quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Não, games violentos não vão tornar seu filho agressivo


Nem adianta tentar controlar a criançada: segundo um estudo internacional, os pais não conseguem limitar o quanto os filhos são expostos a jogos violentos. Mas também não há motivo para preocupação - nenhum videogame vai torná-los antissociais ou praticantes de bullying

POR Ana Carolina Leonardi  do Super Interessante

Especialistas em desenvolvimento infantil discutem há anos o efeito de jogos violentos no comportamento das crianças - e o bate boca intelectual está longe de terminar. Mas o estudo mais recente feito com voluntários com uma média de 12 anos mostra que os jogos tem menos influência sobre as reações infantis do que se imaginava.
nova pesquisa analisou o comportamento de 304 crianças britânicas. Os pesquisadores entrevistaram as crianças e os pais para entender o quanto elas estavam expostas a jogos violentos e como era seu comportamento com os amigos, na escola e na comunidade onde viviam.
Ao contrário da maioria dos estudos que estuda a relação entre videogames e agressividade, que geralmente estudam adolescentes de no mínimo 16 anos, a nova pesquisa deu destaque a crianças mais novas - antes da fase da "aborrecência".
Os cientistas não encontraram nenhuma ligação entre um aumento de comportamentos agressivos e o envolvimento com videogames, mesmo que violentos. As crianças jogadoras também não apresentavam uma frequência maior de atitudes antissociais e de bullying com os colegas. Pelo contrário, os pesquisadores encontraram uma relação entre jogar videogame e se envolver com mais frequência no que eles chamam de "atividades cívicas", como o trabalho voluntário.
A correlação entre ser mais participativo na comunidade e jogar mais videogame era bastante leve - não dá para dizer que um fator causou o outro, nem que todo jogador vai gostar de ser voluntário ou vice e versa. Mas o resultado é mais um argumento contra a ideia de que as imagens violentas dos jogos influenciam negativamente a vida das crianças.
O estudo também considerou o quanto os pais interferiam no processo da escolha de jogos. E perceberam que a influência parental... não afetava a quantidade de jogos violentos que as crianças jogavam. Pode ser que elas sejam expostas a esse tipo de conteúdo fora de casa, com os amigos. Outra possível explicação é que, quando os pais conhecem os jogos de perto, eles mesmos acabam se acostumando com o ambiente do jogo e deixam de censurar as crianças. Seja como for, não adianta tentar controlá-los: os pequenos jogadores acabam encontrando um jeito de acessar os videogames de que gostam. Felizmente, os pesquisadores concluíram que não há perigo nisso.
A última parte do estudo analisou os motivos para as crianças buscarem jogos violentos. A resposta encontrada pelos cientistas foi de que esses videogames são ferramentas úteis de redução de estresse e melhora de humor. Mesmo estudos que apontam os jogos como responsáveis por comportamento agressivos concordam que eles podem ter uma função educativa, ajudando a liberar a raiva e melhorar as habilidades de resolução de problemas.

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