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"Ainda tenho muitas saudades do Brasil e tenho vontade de voltar ao Palmeiras, que é o time que sempre acompanho, ainda tenho conhecidos lá. Meu agente é brasileiro, ainda tenho ligações com o país. Quem sabe um dia...", torce Ortigoza, hoje com 28 anos, em entrevista ao ESPN.com.br.
Conhecido pelo bom-humor e pelo sorriso fácil, o parguaio virou sensação na Academia de Futebol. Um de seus amigos favoritos era o goleiro Marcos, que adorava praticar um leve bullyingcom o gringo, principalmente pelo fato do atacante não saber falar português.
"Minha adaptação no começo foi complicado, porque saí de um time humilde para o Palmeiras, que é gigante. No começo, eu não entendia quase nada de português, mas o vestiário era muito legal. Tínhamos Edmílson, Vagner Love, Diego Souza, e principalmente o Marcão. Esse era f...! (risos)", gargalha.
Foi o "Santo" palmeirense quem colocou o apelido pelo qual Ortigoza ficou conhecido no Brasil: "Coalhada", em referência ao famoso personagem do humorista Chico Anysio, que, assim, como o jogador, possuia uma vasta cabeleira cacheada.
"No começo não gostava muito, mas o Marcão botou esse apelido e fez de tudo pra pegar. Não teve jeito, pegou mesmo (risos). Ele ficava brincando comigo o tempo todo, é gente boa demais. Ganhou tudo na vida, mas ainda assim é muito humilde, e isso é bacana demais.", diverte-se o atleta, que até chegou a encontrar Anysio em um programa de televisão, mas, por não saber português, perdeu a oportunidade de conversar.
"Foi uma pena, porque hoje daria para trocar muitas ideias, daria um papo muito legal, principalmente porque ele era torcedor do Palmeiras", lamenta.
Dos tempos de Palmeiras, o momento que Ortigoza deixou eternizado na memória foi o gol que fez contra o Sport, nas oitavas de final da Libertadores de 2009. O paraguaio era a arma do técnico Vanderlei Luxemburgo para furar as defesas adversárias no segundo tempo, e naquele 5 de maio, funcionou como nunca.
O "Coalhada" entrou na etapa complementar no lugar de Marquinhos e cavou a expulsão do volante Hamilton, do clube pernambucano, ao sofrer uma falta na lateral. Na cobrança, o próprio paraguaio apareceu de peixinho e deu a vitória ao clube alviverde.
"O que mais me marcou no Palmeiras foi que eu entrava no segundo tempo e a torcida se levantava, pedia minha entrada. Isso não tem preço, me emociona até hoje. Nas oitavas da Libertadores contra o Sport, eu fiz um gol de cabeça e ganhamos de 1 a 0. Vou guardar esse momento comigo para sempre", conta.
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Na campanha do Brasileirão, Ortigoza fez boa dupla de ataque com Obina e por pouco não conduziu o time palestrino ao título. No entanto, a desastrosa reta final daquele ano acabou tirando a taça das mãos palmeirenses, e o Flamengo acabou campeão nacional.
"Acho que as pessoas ainda lembram de mim no Brasil. Outro dia, fiquei muito feliz quando vi uma matéria do Matheus Ortigoza, um atacante que os caras achavam parecido comigo e pegou o apelido (risos). É bom saber que passei pelo Brasil e deixei alguma lembrança", sorri.
O gringo, aliás, hoje atua pelo Cerro Porteño, e foi vice-campeão paraguaio na última terça-feira, perdendo o jogo desempate por 2 a 1 para o rival Olimpia.
Antonio Banderas paraguaio e Papai Joel
Em 2010, Ortigoza não teve o empréstimo renovado pelo Palmeiras e foi jogar no Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, clube pelo qual viveu boa fase. Não à toa, chamou a atenção do Cruzeiro, que o levou emprestado em janeiro de 2011.
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Pelo time celeste, foi campeão do Mineiro, mas não conseguiu emplacar tantos gols. De Belo Horizonte, porém, levou histórias inacreditáveis, como uma com o treinador Joel Santana.
"Estava sendo treinado pelo 'Papai Joel' e comecei no banco. Num jogo, ele falou para o preparador físico: 'Chama o Fabrício, chama o Fabrício'. O preparador respondeu: 'Mas Joel, o Fabrício já está em campo'. Daí ele apontou para mim: 'Chama ele'. Aí o preparador mandou: ‘Esse é o Ortigoza, c...' (risos)", relata, às gargalhadas.
"'Papai Joel' é uma figura, uma história no futebol. Ele ficava quase uma hora por dia contando histórias e nunca se repetem, é impressionante", completa.
Também quando atuava pelo Cruzeiro, Ortigoza reencontrou "São" Marcos em um jogo contra o Palmeiras e se divertiu à beça. Como não poderia deixar de ser, mas uma vez foi vítima de bullying do ídolo palestrino.
"O Marcão foi correndo no banco de reservas do Cruzeiro, reuniu todos os jogadores e falou: 'Vocês sabem como a gente chamava o Ortigoza no Palmeiras?'. Ninguém sabia, aí ele manda: 'É o Antonio Banderas paraguaio' (risos). Ele adorava aprontar comigo, e mais uma vez o apelido pegou", ressalta.
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Mas será que o atacante tinha o mesmo charme do ator espanhol, um dos grandes galãs do cinema europeu? Segundo o paraguaio, até que sim
"Naquele tempo eu ainda era solteiro, e vou te falar que fiz um sucesso com as brasileiras, viu (risos)?", garante, antes de finalizar, enfático.
"Mas hoje estou casado e tenho filho, isso ficou no passado (risos)".
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