quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Feira do Livro debate o bullyng

Agressões, xingamentos e apelidos dentro do ambiente escolar não são práticas recentes, mas os problemas causados por esse tipo de comportamento têm recebido mais atenção de educadores, pais e da sociedade em geral.Tema recorrente nos dias de hoje, o bullying será debatido na XV Feira Pan-Amazônica do Livro nesta quarta-feira, 7, de 15h30 às 17h, no Papo Cabeça, e também será tema da apresentação da Sócio-Dramatização dos alunos da Escola Maria Araújo Figueiredo “Há sonho com Bullying?, na quinta-feira, 8, às 10h30, no Coliseu das Artes.

A Feira do Livro está sendo realizada pelo governo do Estado até o dia 11, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.  Para Cleo Fantes, convidada do Papo Cabeça e especialista no assunto, a parceria entre a escola e a família é a chave para combater essa prática ainda tão presente na realidade das escolas brasileiras. “As escolas devem, primeiramente, reconhecer o bullying e diferenciá-lo das brincadeiras cotidianas, dos atos de indisciplina e incivilidades. Em segundo lugar, entender que nem tudo o que ocorre na escola é bullying, como vem acontecendo. Em terceiro, que ações pontuais não resolverão o problema. É necessário fazer um diagnóstico da escola, convocar toda a comunidade escolar para uma ampla discussão”, afirma.

Cleo é doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Aveiro/Portugal e vai falar sobre o assunto ao lado de Reinaldo Pontes, Doutor em Sociologia pela Universidad Complutense de Madrid. Ela explica, ainda, que o bullying não é um fenômeno da modernidade e que é possível identificar uma situação do gênero. “Embora muitas crianças não se expressem verbalmente, alguns sinais demonstram que necessitam de ajuda. Geralmente, a criança que está sofrendo bullying se retrai ou se isola socialmente. Apresenta aspecto triste, deprimido ou irritadiço. Falta frequentemente às aulas, sem justificativas convincentes. Pede para mudar de turma, turno ou de escola. Perde a concentração, o entusiasmo pelos estudos e pode ter queda acentuada no rendimento escolar, além de sintomas como dores de cabeça e de estômago, febre, diarréia e vômitos, dentre outros”, explica.

Por outro lado, não são apenas as vítimas que precisam de ajuda, mas os agressores também. “As consequências para os autores de bullying são variáveis, podendo ter prejuízos na aprendizagem e no processo de socialização, além de problemas emocionais, como depressão, autoflagelação, envolvimento em drogas e delinquência, dentre outros; há probabilidade de reprodução do comportamento agressivo, quando adultos, em outros contextos, como no trabalho e na constituição familiar”.

Reinaldo Pontes, por sua vez, vai apresentar a realidade das escolas paraenses. Ele coordenou as pesquisas do “Observatório da Violência” no Pará, entre 2004 e 2011, um projeto realizado pela Universidade da Amazônia (Unama) em parceria com a Unesco. “Iniciei nesse projeto depois de retornar de meu doutorado, há oito anos, movido pelo interesse na área dos direitos das crianças e adolescentes, com o qual sou envolvido desde a década de 80”. Ele agora desenvolve ações de pesquisa e participa da coordenação da Rede “Escola Cidadã”, em de instituições públicas e privadas em Belém.

Para ele, o que mais preocupa nos dias de hoje é a banalização das distintas formas de violência. “Parece que praticar ou receber violência passou a fazer parte natural das relações sociais, com uma ou outra forma de socialização. Esse padrão é corroborado pelas distintas mídias, pelo cinema, etc”. Ele explica, no entanto, que para combater a violência em qualquer forma de apresentação é necessário compreender como o fenômeno ocorre.

“A violência é um fenômeno multicausal. Logo, deve-se evitar procurar culpados, mas sim compreender os processos complexos que fazem nascer nos agressores a autorização para maltratar os mais fracos. A disseminação de valores do individualismo, do consumismo, do exibicionismo, etc, vai imprimindo na formação do caráter de crianças e jovens hierarquizações problemáticas, levando alguns a pensar que não tem nada de mais em humilhar, discriminar, apelidar, excluir, roubar, destruir suas coisas, etc, por que esses, efetivamente merecem esse tratamento desumano, por serem portadores de alguma diferença”, comenta.

Apesar do tema sério, todo o debate será permeado por uma intervenção artística da atriz e cantora Ester Sá e do músico Renato Torres, que também darão mensagens ao público através da música e da poesia.

Serviço:

Papo Cabeça: Palestra com Cleo Fante e Reinaldo Pontes
Dia 07/09
Hora: Às 15h30
Local: Coliseu das Artes (Hangar - Centro de Convenções da Amazônia)
Sócio-Dramatização: Há sonho com Bullying?
Alunos da Escola Maria Araújo Figueiredo

Dia: 08/09
Hora: 10h30
Local: Coliseu das Artes (Hangar Centro de Convenções da Amazônia)
Ascom Secult

Fonte: Agência Pará

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