sábado, 28 de janeiro de 2017

"É preciso fazer marketing com os Direitos Humanos. Vender como se vende um produto"



As mãos são as protagonistas dos doze temas. João Afonso, vereador da CML, imita o gesto de janeiro.
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Bullying, igualdade de género, conciliação da vida profissional e familiar ou respeito pelos idosos. A câmara de Lisboa lança uma campanha para mostrar que respeitar os Direitos Humanos traz benefícios à cidade.


Tal como a necessidade de não deitar lixo nas ruas, de manter os jardins da cidade limpos ou de pagar os transportes públicos, é preciso também alertar os munícipes para a necessidade de proteger os Direitos Humanos -- a reivindicação é de João Afonso, vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa. 

O pelouro lança este mês a campanha "Os Direitos Humanos estão nas nossas mãos" com um objetivo: "O que nós queremos é sensibilizar todos os cidadãos de Lisboa - e quando digo isto refiro-me a todos os que vivem, trabalham e vêm a Lisboa - sobre a importância dos direitos humanos e dos direitos sociais. Cada um deles tem responsbailidades na sua implementeção", defende o responsável, em entrevista à RTP.

Serão doze temas, um para cada mês. Em janeiro, o tema é "A inclusão está nas nossas mãos", em abril será "Juntos quebramos o ciclo de comportamentos aditivos e dependências" e em novembro será altura de refletir sobre "A igualdade de género tem de passar das palavras".

Os temas, diz João Afonso, foram escolhidos com base no trabalho que o pelouro dos Direitos Sociais tem vindo a fazer. "Um dos temas, cujo lema é parar a violência nas relações entre homens e mulheres, tem claramente uma relação com o nosso Plano Municipal de Prevenção e Combate à Violência do Género", ilustra.



Esta campanha serve, pois, também como uma estratégia de marketing. O responsável assume-o: "Nós fizemos um caminho ao longo destes três anos, definimos um conjunto de planos e de estratégias. E temos a consciência de que é preciso fazer promoção pura e dura. Fazer marketing. Vender um produto que se chama direitos humanos e direitos sociais", considera.

João Afonso reclama ainda o facto de a Câmara de Lisboa ter sido "pioneira" na criação de um pelouro para esta área: "No início do mandato decidimos ter um pelouro com a designação direitos sociais, uma estratégia para os direitos sociais, e foi algo estranho. Fomos os primeiros em Portugal e não só. Depois vimos surgir este pelouro em cidades como Barcelona, e há outras na Europa já com um pelouro de direitos humanos".

Mas quais são os beneficios práticos de uma campanha com este propósito? O que é que a cidade ganha com isto? "Podemos pensar que uma pessoa sem abrigo tem um custo para o Estado, só por existir. Podemos fazer as contas ao valor económico que o Estado perde de cada vez que uma mulher ou um homem, em idade de trabalhar, morrem em contexto de violência doméstica. Mas é assim que se mede? Não é ", atira João Afonso.

Por outro lado, há soluções para quem decida dar mais atenção a algumas das questões. Exemplo dado com o mês de março, cujo tema é: "É hora de conciliar vida profissional, pessoal e familiar". "Quando falamos de tempo para partilhar, para estar com a família ou para o lazer, falamos de programas como a Carris, as redes locais de transportes públicos, ou o transporte porta a porta. São políticas de cidade", remata. 

A campanha vai estar nas ruas, nos terminais de multibanco, nos autocarros e também nas redes sociais. Em julho haverá uma exposição sobre Direitos Humanos. 

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