O que está o CDS-PP a fazer no Governo para além de servir de muleta da maioria no Parlamento?
O Governo de Passos Coelho está a cair aos pedaços e já faz lembrar a pior fase do de Santana Lopes, se é que alguma vez o Governo de Santana teve uma fase boa. As trapalhadas sucedem-se a um ritmo assustador e é penoso (até para os próprios) pensar que ainda faltam 12 meses para o fim da legislatura. Agora foi a vez de Rui Machete falar de mais (nada a que já não estejamos habituados), tendo supostamente revelado informações sigilosas sobre portugueses que estão no Estado Islâmico.
Depois do crash que fez um shut down na Justiça, dos erros de matemática de Nuno Crato que lançaram o caos na colocação dos professores, ainda fomos presenteados com o caso de um secretário de Estado da Educação que terá plagiado textos num aula em que perorava sobre a “dimensão moral” da profissão docente. Mas este ao menos teve a “dimensão moral” de se demitir. E lá para os lados do Terreiro do Paço, está a ser preparada uma caricata reforma do IRS que terá uma cláusula de salvaguarda que vai anular os efeitos da própria reforma. Os outros ministros, aqueles que não estão a fazer asneiras, nem se dá por eles. Salvo raras excepções, como a de Paulo Macedo, um dos poucos que ainda mostra alguma competência e coerência.
Se o Governo está a cair aos pedaços é também porque a coligação há muito que apodreceu. Esta quarta-feira, Freitas do Amaral dizia na RTP que Passos Coelho não deveria “maltratar” tanto o CDS. O que o Governo está a fazer ao CDS já não é maus tratos, é um autêntico bullying político.
Nos últimos dias o CDS e o PSD têm andado às turras por causa dos erros na colocação dos professores. Um deputado do PSD já defendeu publicamente que o secretário de Estado João Casanova deveria abandonar o Governo por ser responsável pelos erros na colocação de professores. E do lado do CDS aponta-se o dedo à suposta incompetência de Nuno Crato. Passos Coelho despiu entretanto a sua veste de líder conciliador da coligação para dizer que Nuno Crato “nunca procurou lavar as mãos”. Que é como quem diz que o secretário de Estado do CDS procurou fazê-lo.
Mas com a humilhação de Casanova o CDS pode bem. O problema é quando o próprio líder do partido é humilhado. Foi o que aconteceu na reunião do Conselho de Ministros de 18 horas para decidir a descida da sobretaxa do IRS. Além de Paulo Portas não ter conseguido a sua “moderação fiscal”, conta oExpresso que Passos escondeu a solução do crédito fiscal do líder do CDS-PP. E que só depois da meia-noite, depois de Portas ter levado horas a transpirar e a fazer contas para baixar em um ponto a sobretaxa do IRS, é que o chefe do Governo e a sua ministra das Finanças desvendaram a solução.
Dirão alguns, e se calhar com razão, que o CDS se pôs a jeito para estar a ser vítima de bullying. Mas isso então levanta a questão de saber o que é que os ministros do CDS estão a fazer no Governo, além de naturalmente servirem de muleta no Parlamento? Se não conseguem condicionar uma decisão que vale uns míseros 220 milhões de euros (0,26% do Orçamento), qual é a força e qual é o papel que têm na coligação? Questionado sobre a aparente contradição entre o seu discurso de “moderação fiscal” e a solução do crédito fiscal, Portas encolhe o ombro para dizer: “Entre isto e nada, eu prefiro isto”, sustentou. Que é como quem diz, entre um carolo e um estalo, se calhar até prefiro o carolo.
O problema de fundo desta coligação é que, ao contrário do que acontecia com Durão Barroso, Passos nunca olhou para Paulo Portas como o número dois. Se estiverem dois ministros na sala, Portas é o número três. Se estiverem três ministros na sala, Portas é o número quatro. E assim sucessivamente. E a desconfiança é recíproca. Portas deve olhar para Passos como um alienígena neoliberal que acha que vai ficar na história por ter tirado o país da bancarrota. E diz frases como “que se lixem as eleições”, que provocam urticárias ao vice-primeiro-ministro.
Mas o CDS está refém desta coligação e já deixou passar o tempo para romper. O timing era o da demissão irrevogável, e esse já não volta atrás. Qual é a lógica de romper agora com a linha da troika, depois de esta já ter feito todas as maldades que havia para fazer? E qual é o discurso que que Portas faria numa campanha eleitoral se concorresse contra o PSD? Eu queria…? Eu gostaria…? Eu tentei…?
