domingo, 28 de setembro de 2014

Mãe de aluna obesa diz sofrer coação ao depor sobre caso de bullying

Estudante de 12 anos e 148 kg foi xingada em Piracicaba (SP), diz mãe. Governo do estado afirma que vendedora não reclamou sobre depoimento.


Do G1 Piracicaba e Região

Mãe disse que garota de 12 anos foi ofendida dentro de escola em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Mãe disse que garota de 12 anos foi ofendida dentro de escola em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
A mãe da estudante de 12 anos e 148 quilos que teria sido vítima de bullying na Escola Estadual Pedro Mello, zona rural de Piracicaba (SP), afirmou nesta sexta-feira (26) ter sido coagida pelo supervisor da unidade durante o depoimento sobre o caso na Diretoria de Ensino. A vendedora Claudia de Almeida Martins Rodrigues, de 42 anos, registrou um boletim de ocorrência após a reunião em que diz ter ficado três horas e meia sem poder detalhar as queixas da filha. A garota foi xingada de "gorda" e "baleia", e a direção da escola tentou impedir que ela participasse da educação física, afirma a mãe. O estado diz que segue "à disposição" da família e que não recebeu queixas sobre o depoimento.
Segundo Claudia, ela foi chamada para depor sobre a denúncia de bullying que ela protocolou contra o diretor da escola. “Eu segui a orientação passada em ata de reunião feita na diretoria de ensino. Mas quando cheguei, o supervisor começou a me coagir.”
A vendedora disse que o marido foi proibido de permanecer na sala enquanto ela era ouvida. “Assim que entrei na sala, o supervisor, acompanhado de duas supervisoras, disse para eu não responder nada que ele não perguntasse, não contar nenhum fato novo e nem repetir o que ele já sabia. Quando eu começava a falar, ele me mandava parar e a todo momento agia com rispidez e gritava.”
Escola Pedro Mello em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)Escola Pedro Mello, onde garota estuda
em Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
A reunião aconteceu em 18 de setembro. Na última segunda-feira (22), orientada por um advogado, Cláudia procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência. “Eu não tinha alternativa. Fui até a Diretoria de Ensino para tentar resolver o problema da minha filha e acabei coagida. Cheguei a passar mal dentro da sala durante a reunião e por causa do nervoso fui parar no pronto-socorro.” Ela reclamou ainda que testemunhas do caso de bullying não foram chamadas e que não sabe a quem recorrer, já que na diretoria de ensino ela não é atendida.
Resposta do estado
Procurada nesta sexta-feira para comentar o assunto, a Secretaria de Educação do Estado  respondeu ao G1 por volta das 13h30. Em nota da assessoria da pasta, a Diretoria Regional de Ensino afirmou que continua à disposição da mãe da estudante mesmo durante o andamento da apuração preliminar, que corre em sigilo.
"É importante ressaltar que não houve qualquer registro de reclamação por parte da responsável sobre seu depoimento à equipe de supervisores. A apuração preliminar segue todos os trâmites e os envolvidos são ouvidos individualmente. Vale destacar que, para a apuração, são designados supervisores de outras unidades de ensino, sem vínculo direto com a escola e a equipe de educadores, a fim de garantir a imparcialidade na averiguação", afirmou a nota da assessoria.
Entenda o caso
Segundo Claudia, no início de agosto, a direção da escola onde a menina estuda sugeriu que a menina fosse retirada do estabelecimento de ensino. A Secretaria Estadual da Educação exigiu um laudo médico sobre as condições de saúde da jovem, que também foi vítima de bullying praticado por alunos, de acordo com a vendedora.
A mãe levou à escola um laudo assinado por um profissional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde a garota é acompanhada. No laudo, o médico escreveu que a "paciente não apresenta contraindicação para atividades escolares, mas tem limitações temporárias para atividades físicas até o controle da pressão arterial".
No dia 29 de agosto a Diretoria de Ensino de Piracicaba (SP) informou que iria apurar a denúncia da vendedora contra a direção da escola. O diretor negou as acusações. Aos pais da aluna e a representantes da Secretaria Estadual da Educação, ele afirmou que a preocupação era em relação às aulas de educação física, já que a jovem sofre de pressão alta e apresenta comportamento ofegante.
Uma segunda reunião foi realizada na diretoria e um segundo laudo médico apresentado pela mãe da estudante a liberava para fazer exercícios de leve intensidade. O documento era assinado por uma médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde a garota acompanhamento de saúde.

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