quinta-feira, 31 de março de 2016

BULLYING em Nova Friburgo dia 13


Mila, a menina vítima de bullying que participa em prova de marines


Esta menina é um exemplo de coragem.

© Instagram
MUNDO MIAMIHÁ 16 HORASPOR PATRÍCIA MARTINS CARVALHO

Milla Star Bizotto é uma menina de nove anos, mas treina como gente grande. E por grande leia-se marines.
A jovem foi vítima de bullying na escola e, para colocar um ponto final nas agressões, a menor começou a praticar exercício.
Mas mais do que praticar exercício, Mila tornou-se numa verdadeira atleta. Treina três horas por dia durante cinco dias por semana, o que a capacitou para participar na BattleFrog 24 horas Extrem, uma prova de corrida de dificuldade extrema criada especialmente para os marines.
No total são oito quilómetros com 25 obstáculos aos quais se soma uma prova de natação de 48 quilómetros.
Mila, que foi a única menor de 18 anos a participar, conseguiu terminar a prova com a ajuda óbvia do pai Christian Bizzotto, com quem tem participado noutras provas do género.
Em entrevista ao Miami Herald, a menina explicou que tudo começou depois de ter sido vítima de bullying. “Não quero mais ser vítima de bullying. Agora sei como me defender e adoro o que faço e quero fazê-lo para sempre”, disse e acrescentou: “Eu não quero jogar consola. Eu não quero andar de hoverboard. Eu não quero tornar a minha vida mais fácil”.
“Quero estar confortável estando desconfortável. Tenho um corpo e isto é tudo o que eu quero e gosto”, rematou sem dúvidas.
“Eu não passo o dia todo a jogar videojogos. Eu tenho uma missão. Eu participo em corridas de obstáculos e não corro em provas de crianças. Eu quero inspirar uma geração, quero inspirar as crianças a terem uma alimentação saudável e a saírem para brincar na rua. Eu quero que as crianças não se deixem intimidar pelos ‘bullies’. Eu fui vítima de bullying na escola, as crianças são vítimas de bullying a toda a hora. Não voltarei a ser vítima de bullying. Nós todos fomos feitos em diferentes formas e tamanhos e temos que amar os nossos corpos”, escreveu a menina.

Tem apenas nove anos, mas treina como um militar



Milla Star Bizzotto foi vítima de bullying na escola e decidiu dar a volta à situação. “Não quero ser mais vítima de bullying. Sei como me defender agora. E amo o que faço e quero fazê-lo para sempre"

Milla Star
Milla Star. [Instagram]

A história de Milla Star Bizzotto pode ser uma lição para muitos. Com apenas nove anos, Milla completou uma corrida de extrema dificuldade desenhada para marines - a BattleFrog 24 horas Xtreme - que consiste numa percurso de oito quilómetros com 25 obstáculos e uma prova de natação de 48 quilómetros.


De acordo com o Miami Herald, a pequena atleta não só completou a corrida, como foi a única pessoa com menos de 18 a participar. Em declarações à mesma publicação, Milla conta que decidiu acabar com os tempos em que foi vítima de bullying e que foi por isso que se virou para o desporto.
"Não quero ser mais vítima de bullying. Sei como me defender agora. E amo o que faço e quero fazê-lo para sempre. Eu não quero jogar consola. Eu não quero andar de Hoverboard. Eu não quero tornar a minha vida mais fácil. Quero estar confortável estando desconfortável. Tenho um corpo e isto é tudo o que eu quero e gosto"
Milla completou a corrida com a ajuda do pai, Christian Bizzotto, que a tem ajudado a completar outras provas.
"Ela arrasou! Estava convencido que a corrida a ia derrotar e queria provar-lhe que era mais difícil do que ela pensava. Mas quando terminámos, tudo o que ela queria era fazer outra".
Para se preparar para as provas, a atleta de nove anos treina três horas por dias, cinco vezes por semana e já deixou o aviso de que não pensa desistir.
Empenhada, Milla criou uma página no GoFundMe para ajudar a pagar os custos do equipamento e treinos para as próximas provas e não só, uma vez que quer tornar a sua mensagem contra o bullying bem visível.
"Quero inspirar a geração #InspirationForTheIPadGeneration. Quero inspirar as crianças a comer melhor e a irem para a rua brincar. Quero que as crianças se defendam dos bullies. Eu fui vítima e agora sou anti-bully. Somos todos de diferentes formas e tamanhos, precisamos de amar o nosso corpo"

Ferramenta identifica bullying em texto antes de postagem nas redes

Reword tem apenas versão para o inglês.
Grupo australiano quer parceria com escolas.


Do G1, em São Paulo

Reword (Foto: Divulgação)Reword (Foto: Divulgação)
Uma nova extensão para o navegador Google Chrome promete ajudar pais e professores na tarefa de combater o bullying. A ferramenta chamada "Reword" foi desenvolvida na Austrália e sua principal função é identificar e marcar palavras quando o usuário escreve insultos ou ameças em comentários no Twitter, Facebook e YouTube. A meta é promover a reflexão e impedir que os posts sejam publicados com as ofensas.

A extensão foi desenvolvida pela empresa "headspace" em parceria com a National Youth Mental Health Foundation.
De acordo com testes dos desenvolvedores, 79% dos adolescentes que usaram a ferramente decidiram reescrever seus posts após serem alertados pela ferramenta. O grupo agora busca parceria com escolas e empresas que utilizam o inglês como idioma para combater o bullying.
Extensão pode ser usada no navegador Chrome. (Foto: Reprodução)Extensão pode ser usada no navegador Chrome. (Foto: Reprodução)

quarta-feira, 30 de março de 2016

Pesquisa mostra que prática do “sexting” é comum entre menores de idade

Por Redação 

A popularização do Snapchat rivaliza com as redes sociais e é vista como o grande trunfo pela companhia. Entretanto, uma pesquisa realizada no Reino Unido revelou que a ampla utilização do app também trouxe consigo um problema: a proliferação de imagens íntimas de menores de idade. Mais do que uma ilegalidade, o que por si só já é ruim o bastante, esse comportamento estaria se transformando em uma forma de bullying. 

Os dados obtidos pela NASUWT, uma associação britânica de professores, são assustadores. De acordo com a pesquisa, mais de um terço das imagens íntimas compartilhadas por adolescentes foram enviadas por jovens entre os 12 e 13 anos de idade. 

