Como um menino desinibido, que gostava de ter todas as atenções voltadas para ele, de repente se torna tímido a ponto de ganhar o apelido Tabó – uma referência ao tatu-bola que se fecha em si mesmo quando se sente ameaçado? E o que poderia fazer com que esse garoto ganhasse autoconfiança e voltasse a ter vez e voz? Essas perguntas são feitas à medida em que avançamos a leitura de “Entre Silêncios e Gestos” (Editora do Brasil, 144 páginas, R$ 41,40), livro do paulista Marcos Arthur.

Marcel Dantas Pessoa, o Tabó, é o narrador da história. Da sua própria história. Com uma descrição cheia de detalhes, ele conta como foi parar em Paris, depois de ganhar uma bolsa para estudar teatro. 

Lembra da infância em meio aos atores do pequeno grupo de teatro que seus pais mantinham como hobby; revela a primeira paixão infantil por uma francesinha mais velha que integrava esse grupo; escreve sobre sua melhor amiga que o defendia de tudo e todos. 

Relembra o bullying que sofria na escola por causa da timidez crescente e de sua perna manca decorrente de uma doença na infância; detalha a coragem que precisou ter para ir à forra com uns garotos que aprontavam dentro do hospital onde ele operou da perna.

Capítulo após capítulo, ficamos sabendo como Marcel descobriu dentro de si mesmo – acreditando em sua mãe que sempre lhe garantia que ele era capaz – a força para superar as dificuldades, enfrentar as inimizades e ganhar a autoconfiança tão necessária para, enfim, mostrar seu talento e alçar voo.