segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Autora de livro sobre bullying esclarece dúvidas sobre o assunto

Médica Ana Beatriz Barbosa Silva diz que o cyberbullying anda cada vez mais frequente

Dentro da escola, todas as características que fogem do padrão correm o risco de serem alvo do bullying. Os agressores humilham, maltratam e intimidam os colegas, transformando a vida de muitos estudantes em tormento.

Pós-graduada em psiquiatria, Ana Beatriz Barbosa Silva, autora de livros como Mentes Perigosas na Escola e Mentes Inquietas, conversou com o Meu Filho sobre o assunto. Confira.

Meu Filho — Com o tempo, o bullying ganha novas formas e características. É possível classificar hoje uma forma mais agressiva ou perigosa?
Ana Beatriz Barbosa Silva —
Uma das formas mais agressivas e que ganha cada vez mais espaço sem fronteira é o ciberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem por meio de celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, internet e seus recursos (e-mails, sites de relacionamentos, vídeos). Além das difamações serem instantâneas, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola os muros das escolas e expõe a vítima. Os praticantes dessa perversidade também se valem do anonimato e, sem qualquer constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível.

Meu Filho — Qual o principal desafio da escola hoje quando o assunto é bullying?
Ana Beatriz —
Se considerarmos que no bullying a maioria das agressões ocorre no território escolar, onde a criança e o adolescente passa grande parte do dia, podemos concluir que os professores e as demais autoridades educacionais estão falhando na identificação do problema. E isso pode ocorrer por desconhecimento ou até mesmo por negação. Negar que existe bullying na escola só agrava o problema e multiplica a agressão. A escola deve estar preparada para lidar com todos os envolvidos no bullying. No entanto, quando a escola tem atitude proativa frente à violência escolar, ela costuma ter mais dificuldades em mobilizar os pais de alunos agressores. Muitos deles tendem a minimizar os atos violentos de seus filhos ou mesmo justificá-los com argumentos frouxos e descabidos.

Meu Filho — A informação ajuda a diminuir os casos?
Ana Beatriz —
A informação é bem-vinda. É fundamental para mudar o panorama sombrio. O bullying começou a ser estudado com mais seriedade na década de 80, na Noruega, em função de alguns eventos dramáticos. No Brasil, graças à iniciativa de pessoas engajadas em movimentos pela paz nas escolas, o bullying começou a ser difundido. Estamos em fase embrionária, e a violência escolar está longe de ser erradicada. Algumas instituições incorporaram programas de incentivo e estímulo de ações solidárias por meio de peças de teatro, vídeos, o que faz com que o próprio agressor se coloque no papel da vítima e passe a desenvolver mais o sentimento de empatia. Resultados positivos no que concerne a legislações e penalizações aos pais dos agressores também já ocorrem em alguns Estados brasileiros.

Fonte: clicrbs

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