sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Preocupação com bullying leva OAB a lançar cartilha


Marília Montich 
Do Diário OnLine


Tiago Silva/Arquivo DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
O bullying é problema crescente nas escolas de todo o País. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ), quase a metade dos alunos entrevistados em 2015 (46,6%) diz já ter sofrido algum tipo de humilhação por parte dos colegas. Em 2012, esse número chegava a 35,3%. Diante do cenário preocupante, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo) lançou no início do mês, com apoio da Secretaria da Educação do Estado, o Programa de Prevenção ao Bullying – Guia do Professor, cartilha que reúne questões legais e éticas que devem ajudar o atendimento dentro e fora de sala de aula.
O material traz recomendações a educadores – sejam da rede pública ou privada - com base na lei número 11.185, de 2015, que institui o dever dos colégios em implantar programas de prevenção tanto ao bullying como ao cyberbullying (violência que ocorre na internet). “A cartilha visa orientar escolas e professores em relação às necessidades de implementar programas para prevenir e combater a questão. A escola precisa agir, não pode ser omissa”, diz a advogada Cristina Sleiman, presidente da Comissão Especial de Educação Digital da OAB e uma das responsáveis pela elaboração da cartilha.
Entre as orientações que constam no documento está a necessidade de selecionar equipe responsável para cuidar do projeto, além de dimensionar ações efetivadas para diagnóstico, combate e prevenção. Promover a capacitação de professores para que sejam orientados sobre como agir e identificar o bullying está entre as prioridades.
Segundo Cristina, a cartilha conta com linguagem fácil, fugindo de termos específicos do Direito, justamente para se tornar acessível a todos. “Ela vai estar disponível digitalmente em breve no site doa OAB-SP no link Comissões. Quem já tiver interesse pode solicitá-la pelo e-mail educadigital@oabsp.org.br.”
Para a professora Denise D’Aurea Tardeli, do curso de Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo, iniciativas como a da OAB são muito positivas, uma vez que toda a sociedade escolar (professores, diretores, porteiros, merendeiras etc) tem que estar preparada para enfrentar a problemática. Ela ressalta, contudo, que a questão do bullying não passa apenas por uma questão legal. “O bullying vem a partir da desestruturação no desenvolvimento da criança e do adolescente. Normalmente os agressores sofrem dentro de casa, chegam na escola e descontam nos colegas, estes que, em geral, têm baixa autoestima e não sabem revidar. Sendo assim, tem de haver um projeto de formação e de trabalho de boa convivência, e não enxergar apenas a questão de lei. Deve-se trabalhar a formação moral e psicológica da escola inteira.”
Ainda de acordo com a pedagoga, são poucas as instituições que hoje estão preparadas para lidar com o bullying de forma efetiva. “É muito difícil a escola de fato acolher o tema como prioridade. Colégios estão muito preocupados com as disciplinas, as avaliações e, às vezes, esquecem o lado das relações interpessoais. Acontece que se as relações não estão boas, ninguém aprende nada”, critica Denise. 

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