terça-feira, 18 de novembro de 2014

Contra bullying, menina de 11 anos cria projeto que transforma vida de criança

Poetisa mirim incentiva público infantil a ilustrar e declamar poesias e planeja lançar livro de coletânea de textos

por Portal Brasil


"Era uma vez uma menina chamada Sol. (…) Ela se achava a menina mais feia do mundo! E se julgava assim porque era muito magra, alta e desengonçada. Usava aparelho nos dentes e havia muitas sardas pelo seu rosto. (…) Na escola em que Sol estudava, algumas meninas zombavam dela e isso a deixava ainda mais triste.”
– Trecho do conto “A menina que se achava a mais feia do mundo”
Julia Travassos tinha 10 anos quando começou a ser alvo de piadinhas maldosas de um coleguinha da escola. A insistência do companheiro de turma mexeu com a autoestima dela, que começou a apresentar um comportamento depressivo na escola e em casa. 
Julia, não queria mais voltar à escola. Ficou dois dias fechada em seu quarto, não se alimentava direito, não conseguia falar sobre o assunto. Ninguém sabia o que tinha acontecido, nem os pais nem a professora. A mãe, Verônica de Mello, já sem saber o que fazer, incentivou a filha, que escrevia contos e poemas desde os 6 anos, a por no papel o que sentia. Foi quando a menina fez o conto: “A menina que se achava a mais feia do mundo”.  Ao ler, Verônica entendeu quem era a personagem principal.
 Nesse mesmo dia, Julia começou a se sentir melhor. Voltou a se alimentar direito e tomou uma decisão: “Vou voltar a estudar e escrever outros contos e poesias para me sentir feliz sempre, e não ligar para o que falam de mim, pois sou uma menina inteligente e criativa, agora sei disso.”
 A história se passou em 2013 na comunidade do Meio da Serra, em Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro.
Em março deste ano, mãe e filha lançaram o livro de contos infantis “De um ponto eu traço o conto”, que reúne textos das duas, incluindo “A menina mais feia do mundo”. Desde então realizam juntas palestras sobre bullying para escolas da cidade. Falam sobre o quanto ações de discriminação e preconceito podem ser nocivas e indicam caminhos de superação por meio da arte.
 Aos 11 anos de idade, Julia mais uma vez surpreendeu.
“Eu estava ouvindo a minha mãe no telefone, ela falava sobre poemas com uma amiga. Foi quando tive a ideia de me reunir com minhas colegas aqui do bairro, para também fazermos poesia. Na mesma hora veio na minha cabeça o nome do grupo: Montando Versos. Pedi ajuda a minha mãe e começamos a nos reunir”, conta Julia.
A poetisa mirim idealizou um projeto em que a arte ajudaria outras crianças a também superar o bullying. Um grupo começou a se encontrar na casa da família de Julia e logo o espaço ficou pequeno. Atualmente as crianças se reúnem todas as sextas-feiras em uma sala de shopping cedida ao projeto. Verônica é quem coordena as atividades.
As crianças são incentivadas a escrever, ilustrar e declamar poesias e contos poéticos, com oficinas gratuitas. Em um processo criativo são combinados versos escritos por elas para montar poesias e contos poéticos a várias mãos. Em 2015, os escritores mirins planejam lançar um livro com uma coletânea dos textos criados por eles.
“As crianças começaram a desenvolver os textos e a estimular a criatividade. Todas apresentaram melhoras na língua portuguesa e os resultados já foram sentidos pelos pais e professores na escola”, relata Verônica de Mello. “É muito recompensador ver que este trabalho tem ajudado essas crianças a desenvolverem seus talentos e contribuído para que possam aperfeiçoar suas habilidades de escrita e até mesmo de socialização”, declara.
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