1. Soube-se no 1.º de Maio, na edição do Expresso, que o passado dia 25 de Abril ficou marcado por um comportamento seriamente lesivo da liberdade de expressão, comportamento esse perpetrado por António Costa.
Na edição de 25 de Abril, João Vieira Pereira escreveu um artigo de opinião, na secção de economia, em que fazia a análise e o comentário do quadro macroeconómico que o PS encomendou a uma série de economistas. Nesse artigo, o director adjunto do semanário dá a sua opinião, simplesmente analisa e opina, nada mais. Não faz uma única menção pessoal a António Costa ou a qualquer actuação que lhe possa ser pessoalmente assacada ou que possa beliscar a sua personalidade ou integridade. Faz, aliás, vários elogios ao documento do PS. No lado que se pode tomar por negativo, considera, como tantos comentadores tinham considerado antes, que o documento tem uma orientação preferencial do PS para o eleitorado central, podendo ser visto como uma guinada ou um desvio para a direita — talvez precipitadamente, digo eu aqui e agora, atento o foco daquele programa no consumo interno. Critica ainda o fim do coeficiente familiar, que poderia beneficiar as famílias numerosas, e, mais ainda, a fé inabalável dos autores do programa em que o aumento do rendimento disponível seja afectado ao consumo e não à poupança ou ao abate da dívida privada. Para lá destas, há ainda uma crítica metodológica que alerta para uma suposta falta de coragem demonstrada por a elaboração de este “programa-quadro” caber a uma equipa externa. São estes — pasme-se — os terríveis ataques e as funestas críticas que o colunista do Expresso veicula e que motivaram uma reacção prepotente, perigosa, altamente desproporcionada e reveladora por banda de António Costa.
2. António Costa, a quem tanta impressão fez que a coligação fosse apresentada no Dia da Liberdade, quis celebrar esse mesmo dia de um modo assaz original, desferindo um golpe duríssimo, incompreensível e inadmissível, na liberdade de expressão. Com efeito, enviou ao dito jornalista um SMS em que o acusa de recorrer ao “insulto reles e cobarde” e de fazer “julgamentos de carácter”. Pelo meio, dá a entender que se trata de um profissional incapaz e desqualificado, não pertencendo ao jornalismo de “gente séria, informada e culta”. A virulência e a violência destas acusações são ainda coroadas por um ambíguo tom de ameaça, quando termina lembrando que não quer que o jornalista em causa fique com dúvidas sobre o que ele — António Costa — pensa a seu respeito. De onde se deduz, é óbvio, que, agora e no futuro, o jornalista fica já a saber com o que pode contar…
A gravidade deste comportamento não pode nem deve passar em claro. Ele é grave porque seria sempre grave; é grave porque não subsiste qualquer fundamento objectivo que o justifique; é grave porque, ainda que subsistisse, não era a telecomunicação privada o meio adequado a responder a um artigo público; é grave porque é completamente desproporcionado. Para quem ostenta e exibe a toda hora e em todo o sítio a bandeira das liberdades, o semáforo da tolerância, a superioridade moral da abertura e do pluralismo, o envio de um SMS nestes exactos termos e em razão desta precisa circunstância revela um comportamento absolutamente contraditório. Para quem se ufana como um zelota da democracia e da liberdade, este tipo de atitudes — tão comum nos tempos áureos do socratismo — releva de uma surpreendente falta de cultura democrática.
Não me preocupa apenas a atitude de António Costa, em si mesma considerada e que, em face dos dados disponíveis, é totalmente incompreensível. Preocupa-me também que ela se inscreva num padrão que foi o padrão que marcou a relação de má memória da governação socratista com a comunicação social. Nesse mesmo dia em que Costa enviou este infeliz SMS, perfizeram-se oito anos sobre a denúncia que fiz, em pleno Parlamento, do clima de “claustrofobia democrática” que justamente pautou todo o socratismo. Nesse dia, António Costa ainda estava sentado na bancada do Governo. E estavam lá muitos dos que hoje o rodeiam e aconselham. Não estamos no plano da claustrofobia democrática. Mas estamos seguramente —e isso tem de ser veementemente denunciado — no nível do bullyingdemocrático. O SMS de António Costa é um acto de bullying contra a liberdade de expressão, contra João Vieira Pereira e contra o Expresso. E obullying intimida, condiciona, limita e apouca. O bullying, ao nível da liberdade de expressão, é o primeiro passo para a autocensura.
