terça-feira, 8 de julho de 2014

"Sofri muito", diz Aguinaldo Silva sobre bullying no colégio aos 12 anos




HOMEM DO FOLHETIM  Críticas são bem-vindas, mas não anônimas (Foto:  Wilton Junior/Estadão Conteúdo)


HOMEM DO FOLHETIM Críticas são bem-vindas, mas não anônimas (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

Aguinaldo Silva estreia dia 21 sua próxima novela, Império. Um dos destaques da trama promete ser o casal gay vivido por José Mayer e Klebber Toledo. "A questão da cidadania plena dos homossexuais é um dos assuntos predominantes dessa década, tanto que até o Papa Francisco I tem se pronunciado sobre ele, e sempre de maneira positiva em relação aos gays", afirma o autor, que já sofreu vários preconceitos por ser homossexual. A primeira vez foi aos 12 anos, no colégio, quando foi mal tratado pelos colegas que votaram nele para ser a 'Rainha da Primavera'. "Sofri muito. Aquilo provocou uma histeria nos meninos, que começaram a me hostilizar. Essa é uma humilhação da qual não se esquece mais", afirma o autor, que garante não ter uma relação séria há mais de 15 anos. "Não namoro desde que me separei, em 1998. Tenho encontros, mas nada sério", diz ele.
Não está havendo um excesso em se falar dos gays na TV?
Não acho. A dramaturgia reflete a nossa realidade e tanto heterossexuais como homossexuais são telespectadores e consumidores. E já aviso que não escrevo as minhas cenas pensando se vai ter ou não beijo gay nelas. Aliás, ter ou não ter beijo já deixou de ser novidade há muito tempo, né?
Ainda é muito difícil ser gay no Brasil? 
O Brasil sempre foi um dos países menos repressores em relação à sexualidade - seja homo ou hétero. Aquela história de que 'não existe pecado do lado de baixo do Equador' vale desde a época do Brasil colônia. Os gays aqui, mesmo nos períodos mais difíceis, como o da ditadura, nunca foram presos ou tiveram que se exilar, como aconteceu na Argentina no passado, e hoje acontece em Cuba, no Irã e na Coréia do Norte.
Como lida com as críticas às suas tramas?
Críticas para mim são válidas se forem assinadas e tiveram identidade, CPF e firma reconhecida (risos). Críticas de anônimos na internet não têm a menor validade. Mas lido bem com as críticas, pois gosto de dizer o que penso, e acho que todos devem ter o mesmo direito que eu...Desde que mostrem a cara.
O que o público pode esperar de Império?
Império não será uma novela gay. E tão pouco vai abordar temas: sempre coloco meu foco nas tramas, nos ganchos. O público pode esperar um grande folhetim, um verdadeiro novelão, onde em cada capítulo existe uma reviravolta.
Você é um homem de opiniões fortes. Se considera polêmico?
Não me considero polêmico, mas gosto de falar sobre o que penso. Sou um autor que adora escrever novelas, amo meu ofício e me apaixono por meus personagens. Não penso em me aposentar: ainda tenho algumas novelas para escrever e amo o que faço. Não quero parar nunca!
Hoje temos muitos autores novos na teledramaturgia. O que acha dessa abertura do mercado? 
Acho maravilhoso! É importante para o mercado se reciclar, se reinventar e se renovar. Não penso que exista uma disputa: cada autor tem um perfil e a diversidade de assuntos abre espaço para todos.

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