domingo, 27 de dezembro de 2015

No Japão, escolas contratam ‘guardiões’ para detectar bullying online

por Priscilla Polidorio Piltz - do IPC Digital
No Japão, escolas contratam 'guardiões' para detectar bullying online
Teenage girl looking at cellphone
TÓQUIO (IPC Digital) – Em julho de 2007, um estudante em Kobe atirou-se pelo telhado do prédio da escola, tirando a própria vida. Notas encontradas nos bolsos contaram uma boa parte da história. “Eu não posso pagar; minhas notas estão caindo; tudo que posso fazer é morrer”.
Ele estava sozinho em seu sofrimento, mas não em sua situação – 18.048 crianças cometeram suicídio entre 1972 e 2013, de acordo com um relatório do governo.
O bullying online é muitas vezes chamado de bullying invisível, observa Shukan Josei. Poucos adultos ficam sabendo de onde vem os insultos e ameaças, até que as vítimas simplesmente não aguentam mais. Problemas do garoto em Kobe, começou em um blog de futsal, iniciado por um de seus colegas de classe. Alguém escreveu sobre ele: “Esse garoto é mentiroso; mentirosos precisam ser multados; A multa é de ¥10.000”.
Depois disso, virou uma ‘bola de neve’, e as ameaças chegaram: “Vamos linchar você”.
Uma empresa chamada ‘Adish’ foi criada, que é basicamente um cidadão patrulha na internet. Trabalhando com base num contrato com as escolas, que adapta seus serviços as necessidades de cada lugar. Para resumir em uma frase, os funcionários são ‘adish’, e chamam a si mesmos de ‘guardiões da escola’. Eles monitoram sites que não tem supervisão de um adulto.
Eles afirmam saber o que procurar, e isso nem sempre é óbvio. O que a primeira vista pode não parecer nada de mais, pode conter conotações sinistras. “Morra!”, por incrível que pareça é uma expressão comum entre as crianças. As vezes é na diversão, e o problema está quando não é. O truque, segundo o monitor do ‘Adish’, Yukio Sasaki, é fazer a distinção correta, é preciso experiência e julgamento.
Em 2009, uma escola de Tóquio contratou a ‘Adish’, tomou a decisão de fazer segredo disso e outras escolas acabaram seguindo o exemplo. Agora a lista de clientes da empresa é de 3.635 escolas públicas e 185 privadas.
Mas, o que os monitores patrulham na internet levando em consideração toda sua vastidão? Por um lado comentários ofensivos, sutis ou pontiagudos; informações pessoais verdadeiras ou não; comentários como: “Eu quero morrer”, “Vou pular do telhado no festival da escola”, que revelam ou mais frequentemente sugerem uma alma angustiada, um ‘suicida em potencial’. Primeiro os monitores encontram, em seguida, avaliam e finalmente quando consideram grave, relatam para a escola. Eles não tem contato direto com os alunos, sejam vítima ou autores.
Existe problema de privacidade? Privacidade na Internet é um ponto discutível em um meio cuja finalidade é a publicidade. O quanto de privacidade tem direito e o quanto queremos, são questões a serem resolvidas. Em qualquer caso, Shukan Josei diz, que a intenção das escolas em contratar a ‘Adish’ é para defesa dos próprios alunos, na esperança de encontrar potenciais agressores.
Em média, a empresa emite seis advertências por mês para cada escola.
Fonte: Japan Today

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