quarta-feira, 20 de maio de 2015

Pais do Alto Tietê denunciam agressões em escolas

Em Itaquaquecetuba, menino teve os dentes quebrados, segundo família. Já em Suzano, pai afirma que filha foi vítima de racismo.


Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano com informações da TV Diário

Familiares de estudantes de Suzano e de Itaquaquecetuba denunciam que os filhos foram vítimas de agressão e de bullying. Luiz Carlos Rodrigues é avô de um menino de 6 anos que estuda em uma escola pública de Itaquaquecetuba. Ele diz que a criança enfrenta problemas na Escola Municipal Ali Ali Hammoud, no Jardim Nicea, desde o início do ano. Rodrigues afirma que há 15 dias o neto voltou machucado para casa. Segundo o avô, essa não é a primeira vez que a criança é agredida. “No príncipio do ano ele chegou com o rosto furado com caneta ou lápis. A segunda vez, quando fui pegá-lo, estava com dois dentes quebrados, um de leite e outro permanente.”
O avô afirma que tentou registrar um boletim de ocorrência na delegacia do Jardim Cauby. “A delegada disse que eu teria que passar primeiro no dentista com a criança para avaliar e depois voltar para a delegacia e fazer o boletim.” 
Sandra Nogueira é assessora de supervisão de ensino e avalia o caso como um incidente. “Foi um fato isolado que ocorreu na saída da escola em uma fila de crianças. Não procede bullying.” 
A família também reclama da falta de atendimento médico e de não ter sido comunicada pela escola sobre o ocorrido. “A professora socorreu e não viu nada de grave no momento. O fato de não informar a mãe foi devido ao horário. Era quase 19h. As crianças estavam entrando no transporte escolar. A monitora do transporte informou a família no ponto onde a mãe espera a criança”, justificou a assessora.
Em Suzano, Agnaldo Pereira dos Santos reclama da escola onde a filha estuda no Jardim Monte Cristo. Ele afirma que a menina de 13 anos é vítima de racismo por parte de uma colega. “Essa aluna começou com uma injúria racial e a situação se agravou. Tanto que nas férias de final de ano, minha filha trocou a noite pelo dia. Ela dormia de dia e ficava a noite toda acordada. Isso porque sofria uma certa ansiedade e pressão psicológica grande”, afirma Santos.
O pai registrou um boletim de ocorrência contra a outra adolescente, por injúria racial, na Delegacia Central de Suzano. Ele reclama do posicionamento da direção quando fez o pedido de transferência da filha. Segundo ele, a mudança de escola só ocorreu depois que o Ministério Público foi acionado. “Ela prometeu que ia tomar providências e que conversaria com a aluna, os pais e a classe.Mas só que minha filha disse que o problema não foi resolvido. Para ela terminar o ano, eu tinha que comprar bolacha porque ela não tinha condição de ficar na fila da merenda devido à agressividade que ela sofria na escola.” 
A diretora da escola, Alessandra Ambrósio, informou que tomou todas as providências e resolveu o caso. “Houve um desentendimento entre duas garotas do mesmo ano que acabou em ofensas mútuas. Uma foi punida com dois dias de suspensão, segundo o regimento da escola. Foi uma ofensa racial. A transferência dela ocorreu porque tinha vaga na escola para onde ela desejava se remover e não foi por insistência do Minitério Público”, afirmou a diretora.
Direitos
O advogado Samuel Abrusses orienta que os pais devem se movimentar e cobrar os direitos dos filhos. “Com relação à criança que teve os dentes quebrados em Itaquaquecetuba, a escola deve ser responsabilizada. Os pais dos menores que praticaram a ação contra também devem ser responsabilizados, pois os pais respondem pelos filhos. Outro ponto é que o pai tem o direito de registrar o boletim de ocorrência. No meu entendimento, o delegado de polícia que se recusou a registrar o boletim falhou.”
Quanto ao caso da aluna de Suzano, Abrusses esclarece que a injúria racial é um delito praticado contra uma pessoa com o objetivo de ofender sua raça. “O pai está certo e o delegado agiu corretamente neste caso.” Mas ele destaca que a escola resolveu o problema apenas administrativamente, porém houve um crime. “Ele precisa ser investigado na esfera judicial também.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário