domingo, 18 de setembro de 2011

A propósito do novo Ano Lectivo em Portugal

Vai iniciar-se um novo ano escolar.
 
E, no entanto, o panorama geral do ensino não é muito animador!
 
Estes últimos anos de governação socialista, com ministras da Educação que pouco ou nada percebiam do ofício, pautaram-se pela existência de conflitos graves entre o governo e os agentes de ensino, face à forma como estes foram subjugados e afastados do sistema de ensino-aprendizagem que os socialistas quiseram impor no país. Sócrates e os seus pares praticaram uma política educacional insuportavelmente demagógica e confrangedora, com o objectivo de alterar artificialmente as estatísticas, passando-se de um país com grande percentagem de insucesso para um país com grande sucesso escolar, fazendo dos analfabetos reais analfabetos funcionais, contribuindo para o desmantelamento de todo o sistema de ensino em Portugal. Os seus reflexos certamente irão ser visíveis dentro de pouco tempo.
 
Hoje, com este governo PSD/CDS, temos um ministro da Educação que pelas suas intervenções pertinentes na comunicação social, tem revelado saber de educação. Neste momento, existem expectativas positivas depositadas em Nuno Crato. Pensamos que não deixará esfumar-se esse capital de confiança que os agentes de ensino nele depositaram.
 
Sabemos que o ensino em Portugal tem seguido o caminho dos outros sectores da vida nacional, apresentando-se com uma maquilhagem destinada a esconder a profunda realidade dos portugueses. Nestes últimos anos, os socialistas impuseram-nos um sistema de ensino medíocre que incentivava ao desleixo e à bandalheira dos alunos. Andou-se a trabalhar para as estatísticas, de forma artificial, criando uma massa de incultos num país de falsos educados, dando asas ao facilitismo que se concretizou nas Novas Oportunidades e nos EFA. Houve até intenção de passar administrativamente os alunos sem aproveitamento, com mais de 15 anos de idade, do 8º de escolaridade para o 10º, sem necessidade de frequentar o 9º. E, por fim, para completar a fraude, ainda se pensou dispensar os alunos da frequência da disciplina de Matemática.
 
Estas directrizes socialistas desprestigiaram a classe docente, fomentaram o desrespeito de alunos, encarregados de educação e dos portugueses em geral, em relação aos professores, instigando à violência nas escolas e fora delas, levando até ao desrespeito dos alunos em relação à ministra.
 
Hoje os portugueses cientes da importância que tem a educação dos seus filhos, procuram outros caminhos, renovando a sua alma e acreditando noutros sonhos e noutras esperanças mais viradas para o futuro que lhes traga mais felicidade espiritual, já que a material os socialistas encarregaram-se de acabar com ela.
 
Neste momento, é preciso olhar de frente para os problemas da educação e não assobiar para o lado ou fazer como a avestruz enfiando a cabeça na areia. Se não se fizer agora alguma coisa pela educação, ela vai acabar sendo um trauma nacional que daqui a pouco já não terá solução.
 
É fundamental e urgente, para melhorar o nível da educação em Portugal, flexibilizar os currículos e os programas, que estão desajustados da realidade dos jovens educandos, dar autoridade aos professores e às escolas e mais e melhores condições de trabalho. Os professores querem uma verdadeira reforma do ensino virada para os seus problemas e não apenas as leis avulsas com que os socialistas entretiveram o povo e cujo objectivo consistia apenas em fazer com que os professores não auferissem o salário a que tinham direito.
 
É fundamental e urgente voltar a colocar o ónus da educação na verdadeira essência do ensino. Há que restituir a dignidade aos professores, porque estes últimos governos passaram para a opinião pública a ideia de que eles são os culpados de todos os problemas do ensino no país. Os professores levam uma vida de sacrifício nas suas escolas, remando para bem do ensino, com espírito de missão e depois não são devidamente compensados, levando ao desânimo e à desmotivação. Temos que virar o ensino para o que é óbvio em pedagogia e não para questões burocráticas. Os professores são uma classe estruturante de todas as sociedades. Deixem-nos trabalhar e facultem-lhes as condições para eles desenvolverem o seu trabalho. Os professores devem ser acarinhados pelo seu trabalho, por aquilo que dão à escola, aos alunos e à comunidade. 

Há que encontrar forma de restituir o prestígio da classe docente e premiar o mérito dos professores que são mais dedicados e que têm realizado um excelente trabalho sem show off desnecessário.
 
Noutros países mais desenvolvidos há uma consciência social de que deve ser assim, e o bem-estar das pessoas passa muito pela sua educação. Infelizmente em Portugal tudo funciona ao contrário.
 
Tudo se exige aos professores e em contrapartida proporcionou-se o facilitismo aos alunos! Há que repensar o regulamento do estatuto do aluno. É preciso procurar formas de comprometer mais os pais no sistema educativo e na escola, para evitar que a sua presença na escola seja apenas quando os filhos têm notas negativas ou no final do ano lectivo. Alguns só aparecem para reivindicarem notas elevadas para os seus educandos.
 
Há que racionalizar as actividades extra-curriculares, nomeadamente conferências, palestras, exposições, e coordenar os departamentos de forma a evitar-se as repetições e sobreposições de eventos. Antigamente fazia-se pouco; agora caiu-se no exagero e proliferam exageradamente estas actividades.
 
O número actual de disciplinas é exagerado, é necessário reduzi-las e reduzir também a carga horária dos alunos, sendo possível assim exigir mais deles e retirar daí mais proveito. Há que repensar a eficácia dos blocos lectivos de 90 minutos, que pode ser muito importante para algumas disciplinas mas fastidioso para outras. O bloco de 90 minutos não pode ser a regra geral. 

Aceitamos que se mantenha parcialmente em algumas disciplinas mas noutras não. Nestas poderia manter-se um bloco de 90 minutos mas que as outras aulas fossem de 50 minutos. Seria mais agradável, menos cansativo para o professor e mais profícuo para os alunos que depois de um certo tempo, “já não estão na sala de aula”, desligados completamente da matéria e do estudo.
Outra questão importante é a flexibilização dos currículos, de forma a poderem ser incluídos neles componentes regionais, nomeadamente na História, Geografia e Biologia, para que os alunos se sintam mais motivados e, conhecendo melhor a realidade local, possam vir a ter no futuro uma intervenção cívico-política mais profícua.
 
Em suma, podemos fazer mais com menos meios, é fundamental saber racionalizá-los. As necessidades da sociedade actual exigem uma atenção especial ao ensino. Não obstante a pressão dos crónicos deficits, tem de atribuir-se importância ao sector do ensino, que é imprescindível para o desenvolvimento de qualquer sociedade.
 
E talvez este seja o momento ideal para definir objectivos e repensar estratégias: as dificuldades do presente poderão e deverão ser a mola impulsionadora para uma verdadeira revolução no Ensino, que só poderá ter sucesso com a colaboração de todos. É sobretudo nos maus momentos que as famílias se unem para melhor enfrentar a adversidade. A família portuguesa será capaz de dar também esse passo?

Artigo de Opinião de : Emanuel Janes 

Fonte: Jornal Madeira de Portugal

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