domingo, 16 de outubro de 2016

Frentes tentam combater o bullying

Frentes estão sendo desenvolvidas pelas escolas da Região de Campinas para combater o bullying nas escolas, essa violência sistemática que afeta a autoestima, a integridade física e até o aprendizado das crianças e jovens. As vertentes são para formar os professores, adotar iniciativas de combate a esta prática no ambiente escolar e preparar os pais.
A professora Luciene Tognetta participa do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) ligado à Unesp (UNiversidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que faz um trabalho nas redes de ensino públicas e particulares do Estado. A meta é formar professores para participarem da elaboração e construção de projeto anti-bullying na escola. E estimular momentos de convivência com valores morais em vez de apenas a intervenção contra a violência.
"São estratégias pensadas para promover a participação daqueles que mais têm a contribuir para a superação do bullying: os alunos. (...) Os resultados parciais de nossas investigações com as escolas de Campinas mostram que, efetivamente, os problemas de intimidação diminuem quando existe na escola um trabalho em que a convivência seja desenvolvida, respeitada e difundida", informou Luciene.
Para a psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga, especialista em educação especial e em gestão escolar, é importante consolidar seus conceitos e lutar para o combate de sua progressão no meio escolar. "O papel que a escola precisa desempenhar em relação ao bullying com as crianças é o de amenizar qualquer distância que menospreza ou impossibilita o outro de mostrar o seu potencial", explicou.
PARCERIA COM EDITORA
Outra experiência é realizada em parceria com a Editora Adonis, de Americana, informou Luciene, com a implementação de formação sistemática a professores, pais e alunos. Em Hortolândia, por exemplo, a Secretaria de Educação investiu no tema da convivência há quatro anos para formar os professores e, neste ano, fechou o ciclo com a construção coletiva de um projeto antibullying em todas as escolas da rede.
"Passamos um ano trabalhando com pais, professores que aplicavam com seus alunos, estratégias de fazer com que os valores de uma convivência ética fossem presentes na escola. Formando professores para pensar a forma de falar com as crianças de maneira respeitosa, repensar as regras da escola e se apropriar de trabalhos que permitam que as crianças expressem seus sentimentos e possam construir por si o que chamamos de autorrespeito para que assim, o respeito ao outro possa ser conseguido", explicou Luciene.
Orientação aos pais também faz parte
Uma experiência bem sucedida, informou Luciene, é a construção de um projeto de formação de pais pelas escolas. Os pais são convidados a estudar sobre como educar seus filhos em tempos atuais, como ajudar os filhos a não se transformarem em vítimas, autores ou expectadores de bullying ou cyberbullying que nada fazem para ajudar quem sofre.
"Isso porque sabemos que controle ou mesmo punições não são instrumentos que educam para criar pessoas melhores. Ajudar os pais a encontrarem medidas mais humanas e mais assertivas para prevenir o problema é uma necessidade", disse Luciene.
Uma experiência nesse sentido foi realizada no Colégio Biocêntrico de Nova Odessa. "São experiências como essas que nos levam a acreditar que a tarefa de humanizar as relações é possível", disse Luciene.
SAIBA MAIS
A Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) define o bullying como todas as formas de atitudes agressivas, realizadas de forma voluntária e repetitiva, sem motivação evidente, cometidas por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e angústia e realizada dentro de uma relação desigual de poder.
No Brasil, 20% dos estudantes alegam já ter praticado algum tipo de bullying, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que entrevistou mais de 100 mil alunos de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Na mesma pesquisa, 51,2% dos estudantes não souberam especificar um motivo para ter cometido tal agressão.
A maioria dos casos está relacionada à aparência do corpo, seguida da aparência do rosto, raça/cor, orientação sexual, religião e região de origem.
Geralmente, tais atos acontecem sem o conhecimento dos pais e professores, com consequências graves como o medo e insegurança, que atrapalham não só os estudos, como a vida pessoal daquela criança ou adolescente.

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