Também existem casos de crianças, até mesmo algumas de escolas primárias, que já teriam participado desse tipo de prática. E o pior de tudo isso é que o sexting – ato de enviar imagens íntimas para parceiros sexuais ou não – também já estaria se transformando em uma forma de bullying. 

Os professores responsáveis pelo estudo encontraram alguns casos em que os jovens, normalmente meninas, foram aliciados ou chantageados por colegas mais velhos, da mesma escola, para que enviassem imagens íntimas. Em pelo menos um dos casos, a foto enviada pelo Snapchat – que deveria desaparecer após a visualização – foi salva e compartilhada entre os colegas. 

Além dos adolescentes, 1,3 mil professores do Reino Unido foram entrevistados sobre a prática, e a maioria deles afirmou saber que o sexting é uma constante entre os adolescentes. Quase a mesma quantidade deles afirmou também não saber exatamente o que fazer com relação a isso, e que postura devem tomar sobre um tema que normalmente não é compartilhado com eles, e, apesar de fazer parte do dia a dia da sala de aula, é também uma questão altamente íntima dos alunos. 

Mais do que apenas uma forma de abuso, a prática do sexting por menores constitui infrações graves de leis federais. O estudo não entra em detalhes sobre isso, mas cita que as imagens íntimas produzidas pelos menores de idade podem acabar fazendo parte também de círculos de compartilhamento de pornografia infantil, agravando ainda mais um problema que já seria ruim o bastante apenas pela prática de bullying e chantagem entre os próprios adolescentes. 

O estudo foi realizado de forma a alertar pais e professores sobre a situação, chamada pelos responsáveis de “epidemia”. Uma de suas principais conclusões se relaciona à necessidade de aulas de educação sexual nas escolas britânicas, e a ideia de que elas devem começar bem cedo. Os alunos precisam conhecer um pouco sobre a legislação e os perigos de enviarem esse tipo de conteúdo para os amigos, mesmo que próximos, pois a prática pode ter consequências graves. Fontes: NASUWT, The Times

Matéria completa:
http://canaltech.com.br/noticia/comportamento/pesquisa-mostra-que-pratica-do-sexting-e-comum-entre-menores-de-idade-60891/

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Modelo sofre ataque cardíaco após ser vítima de bullying na web

Redação RedeTV!

A modelo Anna Sugar (Fotos: Reprodução/Facebook)
A modelo pin-up Anna Sugar, de 23 anos, afirma ter ficado tão estressada após sofrer com comentários maldosos e ameaças de morte nas redes sociais que acabou tendo umataque cardíaco.
Segundo o jornal britânico Mirror, as mensagens começaram quando a moça começou a trabalhar como modelo pin-up, quatro anos atrás. 
Em fevereiro de 2014, Anna sofreu o ataque cardíaco que, embora leve, gerou ainda mais críticas online e, assim, mais preocupação para a moça, que voltou a ser hospitalizada em outubro do ano passado. Nessa época, ela foi diagnosticada com asíndrome de Takotsubo - uma condição cardíaca causada por estresse, também conhecida como síndrome do coração partido

Agora, recuperada e de volta à casa em Londres, na Inglaterra, a modelo quer conscientizar as pessoas sobre os perigos de cometer bullying na internet. "Na maioria das vezes, as pessoas só veem a imagem e nem pensam que existe uma pessoa por trás disso que irá ficar chateada", explica Anna. "Só queria saber o que eu fiz para merecer tanto ódio, mas todo mundo sofre com isso, mesmo sem razão", reflete ela, acrescentando que muitas pessoas chegaram a dizer que ela "parecia mais sexy agora que estava para morrer".
Anna ainda diz que, como modelo, já esperava receber comentários do tipo, mas jamais pensou que as mensagens maldosas viriam em ondas. "Na época, eu não podia nem pegar meu celular para fazer algo simples, como jogar, sem ver uma notificação aparecer", relembra.
Agora a modelo está incentivando outras vítimas a denunciarem seus agressores à polícia para acabar com o bullying nas redes sociais. "Este é o problema da internet: pessoas escondidas atrás de seus computadores e pensando que podem dizer o que quiserem", afirma. 

terça-feira, 29 de março de 2016

Extensão do Google Chrome ajuda a combater bullying online

By  
Chrome
Após 3 anos de desenvolvimento, uma nova extensão do Google Chrome concebida por australianos, a Reword foi lançada este mês e saudada pelo seu potencial em combater bullying online.
A extensão Reword integra uma tecnologia desenvolvida pela empresa Leo Burnnett Melbourne em parceria com a Fundação Nacional de Saúde Mental, a Headspace que permite identificar palavras más ou que frases que permitem intimidar. E, quando aplicadas, surge uma linha vermelha e é questionado ao utilizador para voltar a reformular a sua mensagem.
Para completar a biblioteca de palavras, os utilizadores também contribuir ao adicionar potenciais insultos ou termos reconhecidos. Alguns testes realizados a extensão Reword revelam que 79% dos jovens estão dispostos a alterar o que tinham escrito quando observaram a linha vermelha.
Fonte: 9News

segunda-feira, 28 de março de 2016

O bullying “é uma coisa para ser resolvida entre as crianças”


Associação criada em Braga envolve crianças e jovens em campanhas de sensibilização e estudos sobre o fenómeno. E dá-lhes a palavra para se pronunciarem sobre um problema que é seu.

Vários tons de verde saltam à vista quando se entra na sala. Um pequeno grupo de crianças está de joelhos em cima de uma mesa a pintar dessa cor um manequim. Outras ajeitam no chão um grande laço, também verde, antes de o fotografarem. Não será necessário dizer qual a cor que escorre do pincel de Gonçalo Veloso quando o estudante de 17 anos dá as boas-vindas. Ele é o vice-presidente da Associação Anti-Bullying com Crianças e Jovens (AABCJ), criada em Braga no ano passado, e um dos membros mais activos nas tarefas que os membros da associação definiram para aquela tarde.

Gonçalo anda acelerado, entre o rés-do-chão onde está a sala de trabalho e o gabinete no primeiro andar. É preciso colar molduras partidas, retocar manequins usados em exposições e acções de sensibilização e preparar as actividades dos próximos dias. Guarda, porém, uns minutos para apresentar o projecto da primeira associação de combate ao bullying criada em Portugal que envolve directamente crianças e jovens. O trabalho associativo ensinou-lhe aquela que é uma das principais mensagens da AABCJ: os menores devem ter uma voz para se pronunciarem sobre um problema que os afecta directamente. “Somos nós quem está dentro do fenómeno e o podemos detectar”, sublinha.

