domingo, 15 de agosto de 2010

Bullying: a violência dentro das escolas

As mais diferentes formas de violência invadem cada vez mais as escolas brasileiras e em todo o mundo.

Aqui no Brasil por algum tempo, essa violência foi muito debatida dentro das escolas públicas e era ligada a clientela dessas escolas, principalmente no período noturno. Discutia-se a necessidade de um policiamento mais ostensivo na frente das escolas, uma vigilância maior para que pessoas de fora não invadissem os prédios escolares, enfim, era uma violência tratada como algo fora dos muros escolares.

Já escrevi alguns textos sobre o assunto e em todos eles, sempre defendi a tese da necessidade de tratar essa violência como algo inerente não apenas ao lado de fora dos muros das escolas mas sim e principalmente, como um comportamento dos próprios alunos dentro das salas de aulas e dependências internas das mesmas.

Escrevi textos falando da necessidade urgente de se trabalhar a inteligência emocional dos alunos como uma das principais formas de tratar essa violência escolar.

Fiz muitas palestras em escolas públicas e também particulares sobre o assunto tentando mostrar a importância de se incluir no currículo escolar a alfabetização emocional dos alunos.

Cada vez mais, um comportamento denominado bullying, tem sido observado e apontado como um dos grandes problemas disciplinares e comportamentais em nossas escolas.

Hoje, essas pesquisas estão sendo voltadas mais para escolas particulares pois esse comportamento cresce assustadoramente nessas escolas.

O que é bullying? È a expressão usada para denominar um comportamento extremamente agressivo de grupos de alunos em relação a determinados alunos da classe ou da escola. Envolve agressões verbais, emocionais e físicas como socos, pontapés, ameaças, enfim um comportamento violento e inaceitável dentro de escolas.

O que tem chamado mais ainda a atenção dos estudiosos do assunto é que a idade é cada vez menor de alunos que praticam o bullying dentro das escolas. Um comportamento antes mais comum em adolescentes está sendo apresentado por crianças a partir de 7 anos de idade.

Esse comportamento agressivo geralmente é liderado por um dos alunos e os outros seguem suas ordens isolando algum colega, ameaçando-o, hostilizando-o publicamente e chegando mesmo a agressões físicas dentro da escola. O líder, geralmente um aluno problemático induz outros, que até mesmo por medo de represália e de não serem mais aceitos pelo grupo obedecem e hostilizam algum colega.

O problema é sério e muitas vezes acaba fazendo com que a vítima não queira mais ir à escola, abandonando-a e apresentando problemas emocionais também graves.

O que as escolas brasileiras estão fazendo para coibir e tratar essa violência?

Temos certamente que citar algumas causas para o aumento desse problema nas escolas e entre elas a falta de família e de limites é uma das maiores.

Muitos desses líderes negativos são de famílias problemáticas cujos pais não sabem lidar com disciplina e afetividade em relação aos seus filhos. Esses alunos acabam em parte, descontando seus problemas familiares nos colegas e escolhem um deles para ser a vítima da vez. São crianças também que não toleram frustrações e extrapolam através de um comportamento que não pode ser aceito pela escola.

Pesquisas indicam uma falta de vigilância nas escolas o que facilita o bullying pois os alunos que comandam os outros não se sentem ameaçados de punição o que reforça o comportamento inadequado. Quando os pais das vítimas procuram na escola a direção e coordenação muitas vezes alegam que não sabem de nada até que os pais mudam seus filhos de escola por não conseguirem resolver o problema.

O aumento desse comportamento na escola mostra uma vez mais uma necessidade urgente de se trabalhar com competência as emoções e a resolução de conflitos com os alunos. Se uma escola faz um trabalho constante de compreensão dos sentimentos, como eles agem e como somos capazes de exercer um controle sobre eles, certamente os alunos aprenderão como resolver conflitos de uma forma adequada sem a necessidade de usar a violência para exteriorizar os seus problemas.

Dizer que a culpa é apenas da família não resolve o problema. A escola tem que achar um caminho para trabalhar essa violência, independente de poder contar ou não com os pais de seus alunos nessa resolução.

Varuna Viotti Victoria - Diretora e pedagoga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário