Alguns alunos já o sentiram na pele, com agressões e medo, mas agora o bullying deixou de ser tema tabu numa escola no interior do Alentejo e "entrou" na sala de aula pela mão da professora e da GNR.Fonte: Notícia ao Minuto
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No ano passado, foram vítimas de bullying três alunos que este ano frequentam os 3.º e 4.º anos da Escola Básica do 1.º ciclo com jardim-de-infância (EB1/JI) de Monte do Trigo, no concelho de Portel, Évora.
João Vitorino e Tiago Miguel, ambos de oito anos, "sofreram na pele" o fenómeno de bullying. João conta à agência Lusa que alunos mais velhos lhes "batiam, gozavam e também ameaçavam que iam bater mais".
"Às vezes, tinha medo de vir à escola. Fiquei com muito medo, mas, depois, consegui contar à minha mãe", confessa João, indicando que o problema foi resolvido, mais tarde, com a ajuda dos encarregados de educação.
Helena Ribeiro e Afonso Santos, também com oito anos e da mesma turma, assistiram "de fora" ao caso.
"Fizeram bullying com três meninos e um deles ficou com medo de vir para a escola", lembra a jovem estudante, enquanto Afonso diz que "não sabia de nada", porque "ninguém disse nada", e que só soube, depois, através da professora.
Albertina Nunes, professora da turma, realça à Lusa que o bullying passou, desde aí, a ser "constantemente falado e debatido" nas aulas, "mesmo como tema transversal" a várias disciplinas.
"É um tema que está muito em voga e que já se passou nesta turma", assinala a docente, relatando que, neste caso, "houve agressão escondida e silenciada", situação que "decorreu durante algum tempo", até que agressores e vítimas "foram chamados à atenção".
Esta turma da EB1/JI de Monte do Trigo foi 'palco', esta semana, de uma sessão de sensibilização da GNR sobre o bullying, no âmbito do programa "Escola Segura" da força de segurança.
Um militar da corporação fez uma apresentação sobre os vários tipos de bullying, causas e consequências e esclareceu os alunos sobre como devem agir em caso de serem vítimas do fenómeno.
"Faz todo o sentido trazermos o assunto [às escolas] para que o bullying possa ser identificado, denunciado e encaminhado para quem de direito, para que não se torne recorrente e crescente", diz à Lusa o oficial de relações públicas do Comando Territorial de Évora da GNR.
O major Rogério Copeto indica que, no distrito, são "poucas" as ocorrências registadas, mas, ainda assim, adverte que "este fenómeno não pode estar escondido e tem que vir à luz do dia para que possa ser combatido".
"Infelizmente, o bullying é transversal a toda a sociedade e a todas as escolas, das mais pequenas às maiores, desde que haja um desconhecimento do que é o fenómeno. Por isso, se as crianças estiverem conscientes, possivelmente será erradicado", conclui.
Agora, estas situações são mais facilmente identificadas pelos alunos de Monte do Trigo, que sabem na 'ponta da língua' o que é este flagelo.
"É o mais forte bater no mais fraco", resume João Vitorino, considerando que "foi bom falar" sobre o bullying para o caso de "alguém ser vítima, depois, fazer o que os guardas estão a ensinar".
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