segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O drama da violência escolar

O drama da violência escolar
Folha do Oeste

Escola de Palma Sola vive crise de segurança; Gered desconhece situação
 
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Até mesmo agressões verbais e físicas contra professores já foram registradas na escola
O drama da violência escolar no Brasil ganha, dia após dia, cada vez mais proporções. São brigas entre alunos, uso de drogas, ameaças e até o porte de armas. Em Palma Sola, os professores e a direção da E.E.B.C.C (Escola de Educação Básica Claudino Crestani) dizem não saber mais o que fazer diante de tantos fatos violentos ocorridos na instituição nos últimos anos. De acordo com o diretor Nadir Gritti, já houve registro de dois esfaqueamentos entre alunos e pelo menos desde 2009 foram relatados na escola mais de 70 BOs (Boletins de Ocorrência). “Temos alunos que ameaçam professores e até familiares de professores a todo o momento”, lamenta o diretor.

Segundo Gritti, a escola cumpre com sua parte e tenta de maneira civilizada resolver grandes problemas relativos à agressividade e ao uso de drogas e armas, mas nem toda a conscientização surte efeito entre os alunos. “Infelizmente, temos alguns alunos que não querem nada com nada; chegam à aula na hora que bem entendem e não levam a sério os estudos. Acham apenas que têm direitos e não deveres a serem cumpridos. É o caso da nossa escola, onde é absurdo o caso de Boletins de Ocorrência que temos registrado nos últimos três anos”, diz.

AGRESSÕES


Diretor E.E.B Claudino Crestani de Palma Sola, Nadir Gritti
O cúmulo da violência escolar já rompeu a barreira do bom senso, de acordo com o SINTE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina) são muitas as reclamações por parte dos profissionais da educação, que sofrem com agressões físicas e verbais, são obrigados a apartar brigas de alunos e convivem diariamente com o medo.

Segundo depoimento da professora de Português da Escola Claudino Crestani, Josiane Wentz, em várias situações ela conta ter recebido ameaças graves por parte de alunos. “Em muitas ocasiões em que eu chamava a atenção de alguns alunos para que fizessem as atividades ou para que não se agredissem ou perturbassem em sala de aula, acabava sendo repreendida verbalmente com alguns palavrões e ameaças de morte que envolvem inclusive meus familiares; eles diziam até que pegariam meu carro e furariam os pneus”, conta.

O relato do diretor Gritti é ainda mais impressionante. Ele diz que chegou inclusive a ser agredido fisicamente. “Eu pessoalmente já fui agredido por aluno aqui dentro da escola, levei socos de alunos que estavam fumando dentro do banheiro, fui lá para adverti-los e vieram pra cima de mim, fiz BO dessa situação”, relata ele, que reitera ser proibido fumar dentro da escola.

Quanto ao porte de armas dentro da escola, o diretor destaca que não há como monitorar. “Temos uma quantidade grande de estudantes, os que entram armados com facas não temos como controlar, pois é quase inviável revistar cada uma das mochilas”, diz.

SURPRESA


Questionada sobre os fatos ocorridos na escola de Palma Sola, a gerente de Educação da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional) de Dionísio Cerqueira e professora, Nilza Suffredini, declarou estar surpresa. “Nós, enquanto Gerência de Educação, não temos nenhum registro formalizado quanto a esses números. Eu fui pega de surpresa porque moro em Palma Sola e tenho filho que estuda na Claudino Crestani. É um problema que não foi informado para a gerência”, destaca.

 

Gerente de Educação da SDR de Dionísio Cerqueira e professora, Nilza Suffredini
Segundo Nilza, na regional de Dionísio Cerqueira as escolas não apresentam questões relevantes de violência entre jovens. “Há casos corriqueiros, mas nada sério, pelo menos a gerência nunca foi informada de casos extremamente graves. Sempre que fomos contatados nunca deixamos de dar assistência e conversar com os gestores das escolas. Quando informados, temos acompanhado porque há alguns casos que cabe à gerência resolver, mas de modo geral não vejo como um problema agravante”, afirmou.
Para a gerente de Educação, Palma Sola já possui um histórico com violência que acaba de certa forma refletindo na comunidade escolar. “Nosso intuito é ajudar, eu também tive problemas com alunos, a gente sabe que a rebeldia é muito grande hoje em dia”.

Quanto a um dos casos de esfaqueamento relatados pelo diretor dentro da escola, Nilza salientou que o motivo da agressão foi por uma confusão gerada na rua. “Houve uma briga fora da escola entre os envolvidos que infelizmente acabou tendo continuidade dentro da escola. Eu estava lá no dia em que isso aconteceu”. Já sobre as agressões físicas e verbais, a gerente reconheceu que os registros são realmente preocupantes.
VÁRIOS FATORES

O tema violência escolar, segundo a psicóloga e coordenadora do curso de psicologia da Unoesc, Lisandra Antunes de Oliveira, é um assunto vasto; vários são os fatores ou motivos que podem estar relacionados às causas. E o que se sabe é que a escola por si só não é a única responsável por esse problema. “A contravenção da família e da sociedade, por exemplo, também são questões determinantes nas atitudes violentas de alunos”, diz a psicóloga, que completa: “Estamos em uma sociedade cada vez mais efêmera e rápida. Não queremos que as pessoas sejam agressivas, mas em muitos casos confundimos limites com agressividade. Podemos ser muito duros com as situações, mas deveríamos ser amáveis com os outros; a propósito, muitos pais esquecem isso”.


Conforme explica Lisandra, a agressividade por parte de alunos pode estar relacionada ao que ele presencia dentro de casa, no convívio familiar, já que indivíduos violentos, em geral, estão cercados de situações que condicionam à violência. “É claro que toda a regra tem exceção, mas se a criança está vendo violência dentro de casa poderá repetir. As crianças aprendem mais pela atitude do que pela fala, por isso não adianta um pai pedir gritando para um filho parar de gritar, ou seja, muitos pais ensinam uma coisa, mas fazem outra. É preciso aprender a dar limites com afetividade”.

Fonte: Folha do Oeste

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