sábado, 7 de fevereiro de 2015

Dirigente do PS queixa-se de “bullying institucional sobre os partidos”


Por Rita Tavares pelo Ionline de Portugal

Debate sobre financiamento partidário organizado pelo Tribunal Constitucional com vários reparos à acção dos partidos. Luís Sousa falou de "ameaças" e de "bullying institucional" vindo dos partidos, mas teve resposta do PS

No colóquio de comemoração dos 10 anos da Entidade das Contas e dos Financiamentos Políticos, no Tribunal Constitucional, o secretário nacional do PS Luís Patrão, queixou-se da intervenção crítica dos partidos feita pelo presidente da associação cívica “Transparência e Integridade”, Luís Sousa.

O especialista na área do combate à corrupção fez um discurso muito crítico relativamente à actividade de financiamento dos partidos e também à velocidade das alterações à lei que a regula. Luís Sousa, que trabalhou com a Entidade das Contas nos seus primeiros tempos, disse que “tem de acabar a atitude de bullying institucional que se faz, de uma ameaça latente e conversas de bastidores com a entidade de supervisão e sobre quem anda a falar muito sobre estas matérias e a pôr o dedo na ferida”. No auditório estavam alguns militantes partidários e entre eles o secretário nacional Luís Patrão que, no período de perguntas ao painel de convidados, atirou ao presidente da “Transparência e Integridade” para dizer que não se ouve falar de “bullying institucional sobre partidos quando estes são vilipendiados na praça pública ou em colóquios desta natureza”.

Apresentando-se como secretário nacional do PS, Patrão disse mesmo ser “incompreensível que sejam os detractores do sistema a ser chamados informalmente pelas entidades oficiais para ajudar a caracterizar e a criar um sistema de acompanhamentos das entidades de que eles próprios são detractores”. O socialista aceitou que “os partidos podem ser mais atractivos”, mas também disse que “hoje há ganhos pessoais que se fazem por dizer mal dos partidos”.

Imediatamente antes, o histórico socialista Henrique Neto tinha feito uma pergunta a propósito da incapacidade dos partidos em atraírem pessoas e sobre a sua “demissão de pensamento”, numa conferência que está esta sexta-feira a debruçar-se sobre a actividade da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos nos últimos dez anos e que está a ficar marcado por algumas críticas às formas de financiamento dos partidos.

As sucessivas alterações legais foram um dos pontos apontados, com Luís Sousa a dizer que as mudanças “têm celeridade a mais, porque devia fazer com razões fundadas e não para ajustamentos que, sem dúvida, significaram um retrocesso do ponto de vista do controlo”.


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