sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Projeto Pérola Negra discute bullying e racismo na escola

Nesta sexta-feira (19), a partir das 15h, alunos da Escola Estadual Alberto Torres, em Bebedouro, participam de uma palestra sobre o bullying -expressão em inglês que designa ações de violência física e psicológica contra indivíduos - e o racismo na escola. A palestra será ministrada pela assistente social e especialista em Educação Denise Ferreira e faz parte da programação do "Projeto Pérola Negra Brasileira, História, Importância e Lutas do Povo Negro: Conheça e se Orgulhe".

Segundo o coordenador do projeto, o professor de Matemática Állex Sander Porfírio, a palestra vai abordar a temática da intimidação e agressão de alunos sob uma ótica étnico-racial e também debater a cartilha lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para ajudar pais e educadores a prevenir a prática do bullying na escola.

"Este é o terceiro ano do projeto e decidimos abordar o bullying porque, os estudantes negros, assim como os tímidos e obesos, são frequentemente vítimas destas práticas de agressão", explica Sander.

O projeto - O Projeto Pérola Negra surgiu em 2008, na Escola Alberto Torres, a partir de uma iniciativa do professor Állex Sander. Na ocasião, durante uma aula de Matemática para alunos do 9º ano, o educador utilizou instrumentos da cultura africana para ilustrar sua prática pedagógica, o que gerou resistência entre os alunos.

"Fui surpreendido pela não participação dos jovens, que disseram que aquelas práticas contrariavam seus valores religiosos e culturais. A partir deste episódio, elaboramos o projeto de forma a levar a todo o segmento escolar o conhecimento acerca da relevância histórica do povo negro e proporcionar o desenvolvimento de um trabalho pedagógico de amplitude multidisciplinar", conta o educador.

Tendo como base a Lei Federal 10.639/2003 e a Lei Estadual 6.814/2007, que orientam as escolas a incluir a temática histórico-cultural africana no currículo escolar e contando com o apoio da Secretaria de Estado da Educação e de representantes do movimento negro alagoano, a exemplo da ONG Anajô, o projeto integrou toda a comunidade escolar em atividades de conscientização e propagação da cultura africana. Hoje, 740 alunos dos ensinos Fundamental e Médio participam da ação, um número cinco vezes maior aos 150 estudantes envolvidos na iniciativa em 2008.

Resultados- A escola comemora os bons resultados da iniciativa que, promoveu a redução do preconceito entre os alunos. "A partir desta experiência, eles se conscientizaram da necessidade de se respeitar as diferenças para que todos tenham uma convivência melhor", destaca o coordenador pedagógico da unidade, Raimundo Duaibibe.

Uma das primeiras alunas a participar do projeto, Dayane Pereira, estudante do 3º ano do Ensino Médio, pontua os ensinamentos que adquiriu após a experiência. "Aprendemos que as pessoas devem ser respeitadas pelo o que elas são, independente de qual seja a cor da sua pele", diz a jovem de 17 anos.

Outra consequência positiva do Pérola Negra foi a participação e motivação de alunos até então desinteressados em sala de aula, conforme relata a representante do conselho escolar, Margareth Oliveira. "Em nossas reuniões, muitas mães nos contam que o rendimento escolar de seus filhos melhorou após a participação no Pérola Negra", frisa Margareth, uma as maiores incentivadoras do projeto na escola.

Expansão - O professor Állex Sander informa que a edição 2010 do Pérola Negra será encerrada em dezembro com a realização de uma feira afro multidisciplinar envolvendo alunos e professores da Escola Alberto Torres. "Em sala de aula, cada professor, dentro de sua disciplina, está trabalhando uma temática da cultura africana com as suas turmas e o resultado desta mobilização será presenciado na feira", adianta Sander.

Graças ao seu sucesso na Escola Alberto Torres, o projeto também já é adotado pela Escola Municipal Maria de Araújo Lobo, em Marechal Deodoro, tendo como público alvo alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, professores, secretários escolares, coordenadores pedagógicos, agentes administrativos e merendeiras.

Fonte: JC OnLine

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