sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Crianças aprendem sobre bullying

Patrícia Oliveira acha que o cerne da questão é a fraca capacidade de gestão de conflito que os alunos têm

Contribuir para a melhoria do relacionamento interpessoal entre alunos e deste modo combater a possibilidade do bullying, foi o principal objectivo de um curso promovido pelo Gabinae no Colégio Rainha D. Leonor.

A violência escolar, fenómeno ao qual foi atribuído o nome bullying, é uma problemática que tem aumentado as suas manifestações e visibilidade, o que tem motivado uma crescente preocupação por parte de professores, pais, alunos e técnicos.

A responsável pelo curso, Patrícia Oliveira, mestre em Serviço Social com especialização em bullying, explicou que foram dinamizadas diversas estratégias de intervenção adequadas a este fenómeno e desenvolvidas estratégias de sensibilização, de motivação e de informação aos alunos, actuando ao nível da alteração de comportamentos.

Participaram nas aulas 21 alunos entre os 10 e os 14 anos, de várias turmas do colégio. “É fundamental que se englobem alunos de várias idades” para que se consiga intervir de forma mais prática.

Foram abordadas questões como o espírito de equipa, a assertividade, o auto-conceito e a gestão de conflito, através de actividades dinâmicas. “Fazemos simulações em que invertemos os papéis. Os alunos mais velhos, que possam ser o potencial agressor, são colocados no papel da vítima para que percebam o que este sente”, explicou a assistente social, cuja tese de mestrado se intitulou “Bullying – uma nova visão pelo serviço social”.

Através destas dramatizações, as crianças assumem também o papel do professor ou do encarregado de educação, percebendo as várias visões da problemática. “A técnica do teatro-debate é muito utilizada em relação à discussão do bullying”, disse.

O curso, com duração de 30 horas, decorreu às quarta-feiras à tarde, aproveitando o facto de não haver aulas durante esse período, e foi financiado pelo Programa Operacional Potencial Humano.

Patrícia Oliveira mantém um sítio na Internet sobre o bullying: www.intervencao bullying.pt.vu.
A investigadora elogiou o facto do Colégio Rainha D. Leonor ter a sensibilidade de receber um curso sobre bullying para crianças. “Cada vez há mais situações de violência escolar nas nossas escolas, mas muitas vezes tenta-se desvalorizar o tema”, comentou.

Patrícia Oliveira considera que a palavra bullying tem uma conotação muito negativa, mas acha que o cerne da questão é a fraca capacidade de gestão de conflito que os alunos têm entre eles e isso extravasa a escola. “O envolvimento com os pais e com a comunidade é fundamental”, defende.

Pedro Antunes
pantunes@gazetacaldas.com

Fonte: Gazeta das Caldas Portugal

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