quarta-feira, 5 de julho de 2017

Bullying: o papel dos Pais

ESTADÃO

Colégio Aprendendo a Aprender
O termo Bullying tem origem na palavra inglesa bully que significa brigão, valentão e/ou tirano. Interpretamos seu conceito em português como a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos à vítima. Cabe destacar que todo bullying é uma agressão, mas nem toda agressão é definida como bullying. As principais características são a intencionalidade e a repetição; brigas ou discussões pontuais não são bullying.
Uma forma de bullying que se tornou muito comum é o cyberbullying, que ocorre através dos meios eletrônicos, como: celulares, e-mails, sites, blogs e redes sociais. É um meio que amplia a zona de agressão, sendo mais rápido e potencialmente mais devastador, pois o anonimato do agressor tende a aumentar a crueldade das agressões e as consequências podem ser tão graves ou piores quanto o formato padrão de bullying.
O bullying sempre existiu, não é um fenômeno recente, porém sua popularidade cresceu com a influência da tecnologia e a dimensão que as agressões passaram a ter. Muitas consequências trágicas e a impunidade deixaram o tema mais vivo e atual do que nunca, daí a importância em debater a respeito. Apesar de a prática ocorrer em qualquer contexto social, direcionarei a atenção para o cenário escolar, em específico ao papel dos pais no cuidado com seus filhos.
Os personagens de uma ação de bullying costumam ter atributos específicos. Via de regra qualquer criança ou adolescente que tenha alguma característica que não seja valorizada pelo grupo ou a deixe em desvantagem é uma vítima em potencial; tendem a ser crianças mais tímidas, que se posicionam menos, com características que geram algum tipo de descriminação por conta de raça, etnia, sexualidade ou alguma questão física, por exemplo.
Já os agressores tem um perfil mais popular, manipulador, com maior capacidade de liderança dentro do grupo e tendem a ser mais impulsivos e agressivos. Muitas vezes até se destacam fisicamente, sendo maiores e mais fortes que suas vítimas. Além dos protagonistas também fazem parte as testemunhas, que participam indiretamente da ação e podem sofrer dos respingos emocionais dessa “cumplicidade”.
É importante aos pais estarem atentos a alguns sinais, como: apatia, irritação, medo, vergonha, ansiedade, infelicidade, isolamento, alterações de sono e apetite, queda no rendimento escolar e recusa em ir à escola; qualquer comportamento atípico pode ser um sinal amarelo. Aos meus olhos tanto vítima quanto agressor merecem cuidados, cada um lida com formas diferentes de sofrimento em uma situação como esta, precisam ser acolhidos e orientados.
No momento em que os pais identificam o filho como parte de um processo de bullying é importante manter a calma para conseguir ouvi-lo, tentar alcançar sua dor e compreender a situação e as emoções envolvidas no contexto. Aproximar-se, dialogar bastante, criar um ambiente seguro e protegido por um elo de confiança é o viés mais saudável para encontrar alternativas de cuidado. É fundamental que os pais consigam estar estruturados emocionalmente para lidar com o sofrimento do filho, não caindo na armadilha de instigar o revidar ou a agressão como resposta de defesa. Este nunca é o melhor caminho.
Ajudar seu filho a se defender, no meu ponto de vista, diz de ajuda-lo a se (re)conhecer. Descobrir suas forças, qualidades, habilidades e também vulnerabilidades o tornam mais íntegro. Valorizar os pontos fortes faz com que as fragilidades não sejam tão relevantes, afinal não somos perfeitos. Trabalhar as diferenças de forma positiva ajuda a tornar as relações mais seguras, além de descaracterizar os preconceitos.
Outro passo fundamental é que seu filho, em sendo a vítima do bullying, entenda que não é o culpado por isso. Quando a criança ou adolescente sabe como relevar uma provocação, deixa de ser uma vítima que satisfaz e essa postura acaba sendo a melhor defesa contra a agressão. Ou seja, se não estivermos lidando com uma agressão física ou que envolve uma ação em grupo, é importante deixar que seu filho tente lidar com o problema. Faz parte do amadurecer conseguir identificar recursos e possibilidades para enfrentar situações de conflito. O fundamental é que seu filho saiba que não está sozinho e possa buscar respaldo em casa e na escola sempre que precisar.
Pensaremos sobre a responsabilidade da escola nesta questão em uma próxima pauta, mas sem dúvida, se este lugar puder ser usado para informar, ensinar, debater e prevenir tanto o bullying tradicional quanto o cyberbullying, estaremos fazendo um ótimo trabalho em conjunto e contribuindo para minimizar, de forma geral, a dimensão da violência.
Bullying não é brincadeira, se necessário busque a ajuda de um profissional de Saúde.

Maria Amélia Aderaldo – CRP: 06/74257

Psicóloga Clínica e Hospitalar


(11) 9.9971-8648 / maderaldo25@gmail.com

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