Na edição de 25 de Abril, João Vieira Pereira escreveu um artigo de opinião, na secção de economia, em que fazia a análise e o comentário do quadro macroeconómico que o PS encomendou a uma série de economistas. Nesse artigo, o director adjunto do semanário dá a sua opinião, simplesmente analisa e opina, nada mais. Não faz uma única menção pessoal a António Costa ou a qualquer actuação que lhe possa ser pessoalmente assacada ou que possa beliscar a sua personalidade ou integridade. Faz, aliás, vários elogios ao documento do PS. No lado que se pode tomar por negativo, considera, como tantos comentadores tinham considerado antes, que o documento tem uma orientação preferencial do PS para o eleitorado central, podendo ser visto como uma guinada ou um desvio para a direita — talvez precipitadamente, digo eu aqui e agora, atento o foco daquele programa no consumo interno. Critica ainda o fim do coeficiente familiar, que poderia beneficiar as famílias numerosas, e, mais ainda, a fé inabalável dos autores do programa em que o aumento do rendimento disponível seja afectado ao consumo e não à poupança ou ao abate da dívida privada. Para lá destas, há ainda uma crítica metodológica que alerta para uma suposta falta de coragem demonstrada por a elaboração de este “programa-quadro” caber a uma equipa externa. São estes — pasme-se — os terríveis ataques e as funestas críticas que o colunista do Expresso veicula e que motivaram uma reacção prepotente, perigosa, altamente desproporcionada e reveladora por banda de António Costa.
2. António Costa, a quem tanta impressão fez que a coligação fosse apresentada no Dia da Liberdade, quis celebrar esse mesmo dia de um modo assaz original, desferindo um golpe duríssimo, incompreensível e inadmissível, na liberdade de expressão. Com efeito, enviou ao dito jornalista um SMS em que o acusa de recorrer ao “insulto reles e cobarde” e de fazer “julgamentos de carácter”. Pelo meio, dá a entender que se trata de um profissional incapaz e desqualificado, não pertencendo ao jornalismo de “gente séria, informada e culta”. A virulência e a violência destas acusações são ainda coroadas por um ambíguo tom de ameaça, quando termina lembrando que não quer que o jornalista em causa fique com dúvidas sobre o que ele — António Costa — pensa a seu respeito. De onde se deduz, é óbvio, que, agora e no futuro, o jornalista fica já a saber com o que pode contar…
A gravidade deste comportamento não pode nem deve passar em claro. Ele é grave porque seria sempre grave; é grave porque não subsiste qualquer fundamento objectivo que o justifique; é grave porque, ainda que subsistisse, não era a telecomunicação privada o meio adequado a responder a um artigo público; é grave porque é completamente desproporcionado. Para quem ostenta e exibe a toda hora e em todo o sítio a bandeira das liberdades, o semáforo da tolerância, a superioridade moral da abertura e do pluralismo, o envio de um SMS nestes exactos termos e em razão desta precisa circunstância revela um comportamento absolutamente contraditório. Para quem se ufana como um zelota da democracia e da liberdade, este tipo de atitudes — tão comum nos tempos áureos do socratismo — releva de uma surpreendente falta de cultura democrática.
Não me preocupa apenas a atitude de António Costa, em si mesma considerada e que, em face dos dados disponíveis, é totalmente incompreensível. Preocupa-me também que ela se inscreva num padrão que foi o padrão que marcou a relação de má memória da governação socratista com a comunicação social. Nesse mesmo dia em que Costa enviou este infeliz SMS, perfizeram-se oito anos sobre a denúncia que fiz, em pleno Parlamento, do clima de “claustrofobia democrática” que justamente pautou todo o socratismo. Nesse dia, António Costa ainda estava sentado na bancada do Governo. E estavam lá muitos dos que hoje o rodeiam e aconselham. Não estamos no plano da claustrofobia democrática. Mas estamos seguramente —e isso tem de ser veementemente denunciado — no nível do bullyingdemocrático. O SMS de António Costa é um acto de bullying contra a liberdade de expressão, contra João Vieira Pereira e contra o Expresso. E obullying intimida, condiciona, limita e apouca. O bullying, ao nível da liberdade de expressão, é o primeiro passo para a autocensura.
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