terça-feira, 11 de julho de 2017

Bullying racial em escolas é recorrente e adultos precisam ser 'punidos'

Keka Werneck 
Gazeta Digital

Bullying racial é rotina nas escolas públicas e privadas de Mato Grosso e o cabelo e a cor da pele são alvos preferenciais, afirma a diretora do Instituto de Mulheres Negras (Imune), Neusa Batista, autora do livro infantil "Cabelo Ruim".

Ela diz isso no contexto de um caso de bulliyng que está repercutindo no final desta semana. A mãe de uma aluna trouxe a público ofensas que a filha dela sofreu, por causa do cabelo afro e chegou em casa chorando.

"Isso é recorrente e a menor parte das pessoas denuncia", afirma Neusa, que é do movimento negro em Cuiabá. Antes da denúncia, segundo ela, vítimas costumam passar um bom tempo apenas sofrendo caladas, sentindo vergonha da própria pele e do cabelo, principalmente.

O antídoto contra isso, segundo ela, é estudar sobre as origens africanas.

"Associam o negro ao escravo, ao ruim, ao sujo, ao inadequado, quem vai querer ser tudo isso? Mas estudanto sobre a África, a gente vê que tem uma cultura muito rica, a matemática surgiu na África, a primeira universidade também, então tem uma contribuição enorme dada ao mundo, ao Brasil então nem se fala. Sabendo de tudo isso, a pessoa muda a relação consigo mesma, com o cabelo, passa a gostar, a se identificar e a saber se defender", acredita a escritora.

O livro dela, "Cabelo Ruim", tem distribuição nacional desde 2006, e conta a história de 3 meninas negras, Tatá, Bia e Ritinha, que estão em sofrimento por serem negras.

“Cabelo de Bombril, Cabelo de vassoura, Pixaim! Estas e outras expressões pejorativas referentes ao cabelo crespo são comuns no ambiente escolar, figurando entre as piadinhas trocadas entre alunos. Uma piada deste tipo é o estopim da história narrada no livro", diz resumo da publicação.

De forma lúdica, o livro ajuda outras meninas a se estruturar melhor para enfrentar bullying racial.

Sobre a escola onde o caso ocorreu, ela sugere atividades pedagógicas imediatas, porque apenas pedido de desculpas não resolve.

"É interessante os alunos que atingiram a menina pedirem desculpas, até porque são crianças e estão em construção. Mas adultos precisam ser mesmo é responsabilizados", comenta Neusa.

O advogado Augusto Frutuoso, da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso, ressalta que na lei são crimes injúria racial e racismo.

A injúria racial consta do Código Penal e é caracterizada por um xingamento direcionado à pessoa. A pena é de até 3 anos de reclusão e o crime é afiançável. Já o racismo é tratado pela Lei 7.579, a pena é de 2 a 5 anos de reclusão e o crime é inafiançável.

"Critico essa separação porque tudo é racismo", diz o advogado, sugerindo às pessoas atingidas que denunciem.

O Gazeta Digital, que já havia ouvido a mãe da menina, tentou falar com a direção da escola, onde ocorreu o caso de repercussão atual, mas não conseguiu contat

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