segunda-feira, 24 de maio de 2010

Escola precisa rever posturas

Na opinião da filósofa Viviane Mosé, a escola precisa repensar a sua relação com os alunos, fortalecendo a formação ética e revendo o mero repasse de conteúdo. “O que o juiz fez em Belo Horizonte foi correto, puniu o adolescente por algo que ocorre regularmente e pode levar a um crime, como aconteceu em Porto Alegre [no dia 11 um adolescente de 15 anos que era vítima de bullying foi morto com um tiro no peito enquanto esperava o ônibus]. Mas não adianta todos os pais irem à Justiça porque isso só piora o problema”, avalia Viviane. Para ela, é preciso rever metodologias e objetivos pedagógicos. “O modelo escolar deve ser radicalmente revisto, ele faliu. A escola precisa desenvolver um saber vivo, atuante, onde as crianças sejam protagonistas de suas próprias vidas. Hoje ela é lugar de repetição de conhecimento, não de criação, e quando confronta jovens com excessiva vitalidade, que ficam metade do seu dia impedidos de agir. Isso necessariamente vai provocar violência. A violência não vem do bem ou do mal, mas da acumulação. É como uma tsunami”, analisa.

Ela discorda da opinião de quem afirma que a prática sempre existiu e vê o bullying como um fenômeno novo, típico de países em crescimento econômico. “Sempre tivemos um sacaneando o outro, mas este fenômeno é cópia dos filmes americanos, são mazelas do primeiro mundo que estão nos atingindo. O bullying é caracterizado pela falta de respeito humano e uma competitividade sem limite. Não tínhamos essa cultura de uma pessoa no centro e todas ao redor rindo dela, isso é novo”.

A solução para a questão, a seu ver, passa pela reformulação da escola em uma época em que o conhecimento não precisa mais ser armazenado na cabeça das pessoas, devido às novas mídias. E está no ensino médio a necessidade mais urgente. “No ensino médio, o adolescente passa por uma tsunami emocional, que pode desembocar na violência. Mais do que nunca é quando a escola tem de ser viva, levando-o para conhecer museus, praticar esportes, não apenas deixando o adolescente sentado na cadeira”, aponta a filósofa.

fonte: Gazeta do Povo

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