quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Postagens anônimas podem ser usadas para promover o bullying virtual

Aplicativos como o Secret podem propagar calúnias, difamações e imagens constrangedoras sem a devida autorização


Com a promessa do anonimato, usuários cedem ao apelo do aplicativo para celulares Secret e revelam seus segredos. Ele permite fazer confidências sobre si mesmo ou outras pessoas por meio de posts com textos ou fotos – ou também compartilhar amenidades e brincadeiras –, sem que o autor tenha sua identidade declarada, e se conectar tanto com conhecidos como com desconhecidos, que interagem por meio de comentários e curtidas.
Porém, essa condição de anonimato acabou criando um espaço aparentemente sem lei, em que se pode falar de tudo, inclusive propagar calúnias, difamações e imagens constrangedoras sem a devida autorização. “O Secret é mais uma ferramenta de relacionamento com infinitas possibilidades, que podem ser usadas para o bem e para o mal. O problema é quando eles são mal utilizados”, diz Francisca Paris, pedagoga, Mestre em Educação e Diretora de Serviços Educacionais da Saraiva.
O que era para ser um diário aberto virtual bacana em alguns casos tornou-se uma grande rede de intrigas e fofocas. Ou, pior, um espaço utilizado por alguns para promover o cyberbullying – agressão, intimidação ou humilhação de terceiros na esfera virtual –, a intolerância, o preconceito e até mesmo a pedofilia. “Mesmo quando essa violência é provocada sem intenção de machucar, ela resulta na vitimização especialmente da criança ou do jovem, causando-lhe sofrimento, perturbação e diversos danos. Como em tudo na vida, é preciso pensar bem antes de agir, e não o contrário”, afirma a especialista.
É importante estar atento ao que se expõe e compartilha online, porque cada informação divulgada pode ser interpretada de inúmeras maneiras e trazer problemas. E nos casos dos menores de idade que estão na rede, a atenção dos pais e da escola deve ser redobrada para ajudá-los na tarefa de identificar os limites entre o que precisa permanecer privado e o que pode tornar-se público.
“A violência utilizada no mundo virtual apenas reflete aspectos das práticas desse fenômeno no mundo real: sofrimento e humilhação da vítima e incapacidade de se defender das agressões. O combate a esses acontecimentos será tão mais exitoso quanto maior for a interferência da família, dos professores e da comunidade em geral. Na internet, assim como na vida, quanto mais conscientes, autocríticos e racionais com as nossas atitudes nós formos, melhor será nossa convivência com o próximo”, explica Francisca Paris.
Quando o ataque acontece no mundo real, como na escola, por exemplo, e é denunciado, os agressores são identificados e confrontados pela autoridade escolar. Já nos casos de "perturbação online", isso é mais difícil de ser combatido, especialmente quando o autor cria um perfil falso ou uma página anônima. “Apesar disso, as vítimas não devem se calar por vergonha ou medo de represália, mas, sim, denunciar e até mesmo exigir que as medidas legais cabíveis sejam tomadas. Temos que olhar para o outro com respeito. Para isso, basta utilizar a velha máxima do ‘não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você’”, conclui a Diretora de Serviços Educacionais da Saraiva.

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