sábado, 11 de setembro de 2010

Bullying: seu filho pode ser uma vítima

O programa "Mais Você" da Rede Globo abordou recentemente o tema bullying, um fenômeno muito comum nas escolas, caracterizado pela discriminação de uma pessoa por um grupo. Geralmente os agressores se utilizam de uma característica aparente da vítima para agredi-la verbal, psicológica e até fisicamente. Acontece com pessoas em idade escolar, da educação infantil até a universidade.

Embora o termo seja relativamente novo no Brasil, o fenômeno é bem conhecido. Quem nunca assistiu a um filme em que uma pessoa é agredida dentro da escola, por ser feia, gorda, de baixa estatura, pobre, vestir-se mal ou ter o cabelo diferente? Em geral, os mais populares atacam e oprimem os "diferentes" e ainda acabam sendo vistos como modelos.

Infelizmente essa realidade não está só nos filmes, temos visto nas escolas que as crianças estão ficando cada vez mais preconceituosas, discriminam aqueles que moram nos bairros mais pobres, que não tem roupas "da moda", que são mais morenos, que tem dificuldades de aprendizagem ou tiram as melhores notas, que tem alguma marca aparente no corpo, enfim, os estereótipos são diversos.

E esse fato não está relacionado à classe social, acontece tanto em escolas públicas quanto em particulares.

As consequências do bullying são graves, as vítimas começam a apresentar baixo rendimento escolar, isolamento, baixa autoestima, depressão e pensamentos de vingança. Nos casos mais graves, sendo adulto ou criança, o sujeito pode chegar ao suicídio, pois acaba acreditando no conteúdo das provocações, achando que sua vida realmente não tem valor.

Essa prática reflete a falta de limites e valores humanos do agressor, de acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, a pessoa que pratica o bullying tem maior predisposição para se tornar um adulto violento, pode ter uma estrutura de personalidade psicopata, não ter limites em casa, ou estar expressando a agressão da qual ele próprio é vítima.

Quanto aos valores humanos, podemos afirmar que os pais que vivem a cultura do ter e poder transmitem estes valores a seus filhos, ou seja, fazer as crianças acreditarem que são melhores que as demais significa estimulá-las à prática do bullying.

O avanço da tecnologia agravou essa prática. Os agressores passaram a utilizar sites de relacionamento para constranger e agredir ainda mais suas vítimas. Trata-se do "cyberbullying". Eles se utilizam da internet para insultar, alterar fotos e perfil, propagar imagens e informações falsas de suas vítimas, com o objetivo de humilhá-las perante seu meio social e levar outras pessoas a fazê-lo também.

O problema é grave e de difícil superação, mas já existem algumas iniciativas na busca de soluções. O programa "Altas Horas" da Rede Globo lançou em 2010 uma campanha contra o bullying, incentivando as vítimas dessa agressão a se manifestarem e perceberem que não estão sozinhas.

A professora Cléo Fante, pesquisadora do tema, elaborou um programa
intitulado "Educar para a paz", no qual há intervenções com as vítimas, agressores, escola, pais e a comunidade. Ela ressalta que "se existe uma cultura de violência, que se dissemina entre as pessoas, podemos disseminar uma contracultura de paz. Se conseguirmos plantar nos corações das crianças as sementes da paz, solidariedade, tolerância, respeito ao outro e o amor, poderemos vislumbrar uma sociedade mais equilibrada, justa e pacífica".

É preciso que todos nós, pais e educadores, estejamos atentos a esse fenômeno e planejemos iniciativas para vencê-lo. Seu filho pode estar praticando, ser vítima, ou sofrer indiretamente os prejuízos dessa conduta, já que ela é um dos fatores responsável pela indisciplina nas escolas.

Como afirma Cléo Fante, "construir um mundo de paz é possível, mas para isso, deve-se primeiramente construí-lo dentro de cada um de nós". Então, faça a sua parte.

Silvana da Silva Santos
Professora do Colégio Estadual Paraíso do Norte (PR).
e
Sabrina Camargo Silva Leva
Psicóloga da Secretaria Municipal de Educação de Amaporã (PR)

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