quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bullying afeta 26% dos jovens em BH

Publicado em Divulgação científica
 

Análise feita a partir de pesquisa do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte foca as vítimas, em vez dos agressores

Relatos de jovens que já foram vítimas de agressões, intimidações e brincadeiras humilhantes mostram que tanto características pessoais quanto do contexto familiar e social são importantes para entender o fenômeno hoje amplamente conhecido como bullying. A escola é o cenário frequente, mas por uma questão bem simples: é o local onde os adolescentes passam mais tempo juntos. “Os mais velhos descrevem o mesmo comportamento também em outros locais, como o trabalho”, acrescenta a psicóloga Michelle Ralil da Costa, autora de dissertação de mestrado defendida na Faculdadede Medicina da UFMG que descreve o bullying e fatores associados.

Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Foram analisados 598 adolescentes entre 14 e 17 anos que responderam ao questionário sobre bullying dentro da pesquisa Saúde em Beagá, realizada pelo Observatórioda Saúde Urbana em BH (OSUBH). Dentre eles, 26% relataram que sofreram esse tipo de violência em algum momento da vida. O fenômeno foi abordado por meio de seu conceito, sem utilizar o termo bullying. Isso evitava qualquer confusão ou supernotificação, por esta ser uma expressão em evidência atualmente. Com tal cuidado, o foco da pesquisa manteve-se no relato dos comportamentos característicos.

Diferencial
O fato de procurar entender o assunto por meio dos relatos das vítimas vai de encontro à maioria dos estudos sobre o assunto. “Estudos internacionais, principalmente, tentam entender esse comportamento concentrando-se na figura do agressor”, afirma a autora. Esse modo de adentrar o tema permite relacionar os fatores associados aos relatos de bullying e entender melhor o perfil das vítimas. A pesquisa identificou, por exemplo, comportamentos presentes em grande parte dos jovens alvos de bullying , como entrar em brigas, se sentir sozinho ou excluído em festas e não poder conversar com os pais.

O próximo passo é tentar entender como esses fatores influenciam o comportamento dos adolescentes.“Por exemplo, temos que investigar se a associação com a desestrutura familiar e o fato de não conseguir conversar com os pais é resultado de uma influência forte na personalidade desses adolescentes que os impede de socializarem-se adequadamente e os predispõem como vítima de bullying”, afirma Michelle. “Ainda temos muitos dados e muitos aspectos, como a maneira que as relações sociais entre os jovens se desenvolvem, para explorar”.

Comparativo
O resultado ficou aquém do encontrado na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada pelo Ministério da Saúde em todas as capitais brasileiras. Nela, 35% dos entrevistados afirmaram terem sido alvo de bullying no último mês, percentual que colocava Belo Horizonte atrás apenas do Distrito Federal.

Michelle Costa justifica as diferenças entre os estudos.“A amostra da Pense foi maior, o que ajuda a entender o elevado percentual encontrado”, esclarece. “Além disso,eles perguntavam sobre o último mês, enquanto nossa pergunta era sobre qualquer período. Isso tende a registrar os casos que foram mais impactantes para a pessoa, não apenas aqueles que causaram ressentimento ou estresse momentâneos”.

Serviço
Título: Bullying entre adolescentes de um centro urbano: estudo Saúde em Beagá
Autora: Michelle Ralil daCosta
Nível: Mestrado
Programa: Saúde da Criança e do Adolescente
Orientadora: Waleska Teixeira Caiaffa
Defesa: 23/03/2012
 
Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
jornalismo@medicina.ufmg.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário