segunda-feira, 30 de junho de 2014

'É preciso fazer algo urgente', diz psicóloga sobre bullying

Joab FerreiraDo G1 Santarém


Alto índice de tentativas de suicídio, depressão e evasão escolar é gerado. Tema foi debatido durante Salão do Livro do Baixo Amazonas.


Zildinha conversa com criaças sobre o bullying (Foto: Alaison Muniz/Secom)Psicóloga conversa com criaças sobre o bullying
(Foto: Alaison Muniz/Secom)
Insultos, humilhações, desprezo. O bullying é um dos maiores problemas vivenciados por crianças e adolescentes. As consequências, se o caso não tiver acompanhamento, podem ser levadas para a vida toda. E, o pior, o ciclo pode nunca ter fim. Geralmente os autores das agressões e ofensas já foram vítimas. Segundo os especialistas, o bullying gera um alto índice de tentativas de suicídio, depressão e evasão escolar. E quem sofre, não costuma contar isso para outras pessoas, por isso os adultos devem ficar atentos.
Os casos mais comuns acontecem dentro das escolas. Os bullies sempre encontram as pessoas que são diferentes do ‘padrão’ pregado pela sociedade. Michael Douglas, de 20 anos, passou a maior parte da sua vida enfrentando a situação. Ele, que sofreu insultos e passou vergonha por estar acima do peso, conhece bem a gravidade do problema. “Eu sofria muito no meu ensino fundamental, quando tinha uns 12 anos. Eu era acima do peso, foi difícil, porque me provocavam muito, me xingavam. Era chamado de gordinho, de nerd. Uma época eu cheguei até a faltar nas aulas, porque era muito ruim aquilo”, conta. Douglas enfrentou o problema até os 18 anos.
A psicóloga e psicoterapeuta paraense Zildinha Sequeira, explica que as causas do bullying podem ser as mais diversas. “O que torna alguém um agressor? A forma como ele foi criado. A falta de limites, inclusive na educação. Características da personalidade, maneira de ser. A violência nas ruas que banaliza tudo. A inveja, o ciúme”. Segundo ela, em boa parte dos casos, o agressor foi vítima. “O agredido de hoje, amanhã pode virar agressor. Como forma de desforrar no outro aquilo que ele passou”.
Não foi o caso de Douglas, que conseguiu superar o trauma, e não precisou descontar em ninguém tudo o que sofreu. “Eu consegui aprender a lidar com aquilo. Graças a Deus minha família me deu condição de ter uma cabeça boa, e eu superei. Não precisei de nenhuma ajuda de fora, superei por mim mesmo”. No entanto, apesar da superação, ele deixou de realizar algumas coisas por conta de tudo o que passou. “Praticar esportes é uma delas. Sempre faziam eu passar vergonha na frente de todo mundo, por ser ‘gordinho’. Era o último a ser escolhido”.
Como o bullying geralmente acontece longe da visão dos adultos, o problema é mais difícil de ser percebido. Estar atento aos sintomas torna-se imprescindível para que alguma ajuda seja prestada antes que as vítimas tenham sequelas. “Para acabar com o bullying, não é só punindo. É preciso fazer uma campanha de conscientização. Quem é vítima, precisa ser ajudado. Quem é agressor, também precisa ser ajudado. É preciso fazer algo urgente sobre isso. O índice de tentativas de suicídio, de depressão, de evasão escolar com relação ao bullying está crescendo assustadoramente. A Organização Mundial da Saúde considera que há uma epidemia mundial", finaliza.

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