, quase um terço (28%) dos 5.168 estudantes brasileiros entre a 5ª e 8ª séries do primeiro grau sofreram maus-tratos em 2009.
Quando esses maus-tratos são recorrentes, acontecendo mais de três vezes no mesmo ano, configuram, de acordo com a metodologia da pesquisa, em bullying. O termo designa todo o tipo de atitudes agressivas, verbais ou físicas, praticadas repetidamente por um ou mais estudantes contra outro aluno. Estiveram envolvidos em bullying 17% dos estudantes: 10% como vítimas, 10% como agressores, sendo que 3% eram tanto os que sofreram como praticaram os maus-tratos.
Os mais atingidos por esses fatos são os meninos. Segundo o estudo, 12,5% dos estudantes do sexo masculino foram vítimas desse tipo de agressão, número que cai para 7,6% entre as meninas. A sala de aula é apontada como local preferencial das agressões, onde acontecem cerca de 50% dos casos relatados.
Em Belo Horizonte (MG), um estudante da 7ª série de um colégio particular foi condenado a pagar uma indenização de R$ 8 mil pela prática de bullying. Na ação, a colega de classe relatou que, com pouca convivência, o garoto passou a lhe colocar apelidos e a fazer insinuações, que se tornaram frequentes com o passar do tempo.
Em Rio Claro, para que o bullying não tome estas proporções, a orientadora educacional Walkyria Gonçalves Reganhan desenvolve um trabalho de aconselhamento com alunos da 5ª e 6ª série no Colégio Puríssimo.
Os estudantes já se reuniram em assembleia para conhecer, debater e identificar o problema que se faz presente na rotina escolar. "Nossa estratégia tem se mostrado eficaz. A orientação que passamos para a criança é, se ela se sentir vítima, demonstrar seu descontentamento para o colega que o agride. Caso isso não seja suficiente, ela deve procurar o apoio de um adulto, no caso a equipe de educadores do colégio", diz Walkyria.
A xenofobia também chega a ser um componente dos casos de bullying, afirma a orientadora. "Temos muitos filhos de estrangeiros que, às vezes, são hostilizados", comenta.
Com a aplicação do programa anti-bullying, as reclamações deste tipo à direção da escola diminuíram drasticamente. Isso porque os alunos aprenderam a identificar o problema e resolver entre eles mesmos, sem interferência de pais ou professores. "Conseguimos torná-los agentes fiscalizadores e formadores de opinião entre seus colegas", conclui Walkyria.
Na Câmara Federal está tramitando um projeto que cria o Programa de Combate ao Bullying. Se aprovado, o Programa vai estabelecer medidas de capacitação de professores, campanhas para orientação dos pais e campanhas de conscientização da sociedade. Além disso, o programa tem como objetivo viabilizar a assistência psicológica, social e jurídica a vítimas e agressores.
A proposta, de autoria do deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), está sendo analisada pela comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e depois tramitará nas pastas de Educação e Cultura, de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se todas as comissões aprovarem, o projeto não precisará ser votado pelo plenário, segue direto para o Senado.
Fonte: JC Rio Claro, por Rodrigo Salles
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