segunda-feira, 18 de março de 2013

“Escola é um local desprotegido. Tentamos administrar o caos”, diz professor



Apeosp realizou manifestação no Centro da cidade, usando cartazes e distribuindo Carta Aberta ao Povo de São Carlos e Região.
Em 2007, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) encomendou uma pesquisa ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), estudo sobre a violência nas escolas.

Entendendo a violência como uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, ou deficiência e movimento ou privação, os resultados apontavam o seguinte cenário: 87% dos entrevistados tomaram ciência de casos de violência na escola; 93,3% dessa violência foi causada por alunos; 34% dos professores se sentiam inseguros ao ponto de deixarem de lecionar.   

“Nos últimos 20 anos, a violência nas escolas tem aumentado muito, principalmente para com os professores”, afirma Jussara Zucco, diretora do Coletivo Estadual de Aposentados da Secretaria dos Aposentados da Apeoesp. Questionada se já sentiu medo em sala, a professora que lecionou por 25 anos, disse: “Nossa! Muito! De sair de costas da sala com receio de me atirarem uma cadeira. Você vai desenvolvendo técnicas para enfrentar essa situação”.

Ao ser questionada se já havia sofrido algum tipo de violência verbal ou física: “Violência física nunca. Violência verbal, todas”. Para ela, a sociedade está doente, pois as regras de convivência estão fragilizadas. “Com a quebra das regras e a impunidade, as pessoas acham que têm autoridade para fazer o que quiserem. A desigualdade por si só não justifica a violência. Para haver tanta violência é preciso ter uma cultura da violência”, explica.

Outro professor diz que uso de palavras de baixo calão por alunos contra professores é rotina. Questionado sobre qual pior experiência enfrentou, ele disse: “Quando afrontado, se eu não me retirasse de sala, eu teria sido agredido fisicamente”. Outro ainda disse: “Já fui agredido fisicamente por aluno de 5ª série que saiu me chutando após eu retirar o caderno da mão dele. Me enfrentou como se fosse adulto Tive que fazer boletim de ocorrência. Mas não aconteceu nada: ele continuou na escola”.

Sobre segurança nas escolas, um deles diz: “É um local totalmente desprotegido: é o professor com 40, 42 alunos, tentando administrar o caos”.
Dois professores, que lecionam há 30 e 23 anos, foram categóricos ao dizer que cada vez o comportamento dos alunos está pior: “Antigamente os alunos e os pais respeitavam os professores”, disse um deles, que completa: “É uma degradação que aconteceu muito rapidamente”. 

Outro lado
A Secretaria de Educação do Estado não mantém dados estatísticos sobre o número de ocorrências envolvendo alunos e professores. Em nota, ela afirma que o seu trabalho no combate à violência ocorre por meio de programas como o Sistema de Proteção Escolar, implantado em 2009 em todas as unidades de ensino, que visa promover ambientes pacíficos e democráticos nas escolas da rede pública e garantir a segurança dos alunos, suas famílias e dos servidores estaduais. “O sistema dispõe ainda de 2.562 professores-mediadores em 2.214 escolas estaduais. Esses profissionais são responsáveis pela coordenação de ações educacionais voltadas a ampliar os fatores de proteção e coibir eventuais aspectos de vulnerabilidade e conflitos inerentes à comunidade escolar”, diz a nota.

Fonte: Primeira Página

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