domingo, 18 de outubro de 2015

INVESTIGADOR DA UMINHO CRIA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA ANTI-BULLYING

ESTIMA-SE QUE, MUNDIALMENTE, UMA EM CADA TRÊS CRIANÇAS, COM IDADES ENTRE OS 13 E OS 15 ANOS, SÃO VÍTIMAS REGULARES DE BULLYING NA ESCOLA.

Paulo Costa, investigador do Instituto de Educação da Universidade do Minho (UMinho), acaba de criar a Associação Anti-bullying com Crianças e Jovens (AABCJ), em Braga, uma das primeiras do género em Portugal. O projeto inovador pretende reduzir os comportamentos de bullying em idade escolar, através da realização de ações junto dos alunos, professores, funcionários e pais.
ProgramaA apresentação pública da Associação Anti-bullying com Crianças e Jovens (AABCJ) será feita em conferência de imprensa, no Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), em Braga, às 10h30 da próxima segunda-feira, dia que antecede à data em que é assinalado o Dia Mundial de Combate ao Bullying (20 de outubro).
De seguida, inaugura-se a exposição ‘Olhar das crianças/jovens sobre o bullying’, da autoria de alunos de várias escolas básicas e secundárias da cidade de Braga, que conta com a presença de Sameiro Araújo, vereadora da Juventude da Câmara de Braga. A tomada de posse dos órgãos sociais da AABCJ decorre no dia seguinte, às 19h00, no IPDJ. A presidir a associação estará o investigador Paulo Costa, do Centro de Investigação em Estudos da Criança da UMinho. O programa prevê, ainda, a apresentação do ‘hino’ da associação, bem como a projeção de um filme e um projeto de arte digital.
Entre os vários objetivos da AABCJ estão a sensibilização da população para a temática do bullying, a articulação de ações de prevenção com as escolas e os municípios, o desenvolvimento de atitudes pró‑ativas face nas crianças e jovens a situações de violência, a orientação e disponibilização de serviços de acompanhamento especializado a vítimas e promover atividades lúdico-desportivas, como torneios, performances e caminhadas, para aproximar os mais novos à temática.
Queremos contribuir para que os mais jovens assumam uma atitude anti-bullying, intervindo diretamente ou denunciando situações de violência junto de professores, auxiliares, direções, diretores de turma, pais, entre outros“, diz Paulo Costa, que é também professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas de Real, em Braga.
AABCJ surge no seguimento de um vasto trabalho de investigação desenvolvido por Paulo Costa, no Instituto de Educação da UMinho. “Tudo começou em 2008 ou 2009, quando fui confrontado com um caso de bullying numa das minhas aulas. É algo que raramente acontece frente aos adultos. Mas nas aulas de Educação Física há muitos episódios de humilhação ou de rejeição dos quais o professor é testemunha. Na altura, decidi dedicar a minha tese de doutoramento ao tema, tendo a orientação de Beatriz Pereira, uma das investigadoras pioneiras na área“, contextualiza o professor.
Os resultados da tese de doutoramento desenvolvida pelo investigador indicam que 37,1% das crianças e jovens auscultados foram vítimas de comportamentos agressivos e intimidatórios na escola. No que diz respeito ao género, não se verificam diferenças estaticamente significativas, exceto no caso de bullying homofóbico com maior prevalência nos rapazes. Concluiu-se, ainda, que 75% das vítimas referem não ter dito nada a ninguém.
A temática do bullying deveria estar incluída na formação dos professores. Além disso, as escolas devem ouvir o que as crianças têm a dizer sobre o assunto, uma vez que podem ser elementos pró-ativos. É, por isso, necessário que todos compreendam de forma clara o que é o bullying, de que forma se manifesta e o que fazer se for vítima ou assistir a situações de violência física, verbal e psicológica“, afirma Paulo Costa.
Gazeta do Rossio

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