quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Programa busca romper com bullying a crianças com diabetes

São Paulo. A educadora Lisandra Paes, 41, já perdeu as contas das vezes que teve a matrícula da filha de 17 anos e portadora de diabetes recusada em escolas públicas e privadas de São Paulo. Episódios de preconceito, bullying e falta de conhecimento de profissionais e alunos, associados ao crescente aumento dos casos da doença em todo o país, fizeram com que o Brasil fosse, ao lado da Índia, um dos escolhidos para receber o programa KiDS (abreviação de Crianças e o Diabetes nas Escolas, em inglês). Entre os dez países com o maior índice da doença, o país asiático está em segundo lugar, e o Brasil, em quarto.
O programa piloto foi lançado nesta terça, em São Paulo, com o objetivo de selecionar, até o fim do ano, 15 escolas públicas e privadas brasileiras (13 em São Paulo e duas no Ceará) para ser capacitadas a lidar com crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos portadores da doença. “O diabetes pode ser controlado, porém, devido à falta de conhecimento, com frequência, as crianças diabéticas acabam sofrendo com algum estigma, isolamento. Precisamos fazer alguma coisa para prevenir a discriminação que vem associada a um quadro de saúde”, explica o especialista em educação da Federação Internacional de Diabetes (IDF), David Chaney.
“Muitas mães de amigas proibiam as meninas defalar comigo ou elas mesmas faziam essa escolha porque achavam que o diabetes ia ser contagioso, ia pegar por toque ou tosse”, lembra a estudante Stella Sadocco, 17. Segundo a mãe da garota, as dificuldades são as mesmas nas escolas públicas e privadas. “Eles não falam que não querem sua filha, mas impõem uma série de exigências”, lembra Lisandra.
Projeto. O programa KiDS conta com um pacoteeducativo com quatro módulos, um para cada tipo de público: escola, alunos, familiares e familiares de alunos com diabetes. Para serem escolhidas, as escolas devem obedecer a alguns critérios, como a quantidade de alunos.
Em seguida, são realizados encontros para sensibilização e orientação, a distribuição do dossiê e, por fim, os treinamentos. No fim do programa algumas instituições serão reavaliadas. “São palestras interativas, quiz de perguntas e respostas, prática de atividade física e treinamento”, explica Denise franco, diretora da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ Brasil).
Lisandra também é coordenadora pedagógica na escola municipal de ensino fundamental e médio Derville Allegretti, em São Paulo, e, após a implantação do projeto, já percebeu os resultados. “No dia seguinte um dos professores conseguiu identificar uma aluna que não tinha relatado a doença porque tinha medo do preconceito. A educação traz resultados imediatos”.
Online. Como o programa não conseguirá atender a todas as 200 mil escolas e 52 milhões de alunos no país, o kit ficará disponível para download .
A repórter viajou a convite da Sanofi.
Iniciativa
Parceiros. O programa é uma parceria entre a Sanofi, a IDF, a ADJ Brasil e conta com o apoio do Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Diferenças
Diabetes tipo 1 (10% dos casos): doença autoimune caracterizada pela falta de produção de insulina (hormônio que regula o açúcar no sangue) pelo pâncreas. Mais comum em crianças e adultos jovens até 40 anos.
Diabetes tipo 2: ocorre a produção insuficiente de insulina. Mais comum em adultos, além de crianças e adolescentes, devido ao aumento da obesidade, por exemplo.
Fonte: O Tempo

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