quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Jovens têm medo de denunciar casos de violência no namoro

Debate em escola secundária de Alverca indica que jovens ainda consideram normal haver violência no namoro 


Polícia refere que violência doméstica é um dos crimes com mais expressão na cidade. Psicóloga da escola refere casos de bullying como mais preocupantes.

O medo de denunciar e o facto de haver ainda muitos jovens que consideram normal haver violência doméstica e no namoro são as duas principais conclusões a retirar do 2º debate sobre a “Violência na Sociedade” com especial enfoque no “Bullying e Violência no Namoro”, realizado no dia 12 de Novembro, no Anfiteatro da Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca.

A iniciativa da Assembleia de Freguesia de Alverca e Sobralinho, cuja líder Carlota Pina conduziu os trabalhos, suscitou grande interesse na população estudantil que encheu o auditório e se envolveu nos trabalhos. Foi a autarca que deu o mote para a discussão, apresentando alguns dados estatísticos baseados num estudo feito a 894 jovens e que apresentou o resultado de que 35% dos mesmos já haviam estado envolvidos em violência doméstica, e que muitos desses consideram natural que haja violência no namoro. “Metade dos rapazes entre os 19 e 26 anos acham normal que um rapaz bata numa rapariga”, afirmou, levantando indignação na sala.

Do público, muitas foram as opiniões e muitos foram também os casos de bullying e violência doméstica e entre namorados que foram divulgados e de que a maioria sabia. No entanto, a maioria dos jovens refere que não denuncia as situações porque, como dizia uma das alunas da escola, “isso é com o casal e eles acabam por se entender. Além disso, muitos não querem ficar a dar-se mal com uma das partes”, afirma, referindo-se à pressão social.

A isto, o subcomissário Branco ripostou. “Tenham atenção a estes comportamentos e façam-nos chegar à Escola Segura da PSP. Podem fazê-lo por mail, de forma anónima ou como quiserem. A violência doméstica, onde se inclui a violência no namoro, já é um crime público, o que quer dizer que não é preciso haver queixa da vítima para ser investigado, qualquer pessoa pode denunciar a situação”, explicou à plateia.

O comandante da esquadra de Alverca assume que a violência doméstica é um dos crimes mais frequentes na cidade. “De violência no namoro não é muito frequente haver queixas. Em Alverca há uma quota parte significativa de violência doméstica e algumas com gravidade. É um crime pouco conhecido, porque as coisas só se sabem quando há situações mais graves”, salienta.

Já na escola, o que existe em maioria são casos de bullying, uma forma de violência que pode ser verbal, física e psicológica, em presença ou pelas redes sociais. Os alunos mostraram-se conhecedores das três formas e afloraram vários casos. Já a psicóloga da escola explica o cenário. “Os professores estão alertados para a situação e transmitem-me e faço o acompanhamento dos miúdos. Há muitos problemas de depressão e ansiedade que, por vezes, estão ligados ao bullying. Mas tenho vários casos relacionados com violência doméstica e alguns são encaminhados para a pedopsiquiatria, por exemplo. Falamos com a direcção da escola e é comunicado à Escola Segura e à CPCJ”, afirma Lídia Dias, que está sozinha para um universo de cerca de 1300 alunos.
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