segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Graphic novel conta história de bullying e vingança

A Máquina de Goldberg tem uma narrativa que vai ganhando força a cada página. Começa mais convencional e evolui para algo delirante. É daí que tira seus méritos. Vanessa Barbara, colunista da Ilustrada, da Folha de S. Paulo, escreve o texto. O desenho é de Fido Nesti, há uma década colaborador de jornais e revistas do Brasil e do exterior.

A combinação dos dois artistas é fluente. A novela, recém-lançada, pode ser lida rapidamente, com ritmo de quadrinhos comerciais. Uma leitura mais atenta revela como os enquadramentos de Fido, que domina os close-ups em sequências de tensão, ditam esse ritmo de quase desenho animado.

A primeira parte do álbum “engana”. Parece que o leitor tem nas mãos mais uma história pegando carona no bullying. O protagonista é Getúlio, um garoto punk gordinho alvo fácil dos colegas.

O enredo começa com ele viajando para um acampamento de verão, materialização suprema do pesadelo para meninos com dificuldades de adaptação à turma.

Lá, o bullying deixa de ser assunto de criança. O comandante do local, Rufus, impõe rotina militar aos garotos. Não demora para Getúlio se sentir no inferno.

Numa segunda parte, a história enlouquece. Getúlio conhece o zelador do acampamento, um cara nada social que se dedica a construir “máquinas de Goldberg”.

São invenções dedicadas a complicar as tarefas mais simples. O criador pode usar fios, roldanas, polias e animais silvestres para movimentar engenhocas que demandam a simultaneidade de uma dezena de coisas para abrir e fechar uma porta ou ligar o fogão.

Getúlio, o zelador e outros oprimidos no acampamento vão orquestrar uma vingança contra os malvados, utilizando as máquinas estapafúrdias. Tudo contado pelo espírito ainda inocente do garoto e suas “filosofices”.

Fido Nesti tem um traço que oscila entre o “fofinho” e o “nervoso”. Um desenho pessoal, de estilo marcante. Quem acompanha seus trabalhos pode conhecer HQs mais refinadas com sua assinatura, mas aqui prevalece a urgência na ação.

Essa vibração dos traços combina com a parte final da história, quando Vanessa parece pisar no acelerador e bolar situações enlouquecidas, quase lisérgicas. (Thales de Menezes, da Folhapress)

SERVIÇO

A Máquina de Goldberg
Autores: Vanessa Barbara (texto) e Fido Nesti (desenhos) Editora: Quadrinhos na Cia.
Quanto: R$ 34,50 (112 págs.)

Fonte: Jornal de Hoje

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