Fábia Dias, também com 17 anos, concorda: “Isto é uma coisa para ser resolvida entre as crianças”. Mas não da forma como os menores se habituaram a enfrentar problemas de violência em contexto escolar, alerta. Conta, por isso, um exemplo recente, que envolveu uma prima que teve problemas com um grupo de colegas de escola. “Noutra altura, ter-lhe-ia dito para pagar na mesma moeda”, diz. Neste momento, pelo contrário, dá como conselho aquilo que aprendeu na associação: o melhor caminho é denunciar a situação a um adulto, um funcionário da escola ou um professor, para que este ajude a resolvê-la.

“Em todas as escolas existem casos de bullying que, muitas vezes, não são identificados”

Todas as quartas-feiras, ao final da tarde, a direcção da associação reúne no espaço Nexus, em Braga. À entrada do encontro desta semana, três elementos transportaram as cadeiras que haviam de preencher a pequena sala de reuniões. Na ordem de trabalhos havia um conjunto de informações sobre as próximas actividades do grupo, que organiza inquéritos de opinião regular sobre bullying e outros tipos de violência e ainda acções de sensibilização, normalmente com um suporte artístico: peças de teatro, pintura, desenho, escultura. Ou música.

Na última reunião era preciso ultimar os pormenores para a gravação, marcada para o dia seguinte, do hino da associação, criado em parceria com o músico Hugo Torres. David Esteves, que devia fazer um rap numa das partes da canção, diz que talvez não consiga estar presente. Há alguma apreensão durante uns instantes, até que uma das crianças mais novas pede a palavra para sugerir uma solução: um amigo seu podia cantar essa parte.

Aqui toda a gente tem direito à palavra, independentemente da sua idade. Por exemplo, em Abril, nas I Jornadas da Juventude Anti-Bullying de Braga, a primeira comunicação será feita pelos jovens que dirigem a associação. Não será uma estreia em eventos com carácter científico O departamento de investigação – que actualmente está a preparar um estudo de opinião sobre violência no namoro – é liderado por David Esteves, outro dos membros fundadores do grupo, que tem divulgado os dados recolhidos em congresso. Gonçalo Veloso já apresentou os resultados de um estudo de opinião sobrebullying conduzido há três anos num evento científico no Brasil.

Foi o “interesse em fazer alguma coisa em prol dos jovens” que levou Gonçalo a entrar na associação, conta o vice-presidente da AACBJ. A organização foi formalmente constituída em Agosto passado, mas a sua origem remonta ao ano lectivo 2008/2009. Nessa época, era o delegado da sua turma do 6.º ano, na Escola Básica 2,3 de Real – uma freguesia na periferia suburbana de Braga. Um caso de bullying entre os colegas levou a família de um dos envolvidos a transferi-lo de escola, o que acabou por despertar o interesse de Paulo Costa, que era o director de turma, pelo tema. Acabou por fazer um doutoramento sobre o assunto na Universidade do Minho – onde hoje é investigador do Centro de Estudos da Criança.

Não foi, todavia, apenas em termos académicos que Costa trabalhou obullying nos anos seguintes. Aquela turma estudou, durante os três anos seguintes, o fenómeno da violência escolar e preparou acções públicas para fazer chegar o que aprenderam a outros colegas. Participaram em concursos, fizeram exposições e foram convidados para ir a escolas falar sobre o trabalho de sensibilização em que se tinham envolvido. Só este ano, já foram a 25 estabelecimento de ensino, de Viana do Castelo a Beja.

“No ano passado, percebemos que tínhamos trabalho suficiente para justificar a criação de uma associação”, conta Paulo Costa. O núcleo duro são esses antigos alunos da escola de Real, onde este professor de Educação Física continua a dar aulas, em paralelo com a actividade de investigação. A esse grupo inicial foram-se juntando, entretanto, outros associados. Actualmente, a organização reúne cerca de 200 pessoas e 23 crianças e jovens – a mais nova com 10 anos – fazem parte dos seus corpos sociais. E tem mais de 16 mil seguidores no Facebook, o que lhe permite chegar a escolas de Angola e Moçambique, com as quais estão neste momento a começar a ser construídas parcerias para novos projectos.

Quando são divulgados novos dados sobre o fenómeno do bullying ou algum caso particular é mediatizado, os membros da associação discutem o assunto entre si. Por isso, os resultados do estudo da Organização Mundial de Saúde sobre a adolescência, que foi conhecido há duas semanas, não são propriamente uma novidade para Gonçalo Veloso. De acordo com essa investigação, há crianças com 11 anos dizem ter sido alvo de bullying na escola “duas ou três vezes por mês nos últimos três meses”, numa percentagem que varia entre 11%, no caso das raparigas, e 17%, para os rapazes. A média em termos internacionais é 13%, pelo que Portugal tem a 16.ª taxa mais alta de alunos de 11 anos que se dizem vítimas do fenómeno.

Os números crescem quando o que está em análise é a percentagem de adolescentes que foram vítimas “pelo menos uma vez nos últimos dois meses” — ou seja, quando se procura aferir ataques menos frequentes por parte dos colegas: 34% dos alunos de 15 anos dizem ter sofrido bullying. Bem acima da média internacional de 23%.

São números “preocupantes”, avalia o vice-presidente da associação, mas “não propriamente surpreendentes”. “Qualquer pessoa que esteja ligada a um contexto escolar consegue perceber que, em todas as escolas, existem casos debullying e que, muitas vezes, não são identificados”. A responsabilidade, muitas vezes, é das próprias escolas “que têm dificuldades em admitir” este tipo de ocorrências. “Têm que estar mais atentas”, concorda David Esteves, apontando uma possível solução: “Se for preciso meter mais funcionários a trabalhar na escola que o façam”.

Há, porém, também um lado de responsabilidades das famílias, defende o mesmo dirigente. Os pais “desvalorizam situações graves”, com a desculpa de que, quando tinham a mesma idade, viram acontecer coisas semelhantes. Essa é uma realidade inconcebível para David Esteves, que defende que não se pode “deixar que estes casos sejam vistos como algo normal”.

domingo, 27 de março de 2016

Sucesso de música sobre bullying leva pai a processar o filho

POR INÊS ANDRÉ DE FIGUEIREDO

O programa britânico de talentos levou ao desentendimento entre pai e filho.

