domingo, 16 de abril de 2017

Lei contra bullying faz um ano com pouco efeito prático


SÃO PAULO. Daniel (nome fictício), 13, estudava desde o 1º ano do ensino fundamental na mesma escola e tinha muitos amigos. No ano passado, alternou o comportamento. Chegou a dizer para os pais que preferia morrer a ir para a aula. A família procurou a escola, mas não teve apoio. Insatisfeitos com a condução, os pais decidiram mudá-lo de colégio.
Há um ano, uma lei federal determinou que todas as escolas tenham ações contra esse tipo de violência. Mas pais e especialistas seguem relatando que muitas não adotam medidas efetivas de combate. A escola em que Daniel estudava disse não saber que ele sofria bullying. “Era uma turma com 11 alunos, como não sabiam?”, pergunta a mãe, que pediu para não ser identificada.

Para a psicóloga Luciana Zobel Lapa, pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ainda falta formação aos profissionais nas escolas. A violência costuma ser velada – longe do alcance dos professores. “Por isso, é preciso um olhar atento”.
Segundo Luciana, para prevenir é preciso compreender todos os envolvidos. “O autor, que não tem sensibilidade moral e não se incomoda com a dor do outro, e o alvo, que possui imagem rebaixada de si mesmo e se vê como merecedor da agressão. E também os espectadores, que não se posicionam por medo de serem vítimas ou que carecem de sensibilidade moral”.
Ações. Orientadora educacional do ensino fundamental Ana Claudia Esteves Correa, do colégio Stance Dual, em São Paulo, conta que a escola criou grupos antibullying entre os próprios alunos. “Tem dado muito certo, porque chegam mais perto do problema do que um adulto, já que o bullying é muito sutil”. Uma forte formação do professor também é necessária.
Gabriel (nome fictício), 15, começou a sofrer bullying quando alternou de escola, no 8º ano do ensino fundamental. Como não contava o que acontecia, a mãe decidiu transferi-lo para outra unidade. “Mas os meninos das duas unidades se conheciam e criaram um grupo no WhatsApp para xingá-lo”, diz a mãe, que em 2016 foi mais de dez vezes à escola. Segundo ela, a direção não tomou medidas e dizia que era “fase de adolescente”. Segundo Ana Paula Lazzareschi, advogada especialista no tema, as escolas devem ter trabalho de socialização e podem sim, ser responsabilizadas por bullying. “Não adianta fazer um trabalho genérico, dar uma cartilha pronta”

Na ficção. A discussão do tema conquistou força na última semana com a repercussão da série da Netflix “13 Reasons Why”, que trata de bullying e suicídio em uma escola americana.

Fonte: O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário