sexta-feira, 21 de março de 2014

Bullying em nome da ordem

DIÁRIO DA MANHÃ
CLAUDECI FERREIRA DE ANDRADE
"O bullying começa quando a professora deixa outro aluno ir beber água e você não" (DM)
Acabou o tempo da palmatória, mas, ainda, todos na escola apanham um bocadinho: professor, coordenador, diretor e até o aluno. É um batendo no outro! Quem ainda não soube de um fato de violência bizarra que aconteceu na escola?  E o pior deles, é o professor apanhar de aluno, por assunto banal! {http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/f f2209 201126.htm} (acessado em 15/03/2014). Os coordenadores criticam e obrigam os professores a tomarem os celulares dos alunos. Se isso é bullying? Não sei, porém constrange os dois lados. {http://www.em. com.br/app/noticia/gerais/2013/09/04/interna_gerais,444623/ professor-de-colegio-estadual-e-agredido-por-aluno-com-historico-escolar-conturbado.shtml} (acessado em 15/03/2014).  Os coordenadores criticam e repreendem os professores que deixam os alunos colarem. São duas situações melindrosas que, por mais delicado que seja o professor não vai dissipar a ira do aluno, curtido da delinquência familiar e nem a da coordenadora insegura sem uma função bem delineada. Onde estavam os coordenadores dos professores que apanharam de aluno? Estão sempre presentes para dizer que tal professor é bom ou ruim, num julgamento falacioso, baseados em caderninho de planejamento e porta da sala de aula fechada sem movimentação no corredor. 
Esta semana, fui surpreendido com a coordenadora na porta de minha sala com a pergunta estridente e bulidora: – professor não te incomoda esta falta de respeito à sua aula, com tanto aluno na porta da sala fazendo nada? Respondi com uma sugestão: Pergunte a eles se fazem isso para me desrespeitar ou por preguiça de cumprir a atividade proposta para o momento! Então ela atirou farpas para todos os lados atingindo eles e a mim, disse tudo que podia e não podia; assim que virou as costas, os mesmos que estavam lá fora me disseram, de diversas formas: – não deixa ela falar assim com o senhor, Não! Ela assistiu tudo e não tomou medida alguma, mas queria que eu me indispusesse com os alunos, pegando-os pelo braço e levasse até a coordenação, o trono da "salvadora da pátria", estão seriam lavrados relatórios assinados por os "de menor", com palavras doces de perdão, massageando o ego de quem se diz superior, para engordar as estatísticas da "promissora" função. E eu lá na sala, no dia seguinte com a rejeição e a resistência desses espertalhões os quais entreguei. Qual é a pena para "dedo duro", segundo eles? Por isso quem me defenderá?  Pensei em me queixar por bullying, mas já não sabia quem era o desonrado e/ou desonrador. Quem merecia apanhar: eu, a coordenadora ou os alunos sem objetivos escolares? Eu sou ruim por que só faço o meu trabalho. Ela é ruim porque me obriga fazer o meu trabalho e o dela. Estes alunos desobedientes são ruins porque não fazem nem os seus trabalhos de classe e ainda impedem que o professor e coordenador façam o trabalho deles. 
Um dia, o professor bateu num aluno. {http://noticias.r7.com/educacao/noticias/aluno-leva-socos-de-professor-de-matematica-20130509.html} (acessado em 15/03/2014). Então a mídia apresentou o fato, pintando o professor como um monstro "safado, sem vergonha e doente", bateu em um "anjo". Apologia ao bullying vale o ibope? Os que estão em posição privilégiada na hierarquia social se acham no direito de humilhar, e se fazem muitos os humilhados, prontos para explodir em revoltas e maltratos a qualquer momento! 
O que pode ser feito para ensinar os desrespeitadores a respeitarem sem apanhar? Ou, pelo menos, evitar que batam na pessoa errada, já que a turma do pega e lincha tem que bater em alguém! Apologia à violência não pode ser, porque não se combate uma incêndio com outro foco de fogo. A maior causa da violência é outra violência. Não é à toa que nos provérbios, Salomão diz que a palavra branda desvia o furor (Pv 15:1). "As causas do bullying podem residir nos modelos educativos a que são expostas as crianças, na ausência de valores, de limites, de regras de convivência; em receber punição ou castigo através de violência ou intimidação e a aprender a resolver os problemas e as dificuldades com a violência." {http://br.guiainfantil.com/violencia-escolar/46-causas-da-violencia-escolar.html} (acessado em 15/03/2014).
Tomara que os alunos não assistam mais seus superiores se desrespeitando em nome dos modelos educacionais impostos por quem não quer perder o poder a qualquer custo. E o efeito dominó, iniciado por uma pedra defeituosa que derruba até a última pedra, perpetua-se e a culpa é sempre da mão trêmula e inábil que não consegue pô-la em pé. Nessa metáfora, é tão fácil assistir a derrocada, vendo o amontoado de peças que caíram, mas não veem as peças que ficaram em pé antes da quebra da moral. Ainda bem que as fracas caem apenas numa direção: seguindo a tendência da malfeitora. Sentado à mesa, o professor de gramática (o preguiçoso), mal visto pela coordenadora, esforça-se para se concentrar na correção do texto do aluno dedicado de quem os olhares enciumados não sabem a quem condenar  pelas peças que insistem em não ficar na formação.
(Claudeci Ferreira de Andrade, pós-graduado em Língua Portuguesa, licenciado em Letras, bacharel em Teologia, professor de Filosofia, Gramática e Redação em Senador Canedo, funcionário público)

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