sexta-feira, 26 de maio de 2017

Projeto usa teatro para falar com crianças sobre bullying e abuso sexual

FOLHA MAX

Da Redação

 

A algazarra toma conta da Escola Municipal Antonia Tita Maciel de Campos, no bairro jardim Florianópolis, periferia de Cuiabá, na tarde de quarta-feira (24). Cerca de 200 crianças do ensino fundamental conversam animadas à espera da apresentação de uma peça teatral. De repente o silêncio toma conta do lugar. Os atores do grupo de teatro “Vostraz” entram em cena e começam as fazer as primeiras interpretações da peça “Inocentes Pétalas Roubadas”. Não precisa nem dois minutos de encenação para que as crianças identifiquem que eles estão falando sobre bullying. O nome do termo é em inglês, mas a prática é conhecida no ambiente escolar, não importa qual idioma as crianças falem.

A escola foi escolhida para encerrar o projeto “Educação Começa na Escola”, realizado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio das Procuradorias de Justiça Especializadas na Defesa da Criança e do Adolescente e da Probidade Administrativa e do Patrimônio Público. O projeto, que começou a ser desenvolvido em agosto do ano passado, percorreu 40 escolas em bairros periféricos de Cuiabá e atendeu aproximadamente 2.500 crianças e adolescentes. Durante a exibição da peça,  os atores falam sobre bullying, abuso sexual infantojuvenil e sobre a importância de preservação do patrimônio público.

Utilizando uma linguagem que faz parte do universo infantojuvenil, os atores conseguem prender a atenção dos alunos, que além de prestarem atenção nos temas abordados na peça, interagem e mostram que estão por dentro do assunto. “Eu gostei muito do teatro. Eu sei o que é bullying e sei também que não podemos fazer isso com nossos colegas. Se alguém fizer isso comigo eu conto para a professora”, garante a estudante Maria Clara Santos, 8 anos.

O procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, titular da Especializada, acompanhou o encerramento do projeto e fez um balanço positivo sobre o ciclo realizado nas 40 unidades de ensino de Cuiabá. “O trabalho surtiu resultados muito bons. Depois da apresentação da peça, várias crianças, nas escolas por onde passamos, procuraram a diretora ou até mesmo o Conselho Tutelar para relatar casos de abuso, praticados por vizinhos, parentes e até mesmo familiares. Outro ponto importante foi a identificação de casos de bullying e a maior preservação do patrimônio público”, destacou o procurador de Justiça.

Conforme ele, haverá uma reunião com diretores e professores e a equipe de teatro para analisar a possibilidade de fazer uma segunda edição do projeto. A meta é atingir mais 40 escolas municipais, abordando novas temáticas, como violência, criminalidade e drogas. “O projeto não pode parar. A peça aborda temas delicados, usando a linguagem do aluno, da comunidade, eles se enxergam na peça e na temática, por isso, os resultados aparecem”, afirma Paulo Prado.

Para a diretora da escola, Elem Correa, os temas já são abordados no cotidiano da escola, porém, não por meio de peça teatral que, para ela, surte mais efeito. “Quando abordamos este tipo de assunto trabalhando o lúdico com as crianças, o resultado é bem mais proveitoso. Eles aprendem mais e levam para casa as informações que absorveram na escola. Não sabemos onde está o nosso inimigo, não sabemos onde será feito este tipo de abordagem, então é importante que as crianças tenham informações para saber a quem recorrer em casos assim”.

Além da exibição, os professores também foram orientados a trabalharem o tema em sala de aula e as crianças e adolescentes são estimulados a elaborarem redação sobre o assunto.

SEMANA DA ADOÇÃO – Em alusão ao Dia Nacional da Adoção (25 de maio), o procurador de Justiça Paulo Prado, que é membro da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), participou na segunda-feira (22) da abertura da Semana da Adoção 2017, (23), no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Paulo Prado parabenizou a Corregedoria Geral de Justiça pela iniciativa de chamar os universitários – público-alvo do seminário de abertura – para conversar sobre adoção. “Normalmente os advogados só têm contato com o tema quando são chamados por algum conhecido ou parente que deseja adotar”, analisou. Ele participou, ainda, de evento realizado pelo Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, na terça-feira (23) onde distribuiu cerca de 200 cartilhas sobre o tema.

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