sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Em debate sobre cyberbullying, adolescentes mostram como internet pode ser cruel

Lucas Arruda do Lado B


Alunos relatam casos de bullying que amigos sofreram pelas redes sociaisAlunos relatam casos de bullying que amigos sofreram pelas redes sociais









O bullying é algo que afeta crianças e adolescentes de um modo bem negativo, fazendo com que eles se isolem do contato social e, em alguns casos extremos, até leve ao suicídio. Com a internet, este tipo de prática migrou para as redes sociais e continua fazendo vítimas em proporções muito maiores.
E os relatos dos adolescentes mostram que cada vez mais esse é um problema real. Primeiro eram os e-mails, depois o Orkut, veio o Facebook e a coisa piorou com o WhatsApp. Por isso, a escolaHarmonia resolveu discutir o assunto com os alunos em uma roda de debates na noite de ontem e colaborar para a saúde mental da garotada.
E os casos são graves, atingem de forma cruel as vítimas. Basta ter o cabelo fora do padrão, criar um estilo diferente na forma de se vestir ou ter aqueles períodos normais da adolescência, como as espinhas, para virar motivo de piada na escola.
Anna Beatriz, estudante de 15 anos do Harmonia, também teve uma amiga que sofreu com a prática por WhatsApp. “Tinha algumas outras garotas que criaram um grupo, essa minha amiga não participava porque fizeram para depreciar ela. Até que um dia uma montagem dela começou a circular entre outros estudantes e isso causou muito constrangimento até em mim que era amiga”, conta.
Segundo ela, por fim, os pais das garotas que criaram o grupo e a montagem conversaram com elas e os ataques terminaram e foi pedido desculpas. “A desculpa é um primeiro passo, mas ela só não resolve também. Quem faz isso e se arrepende tem que mostrar mesmo que mudou”, reflete.
Anna teve uma amiga que acabou com uma montagem espalhada pelo whatsappAnna teve uma amiga que acabou com uma montagem espalhada pelo whatsapp
João tinha um amigo que era bastante atacado no Facebook há alguns anos atrás (Foto: Gerson Walber)João tinha um amigo que era bastante atacado no Facebook há alguns anos atrás (Foto: Gerson Walber)
João Vitor Rosa da Cruz, de 16 anos, foi um dos estudantes a compartilhar casos de pessoas próximas que já enfrentaram o cyberbulling. “Tínhamos uns 13 anos e ele era bastante estudioso e por isso um monte de gente zoava ele no Facebook”, lembra.
Chamavam o garoto de nerd, diziam que ele não tinha amigos e namorada e que nunca iria ter, que não vivia, entre outras coisas. “Quando conversávamos ele dizia que estava muito triste, até chegava a chorar às vezes, mas dizia que tinha a sorte de me ter como amigo, de ter pelo menos alguém com quem trocar ideias”, afirma.
O caso terminou bem. João aconselhou o amigo a conversar com os pais e procurar ajuda de alguém mais velho. Os pais o levaram a uma psicóloga para tratar o adolescente e conversaram com seus colegas de sala e depois disso pararam de fazer cyberbulling com ele.
A psicóloga Maria das Graças Rojas explica que o "golpe" emocional surge justamente do espaço onde os garotos tem maior facilidade de comunicação. Os adolescentes tímidos costumam ficar bastantetempo na internet, por não conseguirem se relacionar muito bem em grupo, e acabam virando alvo. “Eles constroem suas relações por lá, então quando são atacados neste ambiente acabam ficando ainda mais reclusos”, explica.
Para Maria é importante que eles tenham essa visão e conscientização do que é o bullying virtual, pois assim terão uma melhor formação de caráter para que não cometam isso com outros adolescentes e consigam socializar melhor. Isso depende muito de conversas na escola mas, principalmente, um bom bate-papo em família.

Nenhum comentário:

Postar um comentário