terça-feira, 8 de agosto de 2017

Equipas femininas das ambulâncias denunciam perseguição sexual

DELAS PT

As mulheres que trabalham nas ambulâncias do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS no original) acabam de denunciar, entre outros, casos de perseguição que passam por exigir favores sexuais em troca de promoção.

As queixas são reveladas pelo jornal The Guardian e enumeram alegações que passam por “olhares sexualizados” em frente a doentes e casos de “predadores sexuais” que “preparam as estudantes” para o sexo.

Para lá dos casos concretos, os números impressionam. Afinal, mais de 40% de dois mil inquiridos que integraram este estudo reportaram a existência de situações de bullying, apenas no último ano.

As revelações, feitas pelos investigadores, surgem no âmbito de um relatório em torno do bullying generalizado no serviço de ambulâncias da costa sudeste, o SECamb,que abrange as áreas de Kent, Surrey, Sussex e nordeste de Hampshire.

Este estudo independente, de quase 70 páginas, evidencia casos de comportamento de cariz sexual que perpassam toda a estrutura e vem confirmar desconfianças e preocupações já reveladas e publicadas no ano passado, pela Comissão para o Cuidado e Qualidade (CQC, também no original), o regulador do serviço nacional.

De acordo com o relatório, conclui-se que há “comportamento sexualizado assumido e encapotado” em toda a estrutura, ou seja, desde os líderes até aos responsáveis do terreno e trabalhadores em geral. E há exemplos: “a equipa feminina tem falado de favores sexuais em troca de promoções na carreira, enquanto outras dizem ter sido perseguidas por chefes que procuravam, por razões pessoais, favores sexuais.”

Algumas das entrevistas relataram mesmo a existência de “predadores sexuais” que atuam, sobretudo, junto de estudantes.

Estas são algumas das conclusões do relatório produzido pela equipa de Duncan Lewis, professor da Universidade de Plymouth, que recomenda a criação de uma comissão que analise, aprofunde as investigações e que tenha “como prioridade urgente” a proteção “das funcionárias que vivem, diariamente, em clima de medo”.

Comportamentos persecutórios “não serão mais tolerados”

“Estou muito desapontado e preocupado com a quantidade de casos de comportamentos desrespeitosos e de bullying que as nossas equipas estão a viver nos seus postos de trabalho”, afirmou Daren Mochrie. O diretor da SECamb, em declarações no próprio site do serviço, explicou que “decidiriam pedir o estudo independente para ajudar a resolver este assunto preocupante. Os comportamentos que nele são descritos são completamente inaceitáveis e não serão mais tolerados, em qualquer circunstância e a qualquer nível”.

Também o presidente da mesma entidade, Richard Foster, reagiu e prometeu medidas duras. “Eu e toda a estrutura estamos a levar estas conclusões de forma extremamente séria. É importante que trabalharemos com as equipas, por forma a conseguirmos construir um local de trabalho muito diferente, onde todos os elementos serão apoiados e onde estas atitudes não serão toleradas”.

CB

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