Leondre Devries e Charlie Lenehan, de 15 e 17 anos, respetivamente, fizeram furor no programa ‘Britain’s Got Talent’, em 2014, ao cantarem uma música sobre bullying. A canção tornou-se um enorme sucesso, mas o pai de um dos meninos vem agora dizer que a música é da sua autoria.
A banda dos jovens é conhecida como Bars & Melody e o tema em causa chama-se Hopeful. Segundo o Mirror, Antonio Devries garante que a letra foi escrita por si e utilizada sem qualquer autorização, o que levou o pai a tomar medidas legais.
“Eu escrevi a música, que representa uma das dificuldades que enfrentei na vida, e isso trouxe um reconhecimento internacional ao grupo. Tomei medidas legais e o agente da banda respondeu-me e disse-me que tinham sido eles [o jovem e o amigo] a escrever a música, mas fui eu”, garante o pai do jovem que é promotor musical.
O homem revela ainda que, antes de alcançar a fama, o grupo musical foi muito ajudado por si e que está a haver um aproveitamento da imagem dos jovens, “Quando atingiram o sucesso, eu fui colocado de parte, mas na verdade fui eu que comecei a banda Bars & Melody. Parece-me que os miúdos estão a ser explorados e têm excesso de trabalho. Eles sempre defenderam o anti-bullying, mas a imagem atual está longe disso, creio que estão a levá-los por um caminho diferente”, explica.
Em nome da banda, o porta-voz da Bars & Melody garante que os jovens gostam do seu empresário e estão contentes com o seu trabalho, realçando que não sentem que estão a trabalhar mais do que o suposto. “Os jovens estão tristes com as ameaças e esperam que isto se resolva”, frisa.

sábado, 26 de março de 2016

Bruno, bullying, colo e cebolada

Protagonismo corre-lhe nas veias como os posts no facebook.


Bruno de Carvalho é vítima de bullying propagandístico. Nem um anjo negará a evidência – a intoxicação encarnada, fundada numa estrutura com cérebro, não lhe dá tréguas. Há, claro, muito mérito dessa madura estrutura, mas a goleada é infligida porque o líder do Sporting  se coloca a jeito – é muito verde, nesse domínio. Acredita, piamente, que a estratégia resulta. E, mesmo que ousem dizer-lhe – dirão? – que está equivocado, continuará a fazer autogolos. O protagonismo corre-lhe nas veias como os posts no Facebook. Desembainha a espada contra os guerreiros externos e os soldados ou generais internos com a mesma facilidade com que um controlador ordena quem fica à sua direita ou à esquerda na foto. Bruno de Carvalho, se abdicasse dessa pelintra forma de estar no futebol, seria mais respeitado e o seu clube menos prejudicado. Seria elogiado por ter equipas competitivas nas modalidades, por construir um pavilhão, por gastar menos do que os rivais e continuar na corrida ao título, por os adeptos voltarem a acreditar e, por isso, Alvalade registar boas casas, por renovar contrato com vários jogadores e por lutar pela introdução de meios tecnológicos que contribuam para reduzir a batota.  Bruno de Carvalho, honra lhe seja feita, dá a cara. Mas, ao combater este e o outro mundo, ao mesmo tempo, acaba por ser comido de cebolada por quem continua habituado a andar ao colo

sexta-feira, 25 de março de 2016

Jonathan supera bullying na infância e emagrece 30kg ao começar na corrida

Catarinense, de 26 anos, chegou a pesar 101kg. Agora com 70, ele enfrenta os mais variados tipos de provas, de montanha, de rua e até mesmo com obstáculos militares


Por Rio de Janeiro

Jonathan Reinke, de 26 anos, sempre sofreu por estar acima do peso. Na adolescência, chegou a pesar 101kg. Além do bullying, o técnico em enfermagem sofria com a péssima condição física, falta de ar, dores no joelho e na coluna. Em 2004, quanto estava com 15 anos, ele decidiu que o esporte o ajudaria a mudar de vida. Por isso, procurou uma academia em Jaraguá do Sul (SC), cidade onde mora, e, com orientação profissional, saiu do sedentarismo de uma vez por todas.
- Comecei a fazer pequenas caminhadas na esteira. Afinal, era apenas o que meu corpo permitia naquele momento. Com o passar do tempo ganhei resistência e introduzi algumas metas nos meus exercícios. Por exemplo: hoje faço 20 minutos de caminhada, amanhã 25, depois 30. O começo não foi fácil, os resultados demoravam a vir, mas com o passar dos dias essa minha capacidade física foi melhorando, minha autoestima foi subindo e o peso caindo - lembrou.
EuAtleta Minha História Jonathan Mosaico 310 (Foto: Eu Atleta)Jonathan sofria de bullying na infância por causa do sobrepeso. Hoje é um corredor (Foto: Eu Atleta)
A partir daquele ano, a corrida entrou na vida Jonathan para ficar. O jovem fez dela seu esporte preferido. Em 2011, passou a participar de competições de 5 e 10km. Agora, enfrenta os mais variados tipos de provas, de montanha, de rua e até com obstáculos militares. Não satisfeito, ele ainda incluiu canoagem e squash na rotina de treinos semanais.
- Consegui transformar a minha vida. Tudo por meio da introdução da atividade física. Hoje estou no meio desse esporte magnífico, que é a corrida. Minha maior conquista foi vencer a obesidade mórbida e o meu melhor prêmio foi a saúde - contou.
Dos 101kg que pesava, Jonathan perdeu 30 e atualmente pesa 71. Os hábitos alimentares dele também mudaram. Diminuiu drasticamente o consumo de alimentos, como frituras e doces, cortou o refrigerante e reduziu a ingestão de bebida alcoólica.
Jonathan sentiu as melhoras que o esporte proporciona na saúde física e mental. Nem toda a dificuldade inicial para a mudança foi capaz de impedi-lo. Por isso, ele deixou um recado para quem busca melhoras por meio da atividade física.
- Para aqueles que têm em mente uma melhor qualidade de vida, você também consegue! Coloque objetivos em sua vida e corra atrás. Assim que os atingir, volte a se desafiar. Eu acredito que todos têm a capacidade de ser e fazer o que quiser, basta acreditar, ter persistência e fé. A dificuldade existe, sim, e nos resta erguer a cabeça e a enfrentar - finalizou.
EuAtleta Minha História Jonathan _690 (Foto: Eu Atleta)Em ação durante prova de rua: Jonathan toma gosta pela modalidade e encara até provas de montanha (Foto: Arquivo)

