A escola é um laboratório para a vida adulta. Evidentemente o mundo do trabalho é competitivo e em determinados momentos a tolerância às hostilidades é necessária. Esse aprendizado deve ser gradual – não pontualmente intenso, uma característica do bullying – para os ensinamentos de que o caminho a ser percorrido na vida não é plano, florido e pavimentado. Quem não foi alvo de apelidos, gozações, ofensas em sua trajetória escolar? Em boa medida, a escola deve punir. Num crescendo, o educando vai assimilando as oportunas lições das alegrias e agruras na convivência com os colegas e destarte torna-se mais robusto para o enfrentamento dos desafios e frustrações. As raízes de um carvalho só se fortalecem pala ação das inclementes rajadas de vento. E cada vitória tem o sabor de uma perdoável vingança, como as palavras de Kate Winslet – vítima por ser uma adolescente rechonchuda – ao receber o Oscar de melhor atriz, por sua atuação em Titanic: “Lá do palco, quando olhei a plateia, não vi nenhum dos meus agressores.”
É um exemplo de superação. Há um outro extremo, fruto de agressores sistemáticos e que agem sadicamente. É um solo minado, com consequências nefastas, como a tragédia numa escola do Rio, em 2011, quando 12 alunos foram assassinados por Wellington de Oliveira. Um legado trágico sucede suas palavras escritas na véspera: “Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com os meus sentimentos. Embora meus dedos sejam responsáveis por puxar o gatilho, essas pessoas são responsáveis por todas estas mortes, inclusive a minha.”
Essa violência repetida e praticada entre iguais deixaram marcas leves em Kate e profundas em Wellington. São marcas que geraram sofrimento, provocadas pela insensibilidade moral do bully (agressor). É necessária uma ação pedagógica e punitiva, pois os estudos comprovam que a criança ou adolescente praticante do bullying, quando adultos tenderá à violência doméstica e desvios de conduta como furtos, álcool, drogas e crimes. Nós, educadores, devemos atacar as causas para que a consciência não nos acuse quando vierem as consequências.
Jacir J. Venturi
Foi professor da UFPR e da PUCPR. Autor dos livros: Álgebra Vetorial e Geometria Analítica (9.ª ed.); Cônicas e Quádricas (5.ª ed.) e Da Sabedoria Clássica à Popular (3ª. ed.)
Fonte: CBN Curitiba
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