domingo, 25 de setembro de 2011

Ameaças e crimes expõem aumento da violência nas escolas de Umuarama

Umuarama – A violência é um problema social que está presente, cada vez mais, também nas ações dentro das escolas. Isso já não é surpresa, pois notícias envolvendo violências entre crianças, adolescentes e até professores aparecem diariamente. E é o que não deveria acontecer, pois escola é lugar de formação da ética e da moral dos sujeitos ali inseridos, sejam eles alunos, professores ou demais funcionários.
 
Na edição de quinta-feira, o Ilustrado relatou a história de uma criança de 14 anos, que vem sendo ameaçado de morte, por outros dois garotos, por ser honesto, e relatar um furto. O caso aconteceu nas imediações de um colégio estadual e o pai da vítima registrou um boletim de ocorrência na delegacia em Umuarama, e teme pela segurança do filho.
 
Na sexta-feira, a RPC TV, exibiu uma reportagem, em Cianorte, onde uma aluna do Colégio Estadual Itacelina Bittencourt, gravou imagens de uma briga que envolveu quatro estudantes na escola. Segundo a estudante, que não quis se identificar, a confusão aconteceu no horário do intervalo, quando três adolescentes agrediram outro jovem, que não conseguiu se defender. Dois dos agressores não eram alunos e entraram na instituição apenas para cometer a violência, segundo a estudante.
 
O chefe do Núcleo Regional de Educação, em Umuarama, Adalberto Carlos Rigobello, afirma que o problema da violência, geralmente é algo externo à escola e os alunos trazem problemas das ruas; “A violência que a criança sofre, ou presencia, nos bairros, é levada para o interior das escolas”. As drogas são um motivo de preocupação para Rigobello. Segundo ele, através delas, os alunos ficam violentos, causando problemas.
 
Rigobello afirmou ainda que para enfrentar esse grave problema, é preciso existir o fortalecimento de uma rede de apoio à criança, que envolve todas as entidades, que se preocupam com a formação de cidadão de bem. Ele relatou que é preciso investir na educação, “É muito melhor a criança estar na escola, do que na rua. Hoje o pai e a mãe precisam trabalhar e é melhor a criança estar com um professor”, enfatizou Rigobello.
 
Para a coordenadora do enfrentamento à violência na escola, Edina Terezinha Monteiro, é preciso trabalhar com a prevenção, trabalhando junto com a rede de proteção à criança. Ela destaca o trabalho da Patrulha Escolar, que também faz um trabalho de prevenção junto às escolas e Guarda Municipal que sempre marca presença nas portas e nas escolas.
 
Em relação às violências sofridas pelos professores, Edina afirma que não há registros mais sérios em Umuarama, mas faz um apelo para que os professores denunciem a violência. Segundo ela, os professores não tem o habito de denunciar e isso prejudica o trabalho de combate à violência.
 
A origem da violência pode estar na família
A prática de um ato infracional por crianças, adolescentes, é visto pelo Conselho Tutelar como um problema de falta da estrutura familiar. Os conselheiros Amos Westphal, e Priscila Mariana Carvalho de Morais, em conversa com a reportagem do Ilustrado, relataram que a escola é mais um cenário dessa violência, e como a criança passa a maior parte do tempo nas escolas, acaba estourando lá.
 
O conselheiro Amos destaca que o agravante hoje é a ausência dos pais. Antigamente, podia até ter um conflito nas escolas, mas ao chegar em casa, a criança era orientada pelos pais. Priscila ressalta que as crianças hoje estão sendo educadas somente pelo Governo, pois a família já não faz mais o seu papel. “A família acaba entendendo é que é dever da escola, é dever da creche, é dever de qualquer um zelar pelo filho, menos da família. A falta de tempo dos pais deixa as crianças desamparadas, sem uma direção.”
 
A conselheira destaca ainda que as famílias hoje, já não são funcionais. Muitas delas não exercem o mesmo papel, que antigamente exerciam, de ditar regras, impor limites, conselhos morais. O conselheiro Amos ressalta que a educação moral deve ser ensinada pela família, pois não é função apenas das escolas.
 
Essa ausência pode gerar uma culpa, que não permite repreender as atitudes das crianças. Segundo Priscila, essa ausência inibe os pais, já que eles não participam da vida da criança e não têm autonomia para repreendê-las.
 

MAIS MORTES EM ESCOLAS
Esse ano a violência nas escolas já foi destaque no noticiário nacional e internacional. O mais chocante talvez tenha sido o Massacre de Realengo; no dia sete de abril, por volta das 8h30min da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 12 e 14 anos. Oliveira foi interceptado por policiais, cometendo suicídio.
 
Na quinta– feira passada, uma outra tragédia, dessa vez em São Caetano do Sul, onde um aluno de 10 anos atirou na professora dentro da sala de aula e depois disparou contra a própria cabeça. Os dois foram socorridos com vida, mas o estudante David Mota Nogueira morreu. A professora, identificada como Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, deixou a escola consciente.

Fonte: Umuarama Ilustrado

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