O que está o CDS-PP a fazer no Governo para além de servir de muleta da maioria no Parlamento?
O Governo de Passos Coelho está a cair aos pedaços e já faz lembrar a pior fase do de Santana Lopes, se é que alguma vez o Governo de Santana teve uma fase boa. As trapalhadas sucedem-se a um ritmo assustador e é penoso (até para os próprios) pensar que ainda faltam 12 meses para o fim da legislatura. Agora foi a vez de Rui Machete falar de mais (nada a que já não estejamos habituados), tendo supostamente revelado informações sigilosas sobre portugueses que estão no Estado Islâmico.
Depois do crash que fez um shut down na Justiça, dos erros de matemática de Nuno Crato que lançaram o caos na colocação dos professores, ainda fomos presenteados com o caso de um secretário de Estado da Educação que terá plagiado textos num aula em que perorava sobre a “dimensão moral” da profissão docente. Mas este ao menos teve a “dimensão moral” de se demitir. E lá para os lados do Terreiro do Paço, está a ser preparada uma caricata reforma do IRS que terá uma cláusula de salvaguarda que vai anular os efeitos da própria reforma. Os outros ministros, aqueles que não estão a fazer asneiras, nem se dá por eles. Salvo raras excepções, como a de Paulo Macedo, um dos poucos que ainda mostra alguma competência e coerência.
Se o Governo está a cair aos pedaços é também porque a coligação há muito que apodreceu. Esta quarta-feira, Freitas do Amaral dizia na RTP que Passos Coelho não deveria “maltratar” tanto o CDS. O que o Governo está a fazer ao CDS já não é maus tratos, é um autêntico bullying político.
Nos últimos dias o CDS e o PSD têm andado às turras por causa dos erros na colocação dos professores. Um deputado do PSD já defendeu publicamente que o secretário de Estado João Casanova deveria abandonar o Governo por ser responsável pelos erros na colocação de professores. E do lado do CDS aponta-se o dedo à suposta incompetência de Nuno Crato. Passos Coelho despiu entretanto a sua veste de líder conciliador da coligação para dizer que Nuno Crato “nunca procurou lavar as mãos”. Que é como quem diz que o secretário de Estado do CDS procurou fazê-lo.
Mas com a humilhação de Casanova o CDS pode bem. O problema é quando o próprio líder do partido é humilhado. Foi o que aconteceu na reunião do Conselho de Ministros de 18 horas para decidir a descida da sobretaxa do IRS. Além de Paulo Portas não ter conseguido a sua “moderação fiscal”, conta oExpresso que Passos escondeu a solução do crédito fiscal do líder do CDS-PP. E que só depois da meia-noite, depois de Portas ter levado horas a transpirar e a fazer contas para baixar em um ponto a sobretaxa do IRS, é que o chefe do Governo e a sua ministra das Finanças desvendaram a solução.
Dirão alguns, e se calhar com razão, que o CDS se pôs a jeito para estar a ser vítima de bullying. Mas isso então levanta a questão de saber o que é que os ministros do CDS estão a fazer no Governo, além de naturalmente servirem de muleta no Parlamento? Se não conseguem condicionar uma decisão que vale uns míseros 220 milhões de euros (0,26% do Orçamento), qual é a força e qual é o papel que têm na coligação? Questionado sobre a aparente contradição entre o seu discurso de “moderação fiscal” e a solução do crédito fiscal, Portas encolhe o ombro para dizer: “Entre isto e nada, eu prefiro isto”, sustentou. Que é como quem diz, entre um carolo e um estalo, se calhar até prefiro o carolo.
O problema de fundo desta coligação é que, ao contrário do que acontecia com Durão Barroso, Passos nunca olhou para Paulo Portas como o número dois. Se estiverem dois ministros na sala, Portas é o número três. Se estiverem três ministros na sala, Portas é o número quatro. E assim sucessivamente. E a desconfiança é recíproca. Portas deve olhar para Passos como um alienígena neoliberal que acha que vai ficar na história por ter tirado o país da bancarrota. E diz frases como “que se lixem as eleições”, que provocam urticárias ao vice-primeiro-ministro.
