Adulto expulsa miúdo do pico e o caso azedou com a presença das autoridades…
Depois dos tubarões, a Califórnia volta a preencher cabeçalhos com o “bullying” no Surf.
Um episódio recente em Salt Creek, Dana Point, refere que um homem adulto chamou à atenção um jovem surfista, ainda pré-adolescente. Para tal, depois de uma acesa troca de palavras, o homem decidiu fazer-lhe umas quantas “amonas” e desferiu um ou outro golpe no estômago. Segundo consta, o “grom” passou dos limites e já tinha entrado em confrontações, por inúmeras vezes, com alguns dos respeitáveis locais daquela praia californiana.
A mãe do miúdo não gostou do que viu - nenhum pai gostaria - e chamou a polícia que invadiu a praia, por terra, mar e ar (barcos e helicópteros envolvidos). E tudo para apanhar o homem responsável pelo denominado “corretivo”.
Ora, Ryan Divel, um dos locais de Orange County e ex-empresário do surf, incendiou ainda mais a situação quando publicou a sua opinião nas redes sociais, dando a conhecer o episódio. Entre o extenso texto publicado no Facebook, pode ler-se que “Eu estava a apanhar as últimas ondas antes que o sol baixasse por completo quando a Polícia de Dana Point aparece na praia e tenta extrair do pico um surfista em particular. Aparentemente, foram chamados pela mãe que não gostou do tratamento dado ao seu filho. Muitos de nós pensámos que se trataria da presença de um tubarão, mas não, foi apenas um miúdo que foi posto no seu lugar por um dos surfistas mais velhos. (…) Isto é sobre respeito e aprender qual o nosso lugar de forma a podermos escalar na hierarquia. (…) Estou ansioso por ver como o coletivo de locais se vai unir para impedir que este faça ondas. (…) Deixem que os miúdos ganhem as suas divisas e o respeito no pico à moda antiga.”
A posição de Divel foi cristalina como a água e gerou um mar de comentários que desafia qualquer lei de proteção a menores. Como se adivinhava, o antigo empresário deixou passar uma ideia de quase total apoio aos locais. Entretanto, foi até criado #SnakeLondon - um hashtag que sugere que o jovem surfista deve ser dropinado (ou barrado) em toda e qualquer onda que manifeste intenção de seguir.
Ora, se isto não é “bullying” não sabemos bem o que será. Os locais, principalmente os adultos, deveriam saber que não é à base da força que se educa uma criança. Nem que seja com um simples corretivo como uma “amona” que, para que conste, nos dias que correm pode ser até considerado de ato abusivo.
Do outro lado está Ian Cairns, antigo campeão mundial (1975) e surf coach do referido “grom”, que se mostrou mais coerente e equilibrado, escrevendo apenas que “Promover #SnakeLondon talvez não seja a forma mais correta para eliminar o problema. Talvez bater em miúdos não seja mais aceitável em pleno século XXI. Talvez aceitar a prática dos locais, que se apoderam dos surf spots desde há muito, seja ligeiramente arcaico. É certo que London precisa se acalmar, mas ele não é diferente de milhares de outros miúdos. London e a sua família são boas pessoas e não se irão embora tão cedo. Eles chamarão a polícia sempre que alguém coloque a mão em cima dos seus filhos e trarão para a praça pública o localismo que ainda impera na Califórnia.”
Educar, melhorar, mostrar civismo, ser paciente. Qualidades que devem ser melhoradas e trabalhadas em qualquer miúdo/graúdo de forma a evitar estes incidentes. Para pais e treinadores, o facto dos seus filhos/alunos serem talentosos e um dia poderem vir até a ser surfistas de gabarito mundial não serve de desculpa para tudo. Existe respeito pelo próximo e uma etiqueta no surf que deve ser cumprida.
Boas ondas!
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