sábado, 1 de outubro de 2011

Bullying no trabalho

Antes que venha outro estudo dos países frios mostrando, através de estudos, que algo que já se sabe e percebe como evidente é uma realidade, posso desde já começar por dizer que o fenómeno bullying, tão directamente ligado aos alunos das escolas, não se fica só por aí. Primeiro que tudo, gostaria de realçar a necessidade que alguns países têm de provar como real um problema que já há muito vem sendo sentido. Fazem estudos para tudo e nada e por tudo e por nada. O que, muitas vezes é óbvio ao olhar, tem, para eles, de ser provado por um estudo. O que não deixa de ser irritante. O que é mais irritante ainda é que estes problemas já se fazem sentir muito tempo antes de desses estudos, mas ninguém parece ligar sem antes aparecerem esses estudos.

Então, o problema existe e é preciso ser mais estudado. Isto não deixa de ser estúpido. O problema há muito existente deveria ser logo reconhecido e então estudado. Com este compasso lento tarde ou nunca chegaremos a alguma conclusão. E antes que apareça esse estudo mostrando a existência de bullying nos locais de trabalho, posso, desde já, afirmar, que ele existe. O que se passa nas escolas não é senão um espelho do que se passa no mundo dos adultos. De facto, o bullying ou seja a perseguição violenta, longe de ser um fenómeno recente já tem barbas e cabelos brancos para além de uma pele engelhada. Já existia, pelo menos, no meu tempo. E se me recordo da perseguição, havia muitos tipos e formas de a fazer. A preferida é aquela que não deixa marcas e deixa as testemunhas na dúvida. Se é que há margem para dúvidas. Deve haver, isso sim, é medo. E não falo de miúdos só, falo de adultos também.

Não é por acaso que este país tem um consumo elevado de ansiolíticos e outros medicamentos psiquiátricos. Não é exclusivo desse problema mas muitos deles estão directamente relacionados com este problema. E tenho ouvido relatos terríveis de perseguições em locais de trabalho, algumas delas inacreditáveis mesmo mas com um ingrediente comum: o gosto de fazer sofrer. É isto que torna difícil acabar com este problema. E o mais grave é que o medo de falar faz com que toda a gente, se possível, venha negar esse facto ou a aligeirar a questão como já aconteceu comigo, veiculando para a vítima a culpa da perseguição. Não se adaptam, dizem. O que se passa é que é difícil adaptarmo-nos a um ambiente que nos francamente hostil. Os perseguidores topam a fragilidade ou fragilidades da vítima para a atacarem. São também terríveis manipuladores, capazes de minar o território quando a vítima tenta bater em retirada, deixando-a completamente isolada. É que assim é mais fraca. E os perseguidores gostam delas bem fracas de forma a não oferecerem resistência. Assim não dá muito trabalho, só dá gozo. É isso mesmo.

Este tipo de perseguições é realizada por pessoas sádicas e perversas que sentem poderosas quando infligem qualquer tipo de dor ao próximo. São pessoas horríveis, mas é o que há. E cada vez são mais numerosas ou então tornaram-se mais descaradas, visto a impunição ser total. E se formos discutir o que motiva estas perseguições, nunca mais sairíamos daqui, uma vez que se evocariam múltiplas razões, e se calhar todas falsas, porque, no fundo, a razão é só uma: a maldade humana que toma conta de algumas pessoas. E deve existir também noutros espaços, para além destes dois. Mas vamos ter de esperar por mais estudos. Só a partir daí vem o reconhecimento… e o resto.

Fátima Nascimento

Fonte: O Rio.PT

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