Mas o CDS está refém desta coligação e já deixou passar o tempo para romper. O timing era o da demissão irrevogável, e esse já não volta atrás. Qual é a lógica de romper agora com a linha da troika, depois de esta já ter feito todas as maldades que havia para fazer? E qual é o discurso que que Portas faria numa campanha eleitoral se concorresse contra o PSD? Eu queria…? Eu gostaria…? Eu tentei…?
Depois do crash que fez um shut down na Justiça, dos erros de matemática de Nuno Crato que lançaram o caos na colocação dos professores, ainda fomos presenteados com o caso de um secretário de Estado da Educação que terá plagiado textos num aula em que perorava sobre a “dimensão moral” da profissão docente. Mas este ao menos teve a “dimensão moral” de se demitir. E lá para os lados do Terreiro do Paço, está a ser preparada uma caricata reforma do IRS que terá uma cláusula de salvaguarda que vai anular os efeitos da própria reforma. Os outros ministros, aqueles que não estão a fazer asneiras, nem se dá por eles. Salvo raras excepções, como a de Paulo Macedo, um dos poucos que ainda mostra alguma competência e coerência.
Se o Governo está a cair aos pedaços é também porque a coligação há muito que apodreceu. Esta quarta-feira, Freitas do Amaral dizia na RTP que Passos Coelho não deveria “maltratar” tanto o CDS. O que o Governo está a fazer ao CDS já não é maus tratos, é um autêntico bullying político.
Nos últimos dias o CDS e o PSD têm andado às turras por causa dos erros na colocação dos professores. Um deputado do PSD já defendeu publicamente que o secretário de Estado João Casanova deveria abandonar o Governo por ser responsável pelos erros na colocação de professores. E do lado do CDS aponta-se o dedo à suposta incompetência de Nuno Crato. Passos Coelho despiu entretanto a sua veste de líder conciliador da coligação para dizer que Nuno Crato “nunca procurou lavar as mãos”. Que é como quem diz que o secretário de Estado do CDS procurou fazê-lo.
Mas com a humilhação de Casanova o CDS pode bem. O problema é quando o próprio líder do partido é humilhado. Foi o que aconteceu na reunião do Conselho de Ministros de 18 horas para decidir a descida da sobretaxa do IRS. Além de Paulo Portas não ter conseguido a sua “moderação fiscal”, conta oExpresso que Passos escondeu a solução do crédito fiscal do líder do CDS-PP. E que só depois da meia-noite, depois de Portas ter levado horas a transpirar e a fazer contas para baixar em um ponto a sobretaxa do IRS, é que o chefe do Governo e a sua ministra das Finanças desvendaram a solução.
Dirão alguns, e se calhar com razão, que o CDS se pôs a jeito para estar a ser vítima de bullying. Mas isso então levanta a questão de saber o que é que os ministros do CDS estão a fazer no Governo, além de naturalmente servirem de muleta no Parlamento? Se não conseguem condicionar uma decisão que vale uns míseros 220 milhões de euros (0,26% do Orçamento), qual é a força e qual é o papel que têm na coligação? Questionado sobre a aparente contradição entre o seu discurso de “moderação fiscal” e a solução do crédito fiscal, Portas encolhe o ombro para dizer: “Entre isto e nada, eu prefiro isto”, sustentou. Que é como quem diz, entre um carolo e um estalo, se calhar até prefiro o carolo.
O problema de fundo desta coligação é que, ao contrário do que acontecia com Durão Barroso, Passos nunca olhou para Paulo Portas como o número dois. Se estiverem dois ministros na sala, Portas é o número três. Se estiverem três ministros na sala, Portas é o número quatro. E assim sucessivamente. E a desconfiança é recíproca. Portas deve olhar para Passos como um alienígena neoliberal que acha que vai ficar na história por ter tirado o país da bancarrota. E diz frases como “que se lixem as eleições”, que provocam urticárias ao vice-primeiro-ministro.
Mas o CDS está refém desta coligação e já deixou passar o tempo para romper. O timing era o da demissão irrevogável, e esse já não volta atrás. Qual é a lógica de romper agora com a linha da troika, depois de esta já ter feito todas as maldades que havia para fazer? E qual é o discurso que que Portas faria numa campanha eleitoral se concorresse contra o PSD? Eu queria…? Eu gostaria…? Eu tentei…?
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