terça-feira, 25 de julho de 2017

Violência nas escolas

O GLOBO
BLOG DO NOBLAT

Alguns dos problemas enfrentados pela educação brasileira estão nas dificuldades impostas por conteúdos pouco atraentes, na ausência de material didático adequado, na infraestrutura insuficiente, nos planos de carreira docente desestimuladores e nos poucos incentivos à atividade de magistério.
Entretanto, também defrontamo-nos agora com o crescimento exacerbado dos índices de violência, que vem provocando danos irreparáveis ao ambiente escolar.
A violência é influenciada por diversos fatores, entre eles o espaço no qual a escola está inserida, a má utilização da comunicação, algumas regras de disciplina incompatíveis com os tempos atuais e o nível de atraso dos estudantes.
O baixo rendimento escolar, por exemplo, leva alguns estudantes à agressão verbal, ou física, aos seus professores, e também à depredações, em muitos casos das próprias instalações escolares.
Os casos de bullying, que constituem uma forma de violência moral entre os próprios estudantes, são muito frequentes em grande parte das escolas e se avolumaram com o crescimento das redes sociais.
Segundo dados obtidos a partir dos questionários aplicados na Prova Brasil, mais da metade dos professores, diretores e funcionários das escolas públicas relatam casos de violência, alguns contra eles.
A ausência de acompanhamento pela família também favorece o aumento das situações de conflito nas escolas.
Entre os estudantes, a violência aparece com índices preocupantes, pois mais de 70% dos professores e diretores reportam ter presenciado agressão física entre alunos. A situação extrema de furtos e roubos aos professores e gestores também foi constatada em diversas escolas.
Um estudo da UNESCO mostrou que atualmente a sala de aula não garante ao estudante mais segurança do que a rua, tanto em escolas públicas como nas escolas particulares.
Hoje em dia, diretores, professores, funcionários administrativos e alunos são obrigados a conviver com fatos que passaram a fazer parte do cotidiano de alguns dos nossos maiores centros urbanos, como a posse ilegal de armas e o tráfico de drogas.
Na semana que passou, o tema foi discutido numa reunião do Fundo das Nações Unidas para a Infância (a UNICEF).  Nessa reunião, foi divulgado que, no primeiro semestre letivo de 2017, na Cidade do Rio de Janeiro, somente foi possível abrir todas as escolas em apenas 8 dias letivos, de um total de 107 dias, em função dos tiroteios.
A violência corre o risco de ser legitimada, quando aceita passivamente pelos governos.
A descontinuidade nas aulas e nas demais atividades que norteiam o processo de aprendizagem diminui o rendimento escolar.
Nas últimas semanas, por exemplo, sucessivos casos de estudantes atingidos por balas perdidas ocuparam as manchetes dos jornais, demonstrando a escalada da violência, notadamente nas regiões mais pobres do Rio de Janeiro. Resultado: aulas suspensas, afastamento das escolas, abandono de cursos, professores que desistem.
Evidentemente, a educação é prioridade para o desenvolvimento. Ela, entretanto, depende da consecução de outras políticas, entre as quais a de segurança pública que, em muitos casos tem sido relegada a planos secundários.
É urgente e indispensável a recuperação econômica do Rio de Janeiro, segundo maior produto interno bruto da federação, retomando-se a continuidade e o cumprimento do calendário de pagamentos dos salários aos servidores, o reaparelhamento dos órgãos de segurança, assegurando-se igualmente a oferta da assistência social e acompanhamento dos estudantes pelas famílias.
Bullying (Foto: Arquivo Google)(Foto: Arquivo Google)

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