Após ter nudes vazados online, a DJ austráliana Tigerlily posta em seu facebook sobre o assunto

Após ter nudes vazados online, a DJ austráliana Tigerlily posta em seu facebook sobre o assunto
DJ Tigerlily tem nude vazado e se pronuncia sobre o fato

Após ter nudes vazados online, a DJ austráliana Tigerlily posta em seu facebook sobre o assunto

Um dos tópicos mais polêmicos da atualidade acabou vitimando a DJ Tigerlily, que acabou tendo um nude vazado de seu Snapchat. Ela postou o vídeo em seu snap cobrindo todas as partes íntimas, porém, alguém hackeou a foto e conseguiu deixar tudo visível e ainda por cima vazou a foto no Reddit, uma atitude deplorável.
Tigerlily2
Tigerlily, se pronunciou sobre o ocorrido ontem (23) em seu Facebook, com muita personalidade a DJ se mostrou corajosa e firme para se posicionar sobre esse assunto extremamente controverso, os comentários ficaram bem divididos, refletindo no que devemos postar na internet, porque a internet muitas vezes não perdoa.
Confira o texto (traduzido) abaixo:
Como você pode ou não pode saber, nas últimas 24 horas houve algum conteúdo espalhado ilegalmente online.
Eu sou uma jovem mulher confiante e eu compartilho muitos aspectos da minha vida e quem eu sou em minhas redes sociais. Quando eu compartilho conteúdo eu estou tomando a decisão para compartilhar. O conteúdo que foi pego no Snapchat, editado e distribuído totalmente contra minha vontade. Como disse Jennifer Lawrence ‘Não é um escândalo. É um crime sexual. É uma violação sexual. É nojento.’ Como você se sentiria se isso estivesse acontecendo com seu melhor amigo, sua irmã, ou sua namorada? Não seria um motivo para rir né?
Eu tenho falado muitas vezes contra a misoginia, machismo e bullying on-line, e nas últimas 24 horas, eu vi o quão vulgar e infantil algumas pessoas podem ser. Embora o crime que foi cometido não é OK, ter orgulho do seu corpo e que você é, é sim OK. Garotas ”nunca tenham vergonha de seu corpo”. Nunca deixe ninguém tratá-la de outra forma, a não ser com respeito absoluto. Você e seu corpo são completamente perfeitos do jeito que são e vocês todas merecem ouvir isso a cada dia.
As vozes de amor e apoio, tanto privados como públicos têm sido verdadeiramente inspiradores. Eu li tantas de suas mensagens e e me senti com força por toda essa positividade das pessoas mais bonitas que eu tenho na minha vida. Aos meus amigos, fãs e aqueles que escolhem não participar na invasão da minha privacidade, eu agradeço. Ocorridos como este só me fazem mais determinada a continuar o meu caminho. Para continuar tocando e produzindo música, explorando o mundo, e sendo eu mesma a cada dia.
Ame-se e amem uns aos outros.
Paz, Amor e Luz a todos vocês.
Dara x
Para conferir o post original clique aqui.
tigerlily
O assunto é extremamente controverso e gerou muita polêmica no post da DJ, com muitos comentários a favor e contra o posicionamento dela. O que devemos admitir é que ela se posicionar assim em defesa dela foi uma atitude muito corajosa em defesa de quem já sofreu com isso. A australiana decidiu doar 5 mil dólares para uma instituição de caridade que cuida de pessoas que sofreram bullying e precisam de tratamento médico para sua saúde mental. Em entrevista à Buzzfeed Tigerlily diz:
Eu li histórias de horror de garotas novas que têm a sua privacidade violada on-line e destruíram suas vidas por meses, anos.
Não é necessariamente algo que eu quero chamar a atenção, mas agora que ele está fora no público, eu me senti na obrigação de falar. Disse ela.
Tigerlily também comentou que não se sente envergonhada pelo vídeo, mas sim, se preocupa com o que pode acontecer com sua carreira.
Eu trabalho duro, eu coloquei  meu coração e alma no que eu faço, disse ela.
Eu gosto de pensar em mim como uma defensora para as mulheres serem elas mesmas, abraçando seus corpos, suas paixões, falando. Eu não queria que esse fato afetasse isso.
A DJ também abriu uma arrecadação para a mesma instituição de caridade na qual ela fez a doação.

Extensão do Google Chrome reformula insultos escritos

ESCRITO POR JÉSSICA CONSTANTINO pela Zuti

Em uma tentativa de fazer as pessoas pensarem antes de xingarem online, uma ferramenta educacional foi criada na Austrália.
A ferramenta chama-se Reword e é uma extensão do Google Chrome que irá repreendê-lo se você tentar escrever uma mensagem não muito agradável para alguém na Internet. Ela usa uma funcionalidade semelhante à verificação de correção das palavras, colocando uma linha vermelha através de quaisquer palavras que você escreve que são consideradas indelicadas e agressivas.
Reword foi criada pela organização de saúde mental Headspace e pela agência de publicidade Leo Burnett Melbourne. Embora seja feita por uma boa causa, é improvável que a ferramenta seja utilizada por pessoas que estão na internet APENAS para insultar. Em vez disso, espera-se que a ferramenta seja lançada em computadores escolares e entre organizações.
site explica como implementar o plug-in em computadores em rede. O site também permite que as pessoas adicionem palavras e frases para o banco de dados Reword, pegando alguns termos que os criadores provavelmente não tinham pensado.
Chris Tanti, CEO da Headspace, Fundação de Saúde Mental Nacional da Juventude da Austrália, disse que o bullying on-line na Austrália é abundante e uma ferramenta para tentar mudar esse cenário era necessária.
“Infelizmente, o bullying online é endêmico. Estamos encorajados que esta é uma ferramenta on-line tangível que vai realmente ajudar a mudança de comportamento e reduzir incidentes de bullying“, disse ele em um comunicado enviado por email a Mashable. “As pressões sobre as crianças nos meios de comunicação social são intensas. Reword é uma maneira que podemos ajudar a capacitá-los e educá-los em tempo real.”
Embora seja mais uma ferramenta educacional que uma ferramenta de produção, qualquer coisa que aumente a consciência sobre o bullying online e considere a sua redação ao se comunicar através da Internet é um passo na direção certa.
Portanto, antes de xingar o seu ex-melhor amigo, reformule a sua mensagem ou fique longe do tecladinho. (dica amiga)

