domingo, 29 de maio de 2011

Bullying vira problema de saúde pública

Vivemos tempos especiais em todos os sentidos. É o caso da do dia a dia nas salas de aula. No tempo de escola de muitos mestres com 40 anos de idade ou mais, eventuais brincadeiras com maldade entre colegas eram consideradas “normais” e, no máximo, implicavam em advertência na sala do diretor ou comunicação aos pais. Contornava-se o problema de acordo com a conscientização da época; ou ficavam as sequelas psicológicas nas vítimas de maus-tratos e assédio de mau gosto. Só nos últimos anos é que o bullying se transformou num problema sério na educação, a partir de relatos vindos do Exterior.

No Brasil, nas últimas duas ou três décadas, a sociedade se preocupou apenas com os trotes universitários feitos violência. A imprensa passou a divulgar as ocorrências e alertas sobre os riscos psicológicos e físicos na recepção desses jovens calouros. Há registros até de morte, no Brasil e Exterior. O problema ainda continua, em muitos centros universitários do País. Alguns conseguiram reverter o comportamento com o incentivo dos chamados trotes educativos - campanhas pelo meio ambiente, ações sociais, doação de sangue, etc.


O conceito

De repente, no mesmo ritmo do surgimento da Internet e outros fatores comportamentais do novo século, a convivência entre crianças e adolescentes ganhou novos aspectos. Apareceu o conceito de bullying. O assunto é tão novo que foi necessário buscar uma palavra no dicionário da língua inglesa para explicar o fenômeno. Bullying formalmente se refere a todo e qualquer ato de violência psicológica ou física, cometido por um ou mais indivíduos contra outra pessoa, sem possibilidade de defesa, com a intenção de intimidá-la ou agredi-la.


Na saúde

Detectado e discutido inicialmente entre especialistas, rapidamente alcançou o universo dos professores e passou a ser um problema a ser considerado pelos pais e até polícia. Agora, e esta é a novidade, o bullying se transformou em um tema também da saúde pública. Saiu da esfera da educação. Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo sobre as dúvidas dos jovens, recebidas por meio de ligações para o Disque-Adolescente, mostra que eles estão cada vez mais preocupados com o bullying. Os dados foram coletados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2010, e divulgados esta semana. No período, o serviço telefônico recebeu 1,7 mil telefonemas de jovens de 10 a 20 anos de idade. Das dúvidas classificadas como psicológicas, 20% eram sobre dificuldades de relacionamento na escola.


Prejuízo

“O bullying, principalmente no ambiente escolar, é extremamente prejudicial para o desenvolvimento dos adolescentes, podendo inclusive criar traumas e problemas psicológicos graves que necessitem de acompanhamento médico”, diz Albertina Duarte, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria. “Este é um problema sério, que incomodam muito os jovens”.


Castigo

Autoridades educacionais e a Justiça tentam encontrar formas também modernas de lidar com os infratores, para não repetir o erro de tentar resolver a violência com mais violência. Nessa hora, soluções criativas da pedagogia são bem-vindas. Exemplo disso é a atitude de um promotor de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, da Vara da Infância e da Adolescência. Ele determinou que um adolescente de 13 anos flagrado extorquindo um colega de escola, será punido com tarefas na escola, como limpeza de pátios e lavagem de louça da merenda escolar.


Debate

Nesta segunda-feira (30), será promovido em São Bernardo do Campo o I Simpósio sobre Bullying no Grande ABC, com palestras do juiz da Vara de Infância e Juventude do município, Luiz Carlos Ditommaso, de Cleo Fonte, pesquisadora e autora de livros sobre o tema, e Juliana Abrusio, professora especializada em direito e tecnologia da informação. O evento, promovido pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal, será na Escola Senai Mario Amato, entre 8h e 12h30. Informações: dib@williamdib.com.br


Discussão

Esta coluna continua estimulando a troca de experiências para ajudar pais e educadores no enfrentamento do problema no Interior paulista. Se você tiver sugestões ou opiniões sobre o tema, pode participar enviando o texto para Contexto Paulista, no e-mail wmarini@apj.inf.br

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru

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