sexta-feira, 4 de março de 2016

Pais em tempos de crise: Cyberbullying em crianças e adolescentes

Mário Freire  da Reconquista


O cyberbullying é uma nova expressão do bullying feita virtualmente através da internet (e-mails, blogs, redes sociais), do telemóvel… Consiste em ameaçar e provocar premeditada e repetidamente a vítima. A distingui-lo do bullying, o cyberbullying pode permanecer indefinidamente no tempo, no espaço virtual, e ultrapassa as fronteiras físicas que vão do agressor à vítima. Além disso, ele já não usa a força física para agredir mas, antes, a capacidade de usar as tecnologias. Por outro lado, o agressor usa o anonimato para difundir as suas agressões e amplificá-las através das várias vias virtuais que tem à disposição.
Num estudo financiado pela União Europeia (EU Kids Online/Net Children Go Mobile) que comparou dados de 2014 e 2010, verificou-se um aumento do número de vítimas, passando dos 8% para os 12% em Portugal, semelhante à Dinamarca, Itália, Irlanda, Roménia, Bélgica e Reino Unido, ao contrário dos outros países da U.E., onde esse crescimento foi menor. Este aumento deu-se sobretudo entre as raparigas. Os conteúdos mais comuns das mensagens foram de ódio, ameaça e pró-anorexia; as de cariz sexual parecem ter diminuído.
O cyberbullying, apesar de ter sido objecto de muitos estudos, revela ainda facetas pouco conhecidas. Parece, no entanto, que alunos que sejam agressores físicos ou verbais no bullying directo, teriam mais tendência para serem, igualmente, agressores no cyberbullying. Por outro lado, alunos que foram vítimas nos dois espaços revelavam maiores dificuldades de aprendizagem, uma baixa capacidade de atenção nas aulas e grande absentismo.
Algo se pode fazer quer na escola, quer na família para reduzir estes fenómenos. Na escola, a existência de regras bem definidas e aceites, onde se viva um ambiente de tranquilidade e onde estes problemas sejam discutidos, poderia reduzir o número de ocorrências deste tipo. Na família, o aceder à internet em espaço aberto, a informação sobre os perigos que dela podem advir e uma vigilância discreta dos pais, contribuiriam, igualmente, para defender os filhos dos riscos que o mundo virtual hoje coloca.

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