Polícia refere que violência doméstica é um dos crimes com mais expressão na cidade. Psicóloga da escola refere casos de bullying como mais preocupantes. |
O medo de denunciar e o facto de haver ainda muitos jovens que consideram normal haver violência doméstica e no namoro são as duas principais conclusões a retirar do 2º debate sobre a “Violência na Sociedade” com especial enfoque no “Bullying e Violência no Namoro”, realizado no dia 12 de Novembro, no Anfiteatro da Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca.
A iniciativa da Assembleia de Freguesia de Alverca e Sobralinho, cuja líder Carlota Pina conduziu os trabalhos, suscitou grande interesse na população estudantil que encheu o auditório e se envolveu nos trabalhos. Foi a autarca que deu o mote para a discussão, apresentando alguns dados estatísticos baseados num estudo feito a 894 jovens e que apresentou o resultado de que 35% dos mesmos já haviam estado envolvidos em violência doméstica, e que muitos desses consideram natural que haja violência no namoro. “Metade dos rapazes entre os 19 e 26 anos acham normal que um rapaz bata numa rapariga”, afirmou, levantando indignação na sala.
Do público, muitas foram as opiniões e muitos foram também os casos de bullying e violência doméstica e entre namorados que foram divulgados e de que a maioria sabia. No entanto, a maioria dos jovens refere que não denuncia as situações porque, como dizia uma das alunas da escola, “isso é com o casal e eles acabam por se entender. Além disso, muitos não querem ficar a dar-se mal com uma das partes”, afirma, referindo-se à pressão social.
A isto, o subcomissário Branco ripostou. “Tenham atenção a estes comportamentos e façam-nos chegar à Escola Segura da PSP. Podem fazê-lo por mail, de forma anónima ou como quiserem. A violência doméstica, onde se inclui a violência no namoro, já é um crime público, o que quer dizer que não é preciso haver queixa da vítima para ser investigado, qualquer pessoa pode denunciar a situação”, explicou à plateia.
O comandante da esquadra de Alverca assume que a violência doméstica é um dos crimes mais frequentes na cidade. “De violência no namoro não é muito frequente haver queixas. Em Alverca há uma quota parte significativa de violência doméstica e algumas com gravidade. É um crime pouco conhecido, porque as coisas só se sabem quando há situações mais graves”, salienta.
Já na escola, o que existe em maioria são casos de bullying, uma forma de violência que pode ser verbal, física e psicológica, em presença ou pelas redes sociais. Os alunos mostraram-se conhecedores das três formas e afloraram vários casos. Já a psicóloga da escola explica o cenário. “Os professores estão alertados para a situação e transmitem-me e faço o acompanhamento dos miúdos. Há muitos problemas de depressão e ansiedade que, por vezes, estão ligados ao bullying. Mas tenho vários casos relacionados com violência doméstica e alguns são encaminhados para a pedopsiquiatria, por exemplo. Falamos com a direcção da escola e é comunicado à Escola Segura e à CPCJ”, afirma Lídia Dias, que está sozinha para um universo de cerca de 1300 alunos.
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