sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Aluno nega que fazia bullying com colega que o esfaqueou em escola

Após, passar por cirurgia, vítima, de 15 anos, foi ouvida pela polícia, em GO. Suspeito, de 13, disse ter ouvido vozes que o incitaram a cometer ato.


Do G1 GO

O adolescente de 15 anos, que levou duas facadas de um colega, de 13, dentro da sala de aula da escola onde estudavam, prestou depoimento à Polícia Civil e negou que fazia bullying com o suspeito. Segundo a delegada Renata Vieira, titular da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, onde ocorreu o fato, o garoto ferido já se recuperou e disse não saber por que foi agredido.
“Ele disse que nunca havia praticado bullying com o colega. Disse que o autor era muito quieto e nunca tinha mexido com ele. Mas temos depoimentos de outras pessoas que confirmam que a vítima é muito agitada, muito ativa, e pode ter praticado bullying”, afirmou Renata.
O ato infracional aconteceu no último dia 20 de novembro, na Escola Estadual Professor José dos Reis Mendes. O autor havia dito que as ofensas recebidas teriam motivado o ataque. Ele também alegou que uma voz imaginária ordenou que ele matasse o adolescente.
Segundo a investigação, o menor se levantou da cadeira, pegou uma faca, foi até a carteira do colega de classe e o atingiu com dois golpes nas costas. A vítima foi encaminhada para o Hospital de Urgências Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde passou por cirurgia. Já o suspeito foi encaminhado para a Depai.
O garoto ferido relatou o que aconteceu após ser esfaqueado. “Eu peguei e saí correndo, fui para a secretaria. Eles me ajudaram a ficar em pé, ligaram para os bombeiros e me disseram para ficar deitado”, afirmou.
Tentativa de homicídio
Ainda conforme a investigadora, quando foi apreendido, o menor admitiu ter cometido o ato infracional e disse estar feliz por ter conseguido acabar com um problema que tinha. Segundo o adolescente, a vítima o chamava de baixinho e formiga e dizia que ele “nunca seria alguém na vida” por ser pequeno.
Na época, o suspeito contou que uma voz de um amigo imaginário, que ele chamava de Jeff, disse que ele seria muito famoso e, para isso, teria que matar o colega que o ofendia com uma facada no pulmão.
Vítima afirmou à polícia que não cometia bulling contra suposto autor Goiás Trindade (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Vítima afirmou à polícia que não cometia bullying contra suposto autor (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
“No caderno dele vimos histórias de um serial killer fictício do cinema, conhecido como Leatherface e de outro chamado Jeff the Killer. Eles tinham sido vítimas de bullying e se tornado serial killers. No caderno também estava uma frase que ele disse para a vítima, antes de esfaqueá-la, e que era usada por Jeff: ‘agora você vai dormir’”, contou a delegada.
Renata alertou para que se tome cuidado com o uso de apelidos, principalmente no caso de adolescentes. “Ao praticar o bullying, você não sabe qual consequência pode vir do outro lado”, afirmou.
A psicóloga Mileny Veríssimo analisou o adolescente apontado como autor do ato e afirmou que ele pode ter distúrbios mentais. “A gente percebeu que ele tem traços de esquizofrenia devido a ouvir vozes. A gente vê que é uma alucinação mesmo dele, da cabeça dele. A questão da psicopatia seria na frieza ao relatar os fatos e não ter remorso”, disse.
Comportamento
A delegada também ouviu a mãe do adolescente apreendido, que relatou que o filho estava com um comportamento diferente e agressivo há cerca de dois meses. “O garoto já tinha relatado que sofria bullying na escola e até mesmo relatado que ouvia vozes. Mas a mãe, por ser uma pessoa muito religiosa, não acreditou no que o filho contou”, explicou.
A mãe revelou também que o filho já tinha uma grande coleção de facas em casa. Segundo a delegada, o pai do menor já trabalhou como açougueiro e, desde cedo, o garoto brincava com as lâminas.

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