Maria Francisca Almeida Gama, é uma jovem de 18 anos que estuda Direito na Faculdade de Direito em Lisboa. O que a distingue dos outros jovens da sua idade, é o facto de ter escrito um livro com apenas 14 anos. Estivemos à conversa com Maria, para descobrir um pouco mais sobre esta jovem escritora.
Sei que escreveste um livro aos 14 anos. Fala-me de como surgiu essa ideia.
Desde pequena sempre gostei muito de ler e escrever... E quando entrei para o 8º ano, tive uma professora que tinha como objetivo fazer-nos crescer e amar a nossa língua e mostrar-nos que a literatura é uma "coisa" na qual todos nós podemos participar. Foi aí que comecei a juntar alguns textos, e, ao receber um feedback tão positivo da minha professora, percebi que estava na altura de fazer uma coisa maior, e que fizesse os outros sorrir como a ela fazia... Convenceu-me a criar o blogue, que se chama "Coisas do Coração", que hoje já tem mais de oitenta e cinco mil visitas. A partir daí, senti cada vez mais que era isto que queria, e que, talvez, aquilo que eu escrevia ajudava os outros e fazia-os tão feliz a lerem como a mim ao escrever. E então surgiu o livro.
Como se chama o livro? E do que trata?
O livro chama-se "Em Troca de Nada". É uma história de bullying. Está dividida em duas partes: a primeira parte é escrita por alguém que observa a história; a segunda parte é como que "um diário sem datas". Decidi organizar assim a obra porque acredito que, quando o leitor a acabar, perceberá que há uma diferença significativa entre aquilo que vemos e o que realmente acontece. É uma história que se passa numa escola, que se podia passar na escola de cada um de nós. Somos, infelizmente, maus uns para os outros, e não sabemos, muitas das vezes, lidar com a diferença. Desde a edição do meu livro, dei palestras por escolas de Norte a Sul do país, e percebo, a cada uma delas, da importância que tem existir alguém da nossa idade que lhes diga que há algo que podem fazer, e que, para além do bullying ser evitável, pode ser combatido.
Identificas-te com essa realidade? Isto é, o livro é baseado na tua realidade ou é uma história de ficção?
É uma junção de ambas, ou seja, baseia-se em coisas que eu vi e vivi, mas também tem coisas que eu sei que acontecem diariamente, apesar de não as ter vivenciado. Acho que, quando escrevemos uma coisa que move tanta gente, temos de ter sentido exatamente aquilo que as personagens sentiram, e temos de fazer da história a mais verosímil possível, para que o leitor se reveja e se sinta ele também integrado na história.
O TEDx é uma conferência que se realiza por toda a Europa, que tem como objetivo a disseminação de ideias e a sua partilha. Muitos jovens, entre eles alguns famosos, já foram dar o seu testemunho. Como foi, para ti, ser convidada para falar num evento da dimensão do TEDx?
Foi, sem dúvida, um convite que me deixou estonteante! Em primeiro lugar porque não sabia o que era, em segundo lugar porque, quando me apercebi da dimensão do evento foi uma grande honra e um enorme prazer. Penso que me escolheram pelo facto de ser bastante nova. Se fosse assistir ao TEDx e ouvisse uma rapariga da minha idade a dizer que concretizou e que luta todos os dias para concretizar os seus sonhos, sentir-me-ia mais próxima e com mais força para alcançar os meus, e acho que foi isso que aconteceu e acontece. É muito diferente um adulto dizer-nos que conseguiremos, por exemplo, escrever um livro aos catorze anos, do que uma rapariga que efetivamente já o fez. Acredito que todos nós podemos concretizar os nossos sonhos! Aliás, é isso que me move.
Sei que estás a editar o teu segundo livro. Queres adiantar-nos um pouco sobre ele? O que podem as pessoas esperar?
Esperem a Maria Francisca, exatamente como eu sou. Nunca me expus tanto como neste livro, e sinto que não havia outra maneira de o escrever. O segundo livro chamasse "Madalena" e, tal como o primeiro, também está dividido em duas partes - por ser um registo que eu aprecio muito a nível literário. Este livro tem a particularidade de se passar em fases intercaladas, em 2014 e em 2024. Tem como primeiro objetivo homenagear o meu pai, que faleceu o ano passado. Foi e será sempre, para mim, um Homem fantástico, que merecia não este livro, mas sim a vida. Não podendo devolver-lhe o bem mais precioso que tinha, ofereço-lhe a “Madalena”, com todo o meu coração.
O segundo objetivo é mostrar aquilo que eu quero para mim e para o meu futuro, o que eu sonho e ambiciono. Sou feita de sonhos, sem qualquer dúvida! E mais do que ter sonhos, tenho mesmo metas traçadas, que estão presentes em 2024, neste livro.
Com apenas 18 anos... o que pretendes ser "quando fores grande"?
Eu gostava muito de ser juíza, é por isso que estou a estudar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Paralelamente a isso, gostaria de continuar a escrever e tenho a certeza de que o irei fazer. Até porque num futuro - não tão próximo do que aquele que eu almejaria - adorava ser escritora a tempo inteiro.
Consideras que tens ambições diferentes do que os outros jovens da tua idade?
Não sei se são diferentes, melhores ou piores, talvez me distinga dos jovens da minha idade porque tenho muita ambição e, para além disso, acredito bastante em mim. Isso é uma coisa muito importante hoje em dia, porque mais que ter sonhos, é preciso deixar de ter aquela ideia de que o sonho é uma coisa inalcançável, mas sim, a primeira etapa para que o consigamos concretizar. Existem mil coisas que ainda quero fazer, e não é por agora estar prestes a lançar o meu segundo livro, que já não penso no terceiro. O importante é mesmo lutarmos e organizarmos bem o nosso tempo: definir prioridades, metas, objetivos. Quando me sinto mais triste, por as coisas não me correrem de feição, lembro-me daquilo que os meus pais sempre me disseram, que sou uma Gama, e que por isso nada me é impossível (risos).
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