Bullying no desporto jovem. O “gordinho”, o “maricas” e como eles sofrem nos balneários

Insultos subtis e exclusões. Assim é o drama de 10% dos atletas no desporto jovem. O balneário é o local preferido para as agressões. O Observador falou com os autores do maior estudo sobre o tema.
— Como é que achas que ele fica, esse teu colega, quando gozas com ele? O que é que ele sente?
— Fica com uma cara de furioso, não sei o que se passa com ele; não sei o que é que se passa no cérebro dele, que começa a ficar furioso ou então cala-se e começa a dizer: “Parem, pá!!” (risos)
— Sentes-te mal quando lhe fazes isso?
— Eu não! Porque ele sempre foi assim (indigna-se)…
Não vale a pena ignorar o elefante que se move sorrateiramente na sala a transbordar de loiças: o bullying existe. Existe nas escolas e no desporto jovem, em muitos clubes federados, em várias modalidades e sob muitas formas. Existem mil e uma maneiras de agressão, seja diretamente ou através da exclusão social, seja individual ou em dinâmica de grupo. Motivos? Há muitos, nomeadamente censurar a baixa performance do outro, o corpo e a personalidade. Quem não responde é fraco e torna-se ainda mais castigado. Quem responde irrita-se, por isso está picado e é para continuar…
O abandono da modalidade ou clube é uma opção. Ficar também, claro, sob a forma de resiliência e teste à natureza do carácter. Os pais são pouco chamados a ajudar (pelos filhos), mas quando o fazem a coisa não costuma correr bem. É que estão mais focados no desempenho desportivo do que nas vulnerabilidades dos miúdos. Os abusos acontecem normalmente longe dos observadores (treinadores ou adultos dos clubes), nos balneários.
“Marcou-me o que sentiam, a aflição — ‘eu não percebo porque é que eles implicam comigo’. Alguns quase começaram a chorar na entrevista, sentem-se completamente perdidos”
Miguel Nery
O Observador teve acesso à tese de doutoramento de Miguel Nery (“Bullying no contexto da formação desportiva em Portugal”), um psicólogo clínico que, durante cerca de cinco anos, se debruçou sobre este tema e chegou a conclusões alarmantes — é o maior estudo sobre a temática em Portugal. O Observador entrevistou o autor da tese e o orientador, Carlos Neto, professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana.
Os participantes são atletas dos escalões de formação (juvenis, juniores, cadetes, sub-16 e sub-18, dependendo da modalidade), do sexo masculino, praticantes de 9 modalidades divididas em 3 grupos: individuais (ginástica, atletismo, natação), colectivas (futebol, rugby, andebol, voleibol) e de combate (judo, luta). Os atletas estão envolvidos em actividades de competição e estão filiados em clubes federados, distribuídos por todo o território de Portugal Continental
A tese está dividida em três partes: uma que revela os números globais, a segunda com entrevistas a intervenientes — agressores, vítimas e observadores — e, finalmente, a terceira fase, na qual são ouvidos atletas de alta competição, de cada uma das modalidades abordadas no estudo. O arranque deste texto trata-se de uma das 127 entrevistas de Miguel Nery a personagens ligadas ao fenómeno — neste caso, é um agressor.
O estudo indica que 10% da amostra (de um total de 1458 atletas) referiu já ter sido vítima de bullying, enquanto 11,25% admitiu que participou na qualidade de agressor. Se os números impressionam, a segunda fase, a das entrevistas aos intervenientes, permite uma viagem às entranhas dessa realidade. A leveza, a banalidade das palavras, a suavidade da insinuação e, por vezes, a incompreensão da situação, ajudam a explicar a razão pela qual é tão difícil por vezes identificar o fenómeno, sinalizar situações e ajudar ou proteger as crianças ou adolescentes. “Marcou-me o que sentiam, a aflição — ‘eu não percebo porque é que eles implicam comigo’. Alguns quase começaram a chorar na entrevista, sentem-se completamente perdidos”, diz Nery.

O que é o bullying e onde acontece

Comecemos pelo princípio para afastar equívocos: o que é bullying? “É uma forma particular de violência no desporto”, explica Carlos Neto. “Obullying refere-se essencialmente a eventos que acontecem entre pares de forma repetida e ao longo do tempo. É preciso distinguir o que é um ato de violência isolado e um ato de prepotência que inferioriza sujeitos, colegas, de forma particular, seja através de bullying físico, social, racista, simbólico ou até cyberbullying.”
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Em 2014, um estudo da EPIS (Empresários pela Inclusão Social), que ouviu 1963 alunos entre os 12 e 15 anos, concluiu que mais de 60% deles confirmava casos de bullying nas suas escolas, contou o Público. No desporto jovem, embora os valores impressionem autor e coordenador da tese, os números são muito mais baixos. E é fácil de explicar porquê: os jovens não podem abandonar ou mudar de escola quando entendem. Há muito mais liberdade nas escolas e espaços para ocorrerem tais situações. No desporto há muito mais controlo de adultos, nomeadamente de um treinador, e o espaço de ação é mais limitado, razão pela qual a maioria das agressões ocorrem nos balneários, longe dos olhares indiscretos dos observadores.
"Quando falamos com treinadores percebe-se que isso está muito enraizado: há treinadores que consideram natural aquilo de ‘os fracos vão ficando pelo caminho'”
Miguel Nery
Mas há mais explicações: “A seleção natural”, diz, indignado, Carlos Neto. “A prática nos clubes é selectiva, é uma condição, é natural, mas não devia ser.” Ou seja, não é para todos. Miguel Nery corrobora: “É muito comum. Quando falamos com treinadores percebe-se que isso está muito enraizado: há treinadores que consideram natural aquilo de ‘os fracos vão ficando pelo caminho.'”
“Por exemplo, numa viagem que nós fizemos até X, um rapaz da nossa equipa — ele é um bocado diferente mas tem imensa piada — começou a contar piadas, estávamos a contar piadas, e às tantas o pessoal já não se estava a rir das piadas, estava-se a rir dele e ele estava-se a sentir mesmo de facto gozado e estava-se a sentir posto de parte. Pronto, esse é um desses episódios” — atleta de râguebi
Essa realidade promove o abandono. “Há muitos miúdos, principalmente no início, que desistem, porque há seleção feita em parte pelos colegas e pelos treinadores (seleção dos melhores)”, explica Nery. “É uma seleção artificial, fazem-no muito. E depois entra a vertente dos pares, da relação com os colegas. Não encaixando num determinado modelo, muitas vezes começam a criar-se uma série de dificuldades e os miúdos acabam por desistir.”
E como se expressa o bullying normalmente? “Uma das coisas que esta tese veio demonstrar é que acontece no local onde há menos controlo. O balneário é exatamente o local onde não existe um verdadeiro controlo de todas as variáveis do processo”, conta Carlos Neto. “Claro que também acontece no treino, na competição e fora do clube, mas principalmente no balneário. Às vezes, começa por pequenas palavras, pequenos insultos, coisas que parecem insignificantes, que não têm uma vinculação muito agressiva, mas que, para certos jovens, tem e deixa marca. Mesmo em relação à forma do corpo, à sua proporção, à aparência, à vestimenta do corpo. Há um conjunto de sinais que o jovem pode apresentar que pode ser motivo de chacota e gozo, infligindo depois o mau trato. São essas coisas subtis, essa subtileza com que o jovem vive no desporto, que muitas vezes se tornam graves porque são repetidas e vão marcando com o tempo.”
Segundo o autor da tese, há muito pouco contacto físico nestas situações em que baseou o estudo, mas há outros sinais muito mais discretos e igualmente nocivos. “No futebol, por exemplo, não há esse contacto físico direto, mas muitas vezes identifica-se o mais fraco. Depois, há situações em que se entra à bola com muito mais força nesse colega. Não entrariam assim a um líder do grupo ou a alguém tido como mais reativo. Ou seja, não terá tanto a ver com o jogar pior, mas sim com o facto de aquele não responder”, diz Miguel Nery.
“Há outra coisa: o [não] passar a bola. Nem é só no futebol. Vão sendo excluídos. A principal forma de bullying é verbal, pelas bocas, depois é social. Não passam a bola e isso até se nota nos jogos. Um treinador chegou a dizer-me que uma vez meteu um miúdo durante um jogo e a bola deixou de chegar àquela ponta. Nos treinos nota-se muito. No balneário falam entre eles e não falam com aquele, vão começando a encostá-lo a um canto. Muitas vezes leva ao abandono, ou então vão ficando e nem eles sabem bem explicar porquê.”
"Vão sendo excluídos. A principal forma de bullying é verbal, pelas bocas, depois é social. Não passam a bola e isso até se nota nos jogos. Um treinador chegou a dizer-me que uma vez meteu um miúdo durante um jogo e a bola deixou de chegar àquela ponta" 
Miguel Nery

“O foco do treinador e dos pais está centrado naperformance desportiva, e não na vulnerabilidade do próprio praticante”

Essa permanência na modalidade ou no clube, por vezes, deve-se à ação dos pais. “Fazem pressão para que eles fiquem. Os miúdos têm aquela ideia de que vão superar aquilo. Mas quando mudam de clube ou modalidade (normalmente acontece no futebol), há muito aquele sentimento de ‘agora é que estou bem'”, explica Nery.
Carlos Neto acrescenta: “Uma das questões que se coloca aqui é o foco do treinador e dos pais estar centrado na performance desportiva, e não na vulnerabilidade do próprio praticante. Há crianças e jovens a praticar desporto nos clubes que são eventualmente mais sensíveis que outros, que têm mais resiliência que outros, que têm mais talento que outros. Muitas vezes, não se consegue ter uma perceção justa e clara de até onde vai essa vulnerabilidade e o sofrimento dos jovens. Esse silêncio, muitas vezes, é prolongado por comportamentos anti-sociais dos pais, que vão provocando mossa atrás de mossa, com mais ou menos repercussões na prestação desportiva do atleta.”
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Com quem, então, desabafam os atletas? Dos casos tratados por este estudo, 49,1% fica em silêncio, enquanto 26,7% recorre aos pares; 13,8% opta pela comunicação múltipla (pais e colegas); 8,6% recorre à família e 1,7% a adultos do clube (excluindo o treinador). “Noventa ponto três por cento não procura a família”, salienta Carlos Neto.
Atleta de natação:
— Já presenciei algumas situações, tanto verbais como físicas, no balneário.
— Porquê no balneário? Porque é que achas?
— Porque só lá estão os atletas, não há pais, não há treinadores.
— É uma zona menos vigiada…
— Exacto.
“Falam menos com o treinador, mas quando falam o resultado geralmente é positivo. Com os pares, muitas vezes, funciona bem, e com o treinador também. São as fontes mais importantes. A maior parte dos observadores não gosta dos episódios de bullying, mas há muitos que não fazem nada. Há uns que defendem e uma minoria que se junta ao agressor. A maior parte fica paralisada, neutra”, diz Nery. “Se o bullying em geral for condenado entre pares — e um dos motivos que está subjacente ao mesmo é o ganhar estatuto social –, espera-se que diminua. Deixaria de ser aceite.”
Carlos Neto faz soar os alarmes e aponta o dedo aos pais também. “No futuro, deve merecer alguma atenção a formação e informação para os pais. Toda a gente sabe e conhece o panorama desportivo em Portugal. Muitas vezes existem comportamentos completamente inaceitáveis dos pais em relação a treinadores e à prática desportiva dos filhos. Diria que esse será dos planos mais urgentes de intervenção: a formação do pais”, defende.
E sustenta: “Sabemos que há agregados familiares com comportamentos interessantes e com apoio positivo, mas há outros que têm um comportamento negativo e prejudicial à carreira desportiva do próprio filho. O desporto é um fenómeno social de grande envergadura, há grandes expectativas que se criam. Por isso, este tipo de comportamentos anti-sociais são colocados em segundo plano, porque a perceção que mais interessa é a prestação desportiva e não o sofrimento. Exige-se que no sistema desportivo existam mecanismos de proteção ao atleta. Isto é fundamental.”

“Os agressores são muito mais ativos, retaliam, são mais respondões, são mais ativos até fisicamente. Normalmente têm uma performance desportiva melhor”

“Existe quase uma cultura de que não pode haver meninos totós a fazer desporto. Têm de ser suficientemente resistentes a provocações, a pequenas intervenções anti-sociais. Como se o desporto fosse para valentes”, explica Neto. “Até os treinadores”, adiciona Miguel Nery, “a corrigir os atletas dizem coisas como ‘não sejas maricas'”.
O problema está, dizem, no estereótipo associado ao desporto, o tal do vigor físico, da resistência à adversidade e palavras — “essa questão do gordinho, do maricas, isso é comum”, reconhece Neto. “Não podemos comparar isto com o desporto de há 40 anos. Hoje os jovens têm outra cultura, outras dificuldades, outras vulnerabilidades, outra sensibilidade. A sociedade mudou muito nesse aspeto.” Nery gostaria de ver combatida “esta a dureza no desporto”.
“Muitas vezes os agressores são os líderes do grupo, exactamente por esse estatuto; acho que está muito ligado aos resultados desportivos que têm. São os líderes, e muitas vezes quase que os outros os admiram, seguem-nos e aquilo dá-lhes um bocado de estatuto para gozarem com os mais novos sem serem chamados à atenção ou postos de parte” — atleta de atletismo
Nem todos os miúdos, diz Nery, se apercebem do que fazem. “Há uns que têm consciência mais tarde. Dizem: ‘eu na altura gozei, hoje olho para trás e penso coitado do miúdo'”. A justificação para o que acontece é uma espécie de “porque sim”, porque o grupo assim o impõe, como se de uma ventania imparável se tratasse. Muitas vezes, trata-se pura e simplesmente de chegar mais alto na hierarquia do grupo. O estatuto é importante. “Há outros que acham normal, dizem que de alguma maneira o outro merece.”
“Existe uma cultura de silêncio face aobullying no desporto, uma vez que a mentalidade de dureza faz com que o pedido de ajuda seja visto como um sinal de fraqueza”, explica Neto. Miguel Nery dá uma achega: “Jogar bem é um fator protetor. Os miúdos contam que às vezes entra um novo ‘armado em mandão’ e que não gostam muito dele, mas ‘joga bem’, por isso tem estatuto. O problema é que se faz uma imagem do atleta ideal: aquele que confronta os outros, ouve as bocas e responde, joga bem, tem uma postura ativa. Vai tudo no seguimento da ideia muito masculina e machista na qual o desporto está baseado ainda.” Mais: “Depois é tudo nesse sentido: o gordo; é gordo, não sabe fazer desporto; é desajeitado, tem baixaperformance. Tudo é visto como divergente ao modelo aceite. Há também o mais passivo, que é visto como aquele que não responde e que por isso dá um sinal de fraqueza.”
"As vítimas, muitas vezes, são miúdos que ou não respondem ou são demasiado reativos. Ou então são alguém que vão levando por esse tipo de coisa: o excesso de peso, o serem desajeitados…"
Miguel Nery
É possível traçar os perfis de vítimas e agressores? É, embora Nery se sinta obrigado a tocar neste assunto com pinças, pois nada é estanque e definitivo. “Os agressores são muito mais ativos, retaliam, são maisrespondões, são mais ativos até fisicamente. Normalmente têm umaperformance desportiva melhor, e estão muito mais próximos da ideia do desportista ideal, até do corpo em si. As vítimas, muitas vezes, são miúdos que ou não respondem ou são demasiado reativos. Ou então são alguém que vai levando por esse tipo de coisa: excesso de peso, o serem desajeitados…”
A tese de Miguel Nery aborda modalidades coletivas, individuais e de combate. Há diferenças na natureza dos abusos? “O estudo quantitativo diz que não há diferenças significativas. O bullying está presente em todos, é importante que se perceba. Mas quando vamos falar com atletas e treinadores, percebe-se que as modalidades individuais e de combate têm, muitas vezes, um ambiente mais controlado”, explica o autor da tese. “É curioso: nas modalidades onde há mais contacto físico, como judo e a luta, normalmente é onde há mais respeito e fair play”,complementa Carlos Neto.
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Resumindo: o bullying é transversal a todos os desportos, seja de natureza coletiva ou individual. Tem muitas vezes a ver com a pressão do grupo, com a afirmação de um indivíduo perante pares — os abusos são cometidos na sua maioria nos balneários, longe dos olhares indiscretos dos observadores. Os treinadores e colegas são fundamentais na resolução dos problemas, enquanto os pais, que raramente são chamados a intervir, normalmente complicam as coisas. Porquê? Estão mais focados na cultura do sucesso, em detrimento da formação ou vulnerabilidade do filho. Existe uma seleção natural (e artificial, como diz Nery), o que significa que o desporto jovem não é para todos. Mostrar-se vulnerável ou dar abertura sobre um cenário infeliz é, muitas vezes, entendido como um sinal de fraqueza. Noutros muitos casos são os pais que insistem na permanência do filho na modalidade ou clube, pois a resiliência e resistência são um sinal de virilidade, algo muito digno de um campeão. Resta perguntar: o que fazer?
“No caso específico do judo, já vi, por exemplo, atletas assim mais fortes, a deitarem abaixo atletas que sejam mais fracos ou que tenham menos habilidade e a gozarem com eles, coisas assim” — atleta de judo
“O desporto está em grande mudança em relação às bases históricas e antropológicas. E por outro lado, as características de mudança têm a ver com essa formação para aproveitamento económico e financeiro”, defende Neto. “Este é um problema sério. E provavelmente está também a provocar a ideia de que o desporto não é um direito para todos, estando assim a ser massacrado no sentido de ser só para uns, para os que têm jeito e talento. Muitas vezes esquecemos que se tem de discutir o próprio modelo de formação desportiva. Às vezes o talento aparece mais tarde…”
Num tom de voz mais exaltado, apaixonado, Carlos Neto repete-se e garante que terá de haver reformas: “Tem de haver uma grande formação de reciclagem dos treinadores, assim como formação parental.” Para o professor e investigador da FMH, a solução passará também pela reorganização das federações, associações desportivas e desporto escolar. Simplificando: uma redefinição de linhas políticas para o desporto de formação.
“As crianças e jovens não podem ser vítimas de um sistema desportivo que não está estruturado para os proteger. O treino, os momentos de desprazer, o sofrimento, que é estruturante, fazem parte. O que não se pode é ser machucado na sua personalidade, integridade moral e ética. Isto é que está aqui em causa, essa violência entre pares, a que chamamos bullying e que tem de ser erradicada